🍁CAPÍTULO 08🍁

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A noite havia caído sobre o orfanato, e, como de costume, os funcionários faziam a contagem dos meninos antes de apagar as luzes dos dormitórios. Mas naquela noite, o nome de Louis ecoou pelos corredores em um silêncio tenso. Ele estava ausente. Os cuidadores se entreolharam, alguns com a testa franzida de preocupação, e logo começaram uma busca mais extensa pelos ambientes do orfanato.

No dormitório dos alfas, um dos gêmeos, o de cabelos castanhos, sentiu o coração acelerar. Ele não sabia ao certo o porquê, mas a ausência do pequeno garoto de olhos azuis o inquietava de um jeito que não conseguia explicar. Olhou para o irmão, que também notara o sumiço de Louis, mas mantinha um semblante fechado, quase impassível. Porém, o irmão de cabelos castanhos sabia — ambos estavam preocupados, por mais que tentassem esconder isso.

Enquanto os funcionários percorriam os corredores escuros, os jardins e as áreas menos frequentadas, Louis permanecia na estufa, encolhido entre as plantas que, horas antes, haviam sido sua única companhia e consolo. Estava exausto, com dores espalhadas pelo corpo e um peso insuportável no peito. As palavras cruéis e os golpes de Marcus ainda reverberavam em sua mente, cada insulto ressoando como uma ferida aberta, aumentando sua sensação de fragilidade.

Finalmente, uma das cuidadoras o encontrou, rastejando com dificuldade pelo chão frio da estufa. Sua aparência alarmou a mulher, que prontamente pediu ajuda para levá-lo à enfermaria. Quando o ergueram, o rosto de Louis estava pálido, os olhos perdidos e a pele repleta de marcas e hematomas. Ele mal tinha forças para levantar a cabeça, mas sentiu uma sensação de alívio por ter sido encontrado.

Ao ser colocado em uma maca e levado para o hospital, Louis adormeceu, embalado pelo movimento da ambulância e pelo som das vozes que murmuravam ao seu redor. Ele não sabia, mas aquela noite agitada e repleta de preocupações não afetava apenas os funcionários do orfanato. Nos dormitórios, em meio ao silêncio e à penumbra, um dos gêmeos não conseguia dormir. Seus pensamentos o levavam constantemente à imagem de Louis, frágil e vulnerável, que tantas vezes ele havia observado de longe. Seu coração batia rápido, inquieto, enquanto ele tentava ignorar a realidade: ele se importava com aquele menino de um jeito que nunca havia sentido antes.

— Por que ele não volta? — murmurou, frustrado, enquanto olhava pela janela do dormitório.

Ao seu lado, o irmão, o gêmeo de cabelos negros, observava-o em silêncio. Apesar de não demonstrar da mesma forma, ele também sentia uma preocupação incômoda que o mantinha acordado. Ambos sabiam, naquele silêncio compartilhado, que o pequeno garoto de olhos azuis havia se tornado uma presença que os afetava mais profundamente do que gostariam de admitir.

Naquela noite, o orfanato parecia mais frio e vazio.

Louis chegou ao hospital silencioso, suas pálpebras pesadas e o corpo exausto marcado por feridas visíveis e outras, mais profundas, que ninguém ali poderia ver. Ele foi levado rapidamente para a ala de emergência, onde uma equipe de enfermeiros e médicos aguardava para iniciar os cuidados. Entre eles, estava a doutora Meredith, que assumira o plantão há pouco tempo naquela noite.

Meredith era uma ômega de aparência impecável: loira, com cabelos presos em um coque preciso, olhos castanhos que normalmente mantinham uma expressão de controle absoluto. Era conhecida por sua postura séria e pela maneira objetiva com que encarava seu trabalho, mas ao ver o estado em que Louis havia chegado, algo mudou. Sua frieza profissional quase se quebrou ao encontrar os olhos do garoto, mesmo que apenas por um breve segundo. Ele estava frágil, vulnerável, como uma pequena chama ameaçada de se apagar.

A primeira coisa que fez foi afastar os enfermeiros e se ajoelhar ao lado da maca para que pudesse falar diretamente com ele. Com uma voz suave, mas firme, ela lhe perguntou:

DOIS ALFAS UMA BARRIGA DE ALUGUEL [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora