Passava das três da manhã quando estacionei o carro na garagem do prédio. O silêncio da madrugada era quase sufocante, cada passo meu ecoava no saguão vazio. Cumprimentei o porteiro e o vigilante com um aceno discreto antes de entrar no elevador, sentindo o cansaço pesar nos ombros. A investigação, as descobertas, o horror daquela noite — tudo estava impregnado em mim como uma mancha que eu não conseguia tirar.
Ao chegar ao andar, abri a porta do apartamento com cuidado, tentando não fazer barulho. O ambiente estava silencioso, escuro, quase acolhedor em comparação ao que eu havia visto nas últimas horas. Tirei os sapatos na entrada, deixando-os cuidadosamente alinhados ao lado da porta, e segui direto para a cozinha em busca de algo que aliviasse a secura na minha garganta.
Quando abri a geladeira para pegar uma garrafa de água, meus olhos foram imediatamente atraídos por um pedaço de papel em cima da mesa. A luz fraca do corredor iluminava apenas o suficiente para que eu enxergasse as palavras escritas à mão:
"Edward, deixei janta pra você. Esquente no micro-ondas. Cuide-se. Louis."
Fiquei parado ali por longos segundos, segurando o papel. Era algo tão simples, quase trivial. Uma nota rápida deixada por Louis para que eu não passasse fome. Mas naquele momento, parecia que algo dentro de mim havia desmoronado.
Aquela mensagem não era apenas um lembrete. Era cuidado. Era amor. Era uma demonstração de que, mesmo em meio ao caos que minha vida era, alguém ainda pensava em mim de uma maneira tão genuína que fazia meu coração apertar.
Senti meus olhos marejarem. Passei a mão pelo rosto, tentando afastar o cansaço e as emoções conflitantes, mas não consegui. As lembranças do dia — as jaulas, os brinquedos esquecidos, as marcas de mãos — tudo isso havia me tornado uma bomba de sentimentos prestes a explodir.
Sentei-me na cadeira mais próxima e encarei o pedaço de papel como se ele fosse a coisa mais preciosa do mundo.
Por que aquilo mexia tanto comigo? Era apenas uma nota. Mas talvez fosse exatamente isso. A simplicidade. O fato de que Louis, mesmo exausto, mesmo carregando dois filhos e lidando com sua própria tempestade emocional, ainda encontrava tempo e energia para se preocupar comigo.
Fechei os olhos por um momento, lembrando de todos os momentos em que eu havia falhado com ele. A manipulação. As mentiras. O controle. E, ainda assim, ali estava ele, cuidando de mim de uma maneira que eu não merecia.
— Droga, Louis... — murmurei para mim mesmo, a voz embargada.
Levantei-me, fui até o micro-ondas, segui as instruções e aqueci o prato. Quando me sentei para comer, cada garfada parecia mais pesada do que a última, como se aquele gesto de carinho estivesse desarmando todas as barreiras que eu havia construído ao longo dos anos.
Depois de terminar a janta, lavei o prato e o deixei no escorredor, tentando fazer o mínimo de barulho possível. Antes de sair da cozinha, peguei o bilhete novamente e o dobrei com cuidado, guardando-o no bolso da calça.
Caminhei pelo apartamento silencioso, parando na porta do quarto de Harry, onde ele e Louis provavelmente estavam dormindo. Não quis abrir a porta, não quis perturbar aquele momento de paz.
Fui para o meu quarto, mas sabia que o sono não viria. Deitei na cama, encarando o teto, enquanto meus pensamentos se agitavam. Não conseguia parar de pensar em Louis. No jeito como ele, sem esforço algum, conseguia me mostrar o que era amar de verdade.
Talvez fosse isso que eu temia. Não o amor em si, mas o fato de que ele era genuíno demais, puro demais. Algo que eu nunca tinha certeza se seria capaz de retribuir na mesma medida.

VOCÊ ESTÁ LENDO
DOIS ALFAS UMA BARRIGA DE ALUGUEL [CONCLUÍDO]
FanficLouis Tomlinson busca recomeçar a sua vida e decide ser barriga de aluguel. Harry um policial e Edward um bombeiro buscam um filho, e se? Uma fic Larry Original