Rubi Sentinelli
Assim que desembarquei na Suíça, o ar frio me envolveu imediatamente, trazendo uma sensação de frescor e novidade. O aeroporto era movimentado, pessoas de todo o mundo cruzando de um lado para o outro, e eu, no meio desse fluxo, estava prestes a viver uma das experiências mais importantes da minha carreira.
Segui junto com as modelos pela fila de desembarque, observando as outras mulheres que pareciam fazer parte do nosso grupo, embora eu não as reconhecesse. Elas estavam sorridentes, conversando entre si sobre as oportunidades de trabalho na Suíça. Algo me incomodava nessa cena, mas afastei os pensamentos rapidamente. Era um grande evento, e é claro que muitas pessoas estariam envolvidas.
Enquanto andávamos, Grace, minha chefe, aproximou-se de mim com aquele sorriso sempre confiante.
— Rubi, os motoristas já estão esperando lá fora. Vamos almoçar em um restaurante antes de irmos para o hotel. Precisamos de energia para o que está por vir. — Grace disse, sem parecer preocupada com nada.
Eu assenti, sentindo o estômago roncar levemente. O voo foi longo, e a ideia de uma boa refeição antes de começarmos os preparativos me pareceu perfeita. Seguimos para o estacionamento do aeroporto, onde vários carros pretos nos aguardavam.
O motorista abriu a porta para mim e entrei no veículo de vidros escuros. O interior era impecável, e o silêncio do carro oferecia uma pausa reconfortante do barulho do aeroporto. Enquanto o motorista manobrava pelas ruas da Suíça, não pude evitar que meus pensamentos voltassem a Gregório, à mensagem dele, à preocupação que ele sempre demonstrava por mim. O desconforto que senti ao observar aquelas mulheres no aeroporto voltou por um breve momento, mas respirei fundo. Tudo daria certo, afinal, esse era o meu sonho.
O carro continuava seu trajeto, e logo estaríamos no restaurante.
Assim que os carros pararam e descemos em frente ao restaurante, algo em mim já começou a se contorcer. O lugar parecia luxuoso por fora, mas havia algo de estranho no ar. Grace nos guiou para dentro, e logo que pisei no salão, senti um arrepio frio percorrer minha pele. Não era um restaurante comum.
À minha frente, duas meninas mal vestidas limpavam o que parecia ser um palco. Meu coração acelerou, uma onda de pânico começou a se formar dentro de mim. O que é isso? Uma boate? O chão parecia sumir debaixo dos meus pés enquanto minha mente tentava processar o que estava acontecendo.
Eu olhei ao redor, e não era a única. As outras modelos, tão confusas quanto eu, começaram a se entreolhar, murmurando perguntas que ninguém parecia saber como responder. Meu instinto gritava que algo estava muito errado. Este não era o tipo de lugar onde deveríamos estar.
Então, um homem apareceu no palco. Ele usava uma jaqueta preta e tinha cabelos grisalhos, a barriga protuberante fazia com que sua presença fosse ainda mais intimidadora. Ele sorriu, mas aquele sorriso não trouxe conforto algum. Seus dentes amarelados brilhavam sob as luzes fracas do local, e meu estômago deu um nó.
Grace, que até agora parecia calma, deu um passo à frente, mas não disse nada. O homem de jaqueta olhou diretamente para nós e, com um sorriso perverso, abriu os braços, como se estivesse nos recebendo.
— Bem-vindas, senhoritas. — Disse ele com uma voz grossa e desprezível.
Minha mente gritava em pânico. O que eu estou fazendo aqui?
— Muito prazer meninas, meu nome é Hugo Beltrão e eu sou o homem que vai tomar conta do trabalho de vocês. — Seus olhos percorreram por todas nós, mas se fixaram em Grace.
Ele sorriu, um sorriso que não era nada além de desprezível, e então falou com ela de uma forma que me deixou ainda mais inquieta.
— Grace, você fez um bom trabalho dessa vez. — Disse Hugo, sua voz saiu como um eco sinistro pelo salão. — As mulheres que trouxe são as mais perfeitas até agora.
Meu coração começou a bater forte, a sensação de perigo iminente crescia a cada segundo. O que ele queria dizer com isso? Eu olhei para Grace, esperando que ela dissesse algo, fizesse algo, mas ela apenas manteve aquele olhar neutro e frio. Como se tudo aquilo fosse normal.
Minha mente começou a correr. Eu preciso sair daqui. Agora. Instintivamente, tentei pegar meu telefone dentro da bolsa, mas antes que meus dedos pudessem alcançar, um homem apareceu ao meu lado com uma velocidade assustadora e arrancou a bolsa das minhas mãos.
— O que você está fazendo? — Perguntei, minha voz saiu trêmula de medo, mas ele nem sequer me olhou, apenas segurou minha bolsa com firmeza, como se tivesse todo o controle.
Meu coração quase saiu pela boca. Um terror puro tomou conta de mim. As outras meninas começaram a perceber que algo estava errado também, algumas recuaram, outras olhavam nervosamente para Hugo e seus homens. Estávamos presas.
Eu senti minha respiração ficar pesada, os olhos fixos em Hugo, que agora ria enquanto descia do palco. A sensação de que tínhamos caído em uma armadilha ficou insuportável.
Minha mente girava em desespero. Cada segundo parecia se arrastar enquanto tentava processar o que estava acontecendo ao meu redor. Respirei fundo, reuni toda a coragem que pude e caminhei até Grace, enquanto o pavor apertava meu peito.
— Grace... o que está acontecendo? — Minha voz saiu tremida, quase um sussurro, mas carregada de desespero.
Grace virou para mim com um sorriso frio, impassível, e sem dizer nada, começou a subir no palco. Assim que chegou ao centro, virou-se para nós, as modelos, e todas as outras mulheres que haviam embarcado no mesmo voo.
Ela abriu os braços como se estivesse apresentando um espetáculo.
— Minhas queridas, bem-vindas! — Começou Grace, seu sorriso agora estava completamente distorcido em algo sombrio. — Vocês estão aqui para um novo tipo de trabalho, um trabalho bem mais... lucrativo. Vocês serão as estrelas deste lugar.
Ela pausou por um segundo, deixando as palavras se instalarem na nossa mente. Eu senti meu corpo começar a tremer, tentando absorver o que ela estava dizendo, mas eu me recusava a acreditar.
— Vocês estão na boate para trabalharem como mulheres da vida, ou seja, a nova carreira de vocês será de prostitutas. — A revelação veio com tanta naturalidade que meu estômago revirou. Grace sorriu de forma quase vitoriosa, como se estivesse orgulhosa do que acabara de dizer.
O chão parecia desaparecer sob meus pés. Olhei ao redor, os rostos das outras garotas estavam cheios de horror, descrença e medo. Meus batimentos cardíacos aceleraram e o pânico começou a tomar conta de mim. Eu precisava sair dali, de alguma forma. Mas como?
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Doce pecado - Os Irmãos Frank 2
RomanceRubi Sentinelli é uma mulher jovem de apenas vinte e dois anos. Ela nasceu em uma família poderosa. Uma família de advogados e juízes renomados. Seu maior desejo, é se tornar a melhor estilista de toda a Califórnia. Porém, sua vida pode virar do ave...