Capítulo 02.

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Um mês antes do dia da mudança, todos foram até a casa. Carlos montou as camas, e mesa e o hack, para tv, que antes Ana usava em seu quarto.

Quando ele estava com Elisa e Laura comprando os materiais para as peças da cama, ele brincou que poderia ser de solteiro, e as duas olharam para ele como quem diz "nada disso".

E ali estavam eles, terminando de montar a cama de Ana. Ele olhou e balançou a cabeça em negativa, depois foram para o quarto de Samantha e montaram a outra. Haviam trazido as peças num caminhão baú de um vizinho, que fez o carreto. Trouxeram também o fogão.

Quando terminou de montar a de Samy, ele novamente balançou a cabeça, dizendo "Pra quê de casal? " e novamente ouviu que ele tivesse confiança, elas eram responsáveis e adultas e que esse momento com rapazes iria chegar, querendo ele ou não. Palavras de Laura.

Ele confirmou com a cabeça, disse que estava bem, só precisava "tomar um ar".

Quando elas procuraram por ele, "o coitado" estava sentado com cara de quem perdeu um pedaço da alma, numa mesa da sorveteria numa rua próxima. A atendente, ao servir o delas, brincou que ele comentou sozinho algumas vezes "elas são meninas... são só meninas..." e que estava no terceiro sorvete.

Ana e Samantha deram risada, não da cara dele, mas do jeito que foi contado. As quatro sentaram-se com ele, e ouviram: "Eu sei que vocês vão namorar logo, logo. Mas escolham alguem que com certeza apresentariam. Certo? E digo isso as duas, viu. "

Elas prometeram que sim. Apesar de nesse momento, Samy ter pensado – "Comigo não precisa se preocupar, ninguem se interessaria por mim. Ainda que eu queira que aconteça."

Um domingo depois, voltaram para comprar a geladeira e o armário para cozinha, que não deu tempo de ser feito por ele. Carlos montou prateleiras para os livros delas.

Fizeram a mudança numa quarta-feira, dia 05 de janeiro de 2011.

Laura arrumou a cama das duas, Elisa colocou as flores que comprou antes de saírem. Durante o almoço – que eles compraram numa churrascaria próxima - Carlos deu palpite de que dormissem com elas aquela primeira noite, mas Laura e Elisa falaram que as meninas precisavam sentir que já estavam numa nova vida desde o primeiro dia.

Antes das 17h as meninas estavam agradecendo, e com lágrimas nos olhos, se despedindo. Elisa antes de entrar no carro do amigo, pegou uma sacola na mão dele – que pegou do porta malas - depois voltou a elas e disse — Brindem hoje, e no primeiro almoço de domingo, abram esse vinho. Vocês merecem. Pena não ser algo caro, mas a intenção serve.

As duas lhe deram beijos no rosto, assim como já tinham dado em Laura e Carlos, emocionados no outro carro.

Como pedido por elas, eles avisaram quando chegaram em casa.

À noite, elas pediram pizza, colocaram o cd do Coldplay para tocar no radinho portátil, e abriram a cidra que Elisa deu. Brindaram na taça que compraram um mês antes, na intenção de comemorarem mas esqueceram da bebida, e ali estavam com as taças cheias, dizendo que poderia sim acontecer mais além do que esperavam.

***

Na segunda semana de junho, dona Ilma avisou as duas que teria uma seleção para as vagas de auxiliar administrativo e de serviços gerais, num escritório de advocacia. Uma conhecida da senhora tinha um filho que trabalhava lá e informou a pedido dela.

Samy agradeceu e se preparou para ir no dia seguinte. Ana não iria, pois estava gripada, com dor no corpo. Já tinha sido atendida, era virose. Então Samantha pediu a dona Ilma "ficasse de olho nela".

Precisava tentar, tinha ajuda das famílias, mas elas queriam ter emprego e diminuir os gastos que eles tinham com elas, mesmo com maior carinho que tinham. Saiu cedo, torcendo que não chovesse, mas levou o guarda-chuva por precaução. Aquela semana estava um tempo confuso.

A recepcionista levou todos eles a uma sala, disse que logo o senhor Cesar Medeiros, o filho dele Tyler Medeiros, e duas pessoas do Rh, estariam com eles.

Passou-se quase uma hora e meia, e então uma outra funcionária entrou na sala, pedindo desculpas, informando que não haveria mais o processo seletivo, ao menos naquele dia, "por um imprevisto infeliz de força maior". Um rapaz entregou uma garrafinha de água mineral e um envelope a cada um. Continha valor do transporte correspondente ida e volta, e um outro valor para lanche. Também um bilhete agradecendo a compreensão.

Ao entrar no elevador, ela e mais duas moças que estavam na sala de seleção, escutaram a conversa de funcionários atrás delas. Comentaram que o sócio e grande amigo do senhor César, havia falecido num acidente de carro.



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08/10/2024

Atualizações Feita Para Mim.Where stories live. Discover now