🍁CAPÍTULO 73🍁

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🍁Louis

O choro estrondoso explodiu no silêncio da noite, rasgando o véu da tranquilidade. Acordei com o coração martelando no peito, o som da babá eletrônica ao lado da cama vibrando como um grito que cortava a alma. Ao meu lado, Harry e Edward dormiam profundamente, os rostos cansados e serenos, ainda presos nos sonhos de um dia exaustivo.

Minha mente hesitava, mas meu corpo já se movia por instinto. Levantei-me com passos apressados, o chão frio contra os pés descalços enviando arrepios por todo o meu corpo. A casa estava mergulhada em uma escuridão que a chuva lá fora parecia intensificar. O som da água batendo contra as janelas era ritmado, como uma batida constante de dedos invisíveis.

Quando entrei no quarto dos bebês, o coração desacelerou um pouco. Eles estavam ali, pequenos e perfeitos, respirando calmamente no berço. O choro havia cessado. O ar estava fresco, quase doce, com o cheiro suave do sabão que usávamos nas roupinhas deles. Inclinei-me, ajustando as cobertas e ninando-os com um movimento suave.

Sentei-me na cadeira de balanço ao lado, o corpo relaxando pela primeira vez desde que acordara. O som da chuva era quase hipnótico, um sussurro que embalava os pensamentos para longe. Fechei os olhos por um momento, mas algo no ar mudou.

Um som — baixo, irregular — quebrou o silêncio.

Abri os olhos.

A porta do quarto balançava levemente, batendo contra a parede a cada rajada de vento. Levantei-me devagar, os músculos tensos com uma sensação súbita de inquietação. Fui até a cozinha, seguindo o caminho com passos cuidadosos, cada sombra parecendo se alongar e se mover nas bordas da minha visão.

Quando cheguei à janela, senti o ar frio invadindo o ambiente. Estava entreaberta. Segurei a aba para fechá-la, mas antes de puxar, meus olhos captaram meu reflexo no vidro. Atrás de mim, uma sombra escura, imóvel, ocupava um canto mal iluminado da sala.

Meu coração parou.

Girei o corpo com um puxão, os olhos arregalados, mas não havia nada ali. O ar parecia mais denso, carregado de uma presença invisível que apertava meu peito. Coloquei a mão no coração, tentando acalmar as batidas frenéticas.

Então, o toque suave.

Três batidas lentas na porta da sala.

O som reverberou como um eco oco, cada golpe perfurando a realidade ao meu redor. Com o ar preso nos pulmões, movi-me para a porta, o corpo tenso com medo. No chão, sob a fresta da porta, algo foi empurrado. Um bilhete.

Peguei-o com mãos trêmulas.

"Te achei, meu ursinho."

O sangue gelou nas minhas veias. Meu corpo ficou pesado, como se algo invisível o estivesse prendendo ao chão. Dei um passo para trás, o bilhete escorregando dos meus dedos.

O som seco da porta do quarto dos bebês se fechando me fez virar de súbito. O grito ficou preso na garganta, o pânico uma corrente elétrica que me impulsionava para frente. Corri.

A maçaneta estava fria e rígida sob minha mão quando bati freneticamente.

— Bebês! — gritei, a voz carregada de desespero. — Abram! Abram!

A porta se abriu lentamente, rangendo como um lamento.

Entrei no quarto.

O berço estava vazio.

O coração parou de bater.

— Não... não... — Meus joelhos falharam, o chão parecia desmoronar sob meus pés.

DOIS ALFAS UMA BARRIGA DE ALUGUEL [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora