Capítulo 29

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Gregório Frank

O som do telefone ecoou pela sala silenciosa, mas eu não movi um músculo por um segundo. Estava sentado na minha mesa, encarando a foto de Rubi, perdida em pensamentos. A cada dia que passava, a culpa e a dor cresciam mais e mais dentro de mim. Eu nunca deveria ter deixado ela ir. Eu sabia que algo estava errado com aquela viagem, mas ao mesmo tempo, eu não podia ser o obstáculo entre ela e seus sonhos.

Já faz quase um mês que ela está naquele lugar, eu só não fui atrás dela para acabar com esses malditos, porque estou esperando os superiores da Suíça me dar autorização para agir.

Olhei para o visor do telefone. O nome de Ricardo piscava na tela. Meu coração acelerou. Talvez fosse a notícia que eu estava esperando. Talvez, finalmente, eu fosse ouvir a voz de Rubi.

Atendi o telefone rapidamente, minha respiração pesa.

— Ricardo? — minha voz saiu firme, mas havia uma ansiedade crescente.

Mas a voz que veio do outro lado não foi o que eu esperava. Não era Rubi.

— Eu a perdi. — Ricardo disse, sua voz era grave e carregada de uma frustração amarga.

Aquelas palavras me atingiram como uma onda de gelo, cada uma cravando profundamente na minha mente. Meu coração parou por um segundo, e a única coisa que consegui sentir foi uma raiva sufocante.

— Como assim, Ricardo? O que você quer dizer com "a perdeu"? — Minhas mãos apertaram o telefone com tanta força que meus nós dos dedos ficaram brancos.

Houve uma pausa do outro lado da linha. Eu conseguia ouvir a respiração pesada de Ricardo. Ele estava claramente frustrado e exausto.

— Eu estava com ela, Grego. Estava tudo sob controle, mas... — Ele hesitou, como se estivesse buscando as palavras certas. — Ela entrou em um carro com um desconhecido, um cara que apareceu do nada. Eu tentei segui-los, mas não consegui. Eles sumiram antes que eu pudesse agir.

Minha visão começou a escurecer por um momento, o sangue fervendo nas veias. Eu queria explodir, gritar, quebrar tudo ao meu redor.

— Porra, Ricardo! Você disse que estava lá para protegê-la! — Gritei, meu controle já estava se esvaindo.

— Eu sei, Gregório, eu sei... — Ele soava devastado. — Estou preocupado Grego, esse cara, eu tenho a impressão que já o vi antes.

Silêncio. Tudo ao meu redor parecia desmoronar, o peso da realidade estava me esmagando.

— Eu vou encontrá-la, Grego. Prometo que não vou parar até achá-la.

Mas nesse momento, as promessas de Ricardo pareciam vazias. Tudo o que eu podia pensar era que Rubi estava lá fora, em perigo, com alguém que não é da minha confiança, e eu não estava com ela para protegê-la.

E se esse cara a enganou diz ser quem não é? Minha mulher estava sob a proteção de um amigo e ele falhou miseravelmente, eu não vou perdê-la, eu não posso mais ficar parado, eu preciso da Rubi.

— Eu vou para a Suíça. — Minhas palavras saíram cortantes. Eu sabia que se ficasse mais um segundo longe, sem fazer nada, perderia a cabeça.

Doce pecado - Os Irmãos Frank 2Onde histórias criam vida. Descubra agora