Capítulo 25

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Gregório Frank

Ricardo olhou para mim com firmeza, mas havia uma suavidade em seus olhos que só um irmão de armas poderia ter em um momento como aquele. Ele sabia que eu estava a um passo de perder o controle total. Meu coração martelava dentro do peito e minhas mãos estavam cerradas em punhos, a raiva estava consumindo cada centímetro do meu ser. Mas ele manteve a calma.

— Grego, eu entendo sua dor, cara. Mas a gente precisa ser estratégico agora, mais do que nunca. Se você for para lá nesse estado, vai acabar fazendo alguma besteira que pode colocar ela e todas aquelas mulheres em perigo. — A voz de Ricardo era firme, mas com um tom quase implorando para que eu ouvisse a razão.

— Besteira? Você acha que eu vou ficar parado aqui enquanto a mulher que eu amo está naquele inferno? — Eu me levantei bruscamente, com o corpo pulsando de ódio e desespero.

— Escuta o Ricardo, Gregório. — A voz de John se juntou ao coro, surpreendentemente calma, apesar da situação. — Nós dois queremos a mesma coisa, salvar minha filha, mas ele está certo. Você está emocionalmente envolvido demais. Isso pode comprometer tudo.

Eu encarei John, tentando absorver o que ele estava dizendo. Cada fibra do meu corpo queria correr para aquele maldito lugar e arrancar Rubi de lá, mas a razão sussurrava que eles estavam certos. Eu estava fora de mim.

— Grego, deixa que eu vá. — Ricardo deu um passo à frente, estendendo a mão como se quisesse me acalmar. — Eu vou para a Suíça, me infiltrar, mante-la segura até que você consiga organizar as forças necessárias para uma operação completa. Temos que ser meticulosos, agir com precisão. Um movimento errado e tudo desmorona, você precisa esperar a permissão para agir na Suíça também, você não tem permissão para atuar naquela área.

— Não... — Eu soltei em um suspiro, sentindo uma mistura de frustração e desespero. — Eu preciso estar lá, Ricardo. Não posso deixar ela sozinha.

Ricardo colocou a mão no meu ombro, um gesto de confiança e compreensão.

— Eu sei que você quer estar lá, Grego, mas você precisa ser a cabeça dessa operação. Eu vou garantir que nada aconteça com ela. Te prometo isso. Mas você, aqui, comanda tudo. Se você for, vai se arriscar e a Rubi corre mais perigo. Se algo acontecer com você, quem vai cuidar dela?

Eu fechei os olhos por um segundo, tentando controlar a respiração. Sabia que ele estava certo. Se eu fosse para a Suíça assim, só colocaria Rubi em risco. Mas deixá-la nas mãos de outra pessoa... Era difícil aceitar.

John tocou meu braço, seus olhos estão
sérios, mas com um toque de empatia.

— Gregório, eu confio no Ricardo. Ele é a melhor opção agora. Nós não podemos perder tempo. Deixa ele ir, se infiltrar e nos manter informados. Você precisa liderar essa missão daqui, com clareza.

Havia uma parte de mim que queria gritar, lutar contra aquilo, mas o peso da responsabilidade e do amor por Rubi me forçaram a ver a razão. Se eu a amava tanto quanto sabia que amava, precisava ser o mais forte agora. Pensar com a cabeça, não com o coração.

— Está bem... — Eu soltei um longo suspiro, sentindo um pedaço da raiva desmoronar dentro de mim. — Mas, Ricardo, eu quero relatórios constantes. Qualquer movimento estranho, qualquer sinal de perigo, você me avisa. E se alguma coisa acontecer com ela...

— Nada vai acontecer. — Ele me interrompeu, seu olhar estava fixo ao meu. — Eu vou garantir que a Rubi fique bem.

Eu assenti lentamente, ainda lutando contra o impulso de pegar o primeiro voo para a Suíça, mas sabia que aquela era a melhor opção.

— Vá. Mas não demore. — Falei, apertando a mão dele, ainda sentindo o peso da decisão.

Ricardo fez um sinal afirmativo e começou a se preparar para a missão. Agora, tudo o que eu podia fazer era planejar o resgate com precisão... e confiar.

Rubi Sentinelli

Enquanto eu limpava o quarto, cada movimento doía, como se meu corpo estivesse implorando por descanso. A noite anterior havia sido um verdadeiro pesadelo. A cada dança, a cada olhar nojento que eu recebia, era como se um pedaço da minha alma fosse arrancado. Mas, por algum milagre, ninguém pagou para passar a noite comigo, e isso era tudo pelo que eu podia ser grata. Uma pequena vitória em meio ao caos.

Minha mente não conseguia escapar de um único pensamento, Gregório. Eu ansiava tanto por ele, sentia falta do toque dele, do conforto que seus braços me traziam. Tudo o que eu queria era estar nos braços dele novamente, longe de todo esse inferno. O simples pensamento dele me dava forças para continuar, me lembrava de que eu tinha algo pelo que lutar.

Enquanto esfregava o chão, minha mente se perdia nas lembranças dos nossos momentos juntos. Os beijos, os sorrisos, a maneira como ele me segurava como se eu fosse a coisa mais preciosa do mundo. Fecho os olhos por um segundo e quase posso sentir o perfume dele, aquele cheiro que sempre me fazia sentir segura.

Eu precisava dele. Precisava do amor dele. E sabia que ele faria tudo para me tirar daqui. Isso era o que me mantinha de pé, o que me fazia não perder as esperanças. Mesmo aqui, nesse lugar horrível, meu coração estava com Grego, e nada nem ninguém poderia tirar isso de mim.

Respiro fundo, tentando afastar as lágrimas que insistem em querer cair. Eu preciso ser forte. Por mim. Por ele. E, um dia, eu sei que voltarei para os braços de Gregório, onde pertenço.

Hugo entrou no quarto como uma sombra, sua presença me causou um arrepio na espinha. Ao seu lado estava Rafaela, a única pessoa nesse inferno com quem eu havia conseguido criar algum laço. Ela me lançou um olhar preocupado, mas nada disse. Sabíamos que, quando Hugo aparecia, nada de bom estava para acontecer.

— Rubi — Ele chamou com aquela voz irritante, grossa, que me fez sentir nojo. — Me acompanhe.

Meu estômago se revirou, mas eu sabia que não tinha escolha. Rafaela apertou minha mão por um breve segundo, como se me desse forças, antes de me soltar. Respirei fundo e segui Hugo para fora do quarto, deixando Rafaela para trás.

O caminho até o escritório pareceu uma eternidade. Minhas pernas tremiam, mas eu mantinha a cabeça erguida. Eu não podia deixar esse gordo desgraçado ver o medo que eu sentia. Entramos na sala, e ele se jogou na cadeira atrás da mesa, com aquele sorriso sujo nos lábios, os dentes amarelados aparecendo.

— Sente-se. — Ele disse, gesticulando para uma cadeira à minha frente.

Mas eu não me sentei. Fiquei ali, parada, encarando aquela figura nojenta que ele era. O cheiro de cigarro e álcool emanava dele, quase me fazendo engasgar. Seu olhar me percorreu de cima a baixo, como se eu fosse algum tipo de mercadoria, e eu senti meu corpo se encolher por dentro, mas mantive minha postura firme.

— O que você quer? — Perguntei, minha voz saiu mais forte do que eu esperava.

Ele riu, um som grotesco, como se estivesse se divertindo com minha tentativa de ser corajosa saiu de sua garganta.

— Você é mesmo uma peça rara, Rubi. — Ele disse, inclinando-se um pouco para frente na cadeira. — Mas essa sua atitude vai ter que mudar. Aqui, você faz o que eu mando, entendeu?

Eu não respondi. Apenas o encarei, o nojo cresceu dentro de mim a cada palavra que saía da boca dele. Sabia que não estava ali por um motivo qualquer. Hugo tinha uma razão, e eu só podia imaginar o que viria a seguir.

Doce pecado - Os Irmãos Frank 2Onde histórias criam vida. Descubra agora