Doce pecado - Os Irmãos Frank 2

Capítulo 28

Rubi Sentinelli

Assim que nos acomodamos no quarto, o silêncio parecia dominar o espaço, mas Jasper, percebendo minha tensão, foi o primeiro a falar. Ele se sentou na beirada da cama, calmamente, sem demonstrar pressa ou intenções hostis.

— Você parece nervosa. — Disse ele, sua voz saiu suave, quase reconfortante. — Não precisa ficar com medo de mim, Rubi. Eu só quero conversar.

Sentei-me na cadeira perto da janela, ainda insegura sobre tudo aquilo. Respirei fundo, tentando me acalmar.

— Eu... — Comecei, mas não sabia exatamente o que dizer. Ele me olhou com paciência, aguardando. — Como você sabia que eu não ia querer... fazer nada?

Ele sorriu, um sorriso genuíno e, de alguma forma, sem malícia.

— Eu vejo nos seus olhos que você não pertence a esse lugar. Há algo de diferente em você. Como você foi parar naquela boate?

A pergunta me pegou de surpresa, e por um momento hesitei. Nunca havia contado minha história para alguém que eu acabara de conhecer, mas algo em Jasper me fez sentir que eu podia confiar nele. Talvez fosse a calma em sua voz, ou a gentileza que demonstrou desde o início.

— Eu... fui enganada. — Comecei, e, de repente, as palavras começaram a fluir. — Vim para a Suíça achando que teria a oportunidade de trabalhar em um desfile de moda. Minha chefe me disse que ia me levar para um evento importante, que seria minha grande chance... mas, quando chegamos aqui, tudo mudou. Fomos levadas direto para a boate, e foi só então que descobri o que realmente era o "trabalho". Estavam nos vendendo, Jasper. Me jogaram naquele lugar como se eu fosse uma mercadoria.

Ele ouviu atentamente, seu olhar nunca deixou o meu, como se quisesse entender cada detalhe.

— Isso é terrível. — Ele murmurou, franzindo a testa. — E você não tentou fugir?

Suspirei e balancei a cabeça, sentindo a frustração tomar conta de mim.

— Eu não, eles têm seguranças em todos os lugares. Além disso, Hugo, o gerente, tem homens que vigiam todas as esquinas. Eles me ameaçaram, disseram que, se eu tentasse fugir, fariam coisas terríveis comigo... e com outras meninas também. Eu não podia arriscar.

— Então, você está presa lá. — Ele disse, como se estivesse processando a gravidade da situação.

— Sim, mas estou sempre pensando em uma maneira de sair. Eu só preciso de uma oportunidade... uma pequena chance.

Jasper me olhou por um momento, com seu olhar sério, e então falou.

— Vou te ajudar, Rubi. Não sei como ainda, mas prometo que não vou deixar você ficar presa nesse inferno por muito tempo.

Meus olhos se encheram de lágrimas, mas dessa vez, não de medo, e sim de gratidão. Eu não sabia se podia confiar totalmente em Jasper, mas suas palavras me deram um sopro de esperança em meio à escuridão.

— Eu tenho uma ideia, Rubi. — Disse Jasper, depois de alguns minutos em silêncio, com um brilho de determinação nos olhos. — Quando voltarmos para a boate, eu vou te "comprar". Vou fazer com que Hugo acredite que eu estou interessado em você de verdade. Assim, você ficará comigo, fora daquele lugar horrível, e a partir daí, podemos planejar uma maneira de te tirar dessa situação de vez.