Capítulo 04.

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09 de fevereiro de 2013.

Ana abriu o portão e abraçou a mãe, depois o pai, que lhe diziam feliz aniversário. Depois Elisa a abraçou, e quando Samy foi abraçar os dois para que depois pudesse abraçar com mais calma a avó, escutaram a voz de Rafael, dizendo que também queria abraço delas.

A aniversariante vibrou mais ainda - não que a visita da familia já não fosse motivo, pois sempre era alegria vê-los – o amigo estava há três anos no Rio de Janeiro. O abraçou, e os olhos encheram de lágrimas pela saudade. Depois que se afastou, deu "um tapinha leve", reclamando que ele deveria ter avisado que viria, e ele retrucou — Se é surpresa, não se avisa antes, boba.

Depois ele abraçou Samantha, e ela lhe deu um beijo no rosto. Ele pensou – " Que cara de sorte quem namorar essa menina. Se Ana deixasse, tinha dado uns beijos nela. Como é linda..."- Quando a conheceu comentou que tinha se interessado, mas Ana disse a ele que apesar de ama-lo, sabia que a distância não ajudaria, e ela precisava de alguém que estivesse perto. Fora que, caso não desse mais, ela ficaria no meio de dois amigos que se tornariam estranhos entre si. Ele entendeu e disse que a veria como amiga, pois de fato, não queria namorar sério na ocasião, e ela pelo jeito merecia mesmo alguem para ter perto.

Foram a pizzaria a noite, depois a sorveteria. Se divertiram relembrando alguns casos, e Samantha que nem tinha vivido amizade como a deles, ou nenhuma, sorriu contente pela amiga ter vivido algumas coisas.

No dia seguinte, Rafael chamou Ana para irem à praia. Os pais dela e Elisa disseram que não iriam, que fariam o almoço, e Samy achou melhor que os amigos fossem sem ela, para conversarem mais à vontade. Ana respondeu que queria que ela fosse, pois ela também era importante.

Samy explicou que entendia, e sabia que Rafael gostava dela, assim como ela dele. Mas que, ele poderia ter assuntos que queria falar somente com Ana. Que apesar delas serem irmãs, mas eles precisavam de tempo assim.

Os dois entenderam a intenção, e quando saíram, o amigo comentou — Ana você tem mesmo uma grande amiga, viu. De verdade fico feliz que tenha uma pessoa tão bacana com você. Entendo o motivo de a proteger e ela de cuidar tanto... vocês são irmãs que a familia não deu, mas a vida uniu. – Disse e viu a expressão da amiga, de quem concordava com ele.

***

Ana e Dandara não conseguiram a vaga na recepção da faculdade. Porém logo após o aniversário de Ana, trabalharam por alguns meses na recepção de um hotel que ficava proximo ao campus.

Nesse tempo, as duas ficaram mais próximas do que somente na sala.

A pedido de Samantha, relaxou um pouco mais, porém ainda não lhe contava nada muito íntimo. Aprendeu várias frases dos idiomas que Dandara sabia, pois, as vezes tinham turistas do exterior. Escutava sobre o relacionamento da colega com um espanhol que havia conhecido no carnaval, e que estava indo muito bem, com planos de casar. Ana achava precipitado, mas não se metia. Sabia também que ela era muito esperta, então claro que estava atenta mesmo empolgada. Até que se pegava gostando do entusiasmo dela de viver tudo o que tinha chance. Samantha falava assim, apesar de não ter muita coragem se tratando de paquerar, ainda que pensando e querendo, era tímida, mas dizia sim, que elas viveriam muita coisa.

Quando saiu do trabalho no hotel, Ana e Samy viajaram para a cidade onde moravam. Na mesma semana seria aniversário de Carlos e de dona Elisa. Aproveitaram também para rever os dois amigos na livraria sebo e levar chocolates para eles.

***

Naquele ano, Samy so trabalhou fazendo faxinas com a filha de dona Ilma, ou fazendo reforço escolar a filhos dos vizinhos, incluindo a neta da senhora.

Porém, já estava terminando o período escolar, ou seja, o reforço também.

As vezes ela se pegava pensando, sentada na janela, se as palavras da mãe pesaram sobre ela. Afinal, Ana sem um emprego formal de longo tempo, mas era estudante e ela nem isso.

"Por favor..." – Olhando os céus. – " Não deixa que ela esteja certa..." – Sussurrava como uma oração.

Perguntava quando sua vez de "brilhar" chegaria. Pois a prima já estava se dando bem, e em países da Europa, dessa vez em Portugal, pelo que parecia. Não queria que ela estivesse mal, pelo contrário, achava que por ter perdido os pais tão cedo, merecia que a vida lhe sorrisse.

Mas que não esquecesse de sorrir para ela também. Não queria acreditar que realmente estava pagando por algo, por isso não conseguia ir muito a frente.

"Deus é mais... Não pensa isso não, meu bem. Elas ainda vão saber que você está muito bem sim. E quer saber, Alice vai ter a familia dela, poder viver isso, ela também precisa. Ela era legal com os amigos dela, com outras pessoas, so não era comigo. Mas torço que ela seja feliz. Eu e Ana também merecemos, felicidades, amor..."

*

Ana sabia quando a amiga tinha tentado, ou conseguido falar com a mãe, ou visto algo sobre elas, pois ficava por alguns momentos distante, pensativa... sabia que ela fazia na esperança de que por um milagre, teria ao menos uma voz carinhosa, mas era sempre um tom seco, o que nunca era usado com Alice.

Como amiga, queria muito que ela não fizesse mais isso. Porém entendia que se tratava da mãe dela. Seria complicado, ainda levaria tempo, mas com certeza algum dia ela acordaria e seguiria. Samantha era mais forte do que pensava, só não tinha noção.

Então, quando notava tristeza no semblante dela, mesmo Samantha tentando disfarçar, colocava The Black eyed peas para tocar, para dançarem na sala. Era o que Samy fazia com ela quando a via chegar da faculdade dizendo que queria desistir, as vezes até chorando. Cada vez escutavam artistas diferentes: Skank, Maroon 5, Katy Perry, entre outros.

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Atualizações Feita Para Mim.Where stories live. Discover now