Capítulo 26

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Rubi Sentinelli

Eu continuei ali, encarando Hugo, sem desviar o olhar, mesmo com todo o medo e nojo que ele me causava. A respiração dele ficou mais pesada, e a expressão em seu rosto começou a mudar. Aquele sorriso cínico desapareceu, e o olhar dele se estreitou, como se estivesse irritado pela minha resistência.

— Eu disse para se sentar. — Hugo repetiu, dessa vez batendo com força na mesa, fazendo um barulho seco que ecoou pelo escritório.

Eu não movi um músculo. O ar parecia mais pesado, e cada segundo que passava era como um duelo silencioso entre nós. Eu sabia que não podia desafiá-lo abertamente, mas algo dentro de mim se recusava a ceder tão fácil. Gregório invadiu meus pensamentos com todo aquele ar de liderança e proteção que há nele, e isso me deu a coragem de me manter firme.

Hugo se levantou abruptamente da cadeira, caminhando em minha direção. Ele parou à minha frente, tão próximo que eu podia sentir o cheiro ainda mais forte de álcool e cigarro. Ele inclinou a cabeça, como se tentasse me intimidar com sua presença.

— Você se acha esperta, não? Acha que pode me enfrentar? — Ele rosnou, a raiva é evidente em cada palavra.

— Você não me dá medo, você não passa de um pau mandado do cabeça desse tráfico. — As palavras saíram sem que eu pensasse.

Foi um erro. O tapa foi rápido e certeiro, estalando no lado do meu rosto, me jogando para o lado. Senti minha pele queimar onde a mão dele havia me atingido, e minha visão ficou turva por um segundo. Me mantive de pé, embora meus joelhos quisessem ceder. Eu não lhe daria esse gostinho.

— Você vai aprender a me respeitar, garota. — Hugo falou entre os dentes, sua voz saiu cheia de ódio. — Aqui, você não é ninguém. Eu decido o que acontece com você, entendeu?

Eu o encarei com os olhos cheios de lágrimas de raiva e dor, mas ainda assim, sem permitir que ele visse meu medo. Se ele pensa que vai me quebrar com isso, está muito enganado. Olho no fundo dos seus olhos e sorrio de canto.

— Pois eu estou pagando para ver, seu bosta. — Digo sorrindo de lado e ele segura em meu pescoço.

— Gosta de desafios, não é? Hoje a noite, você vai ser leiloada e vai ter que se deitar com o primeiro que der o lance mais alto. — Ele diz sorrindo.

Ele me joga no chão e sai do escritório.

— O que foi que eu fiz? — Me pergunto com a voz baixa, deixando as lágrimas escaparem.

— Gregório, meu amor, me perdoe, eu não vou conseguir cumprir minha promessa. — As lágrimas rolam em meu rosto e me abraço.

*****

Aquela noite parecia ainda mais pesada do que a anterior. Eu sabia o que estava a minha espera e a sensação de desespero rindava todo meu ser enquanto me vestia no sótão. A roupa que Hugo havia mandado me entregar era ridiculamente vulgar, deixando claro o tipo de espetáculo que ele queria.

Vesti um top preto, de couro brilhante, que mal cobria meus seios, com alças finas que deixavam meus ombros completamente expostos. A saia era ainda pior, curta e apertada, também de couro, subindo perigosamente cada vez que eu me movia, revelando mais do que eu jamais quis mostrar para os homens. Meias arrastão completavam o conjunto, e sapatos de salto alto, que faziam meu andar parecer mais lento, quase vacilante. Olhei para o espelho e mal me reconheci. Cada pedaço de dignidade parecia ser arrancada toda vez que eu pensava em me vestir dessa forma, forçada a usar algo assim.

Doce pecado - Os Irmãos Frank 2Onde histórias criam vida. Descubra agora