23| "I didn't mean it!"

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[HARRY]

Belle sentou-se no sofá, imitando-me. Nunca tive que fazer chantagem com uma mulher antes, mas em certo termo, até sabia bem.

- O que queres? – Ela fala, sem me encarar.

- Dar-te outra vida. – Digo, fazendo-a olhar-me nos olhos.

- C-como assim?

- Eu vou oferecer-te um trabalho na empresa, dar-te uma nova oportunidade. – Ela folga. – Sim. Podes ganhar mais, melhor e... Não tens que mostrar o corpo.

- Eu... Será que posso pensar?

- Pensar? – Levantei-me e ela imitou-me. – Pensar em quê, Belle? Nos homens que já te tocaram? – Dei um longo passo na sua direção. – Na quantidade de vezes que a tua noite não te deu rendimento nenhum? – Dei outro passo. – Nas vezes que tiveste que te agarrar àquela merda daquele varão? – A minha cara estava a meros centímetros da sua, fazendo as nossas respirações misturarem-se. – Não queres poder ter dinheiro? Não queres ter um trabalho onde não tens que tirar a roupa, onde tens que te vender?

- Eu... Eu quero. – Expirou.

- Ótimo. Porque assim, posso ver-te todos os dias. – A minha mão direita cobre a sua bochecha.

- Mas... - Ela afasta-se de repente, deixando a minha mão suspensa. - ... Tu magoaste-me. – Fungou. – E... Se querias ter alguém com quem falar ou alguém que te apoiasse, ter-me-ias atendido o telemóvel.

- Belle, eu sei que errei, mas por favor...

- Tu dizes sempre que erraste, Harry, mas sei que vais voltar a fazer a mesma coisa. Eu li o que andaste a fazer nos últimos seis anos e o teu passado com mulheres é abundante. E... Eu sou só mais uma. Por isso, se ainda tens respeito por mim, sai. Contactar-te-ei para falarmos melhor disto. – Pisca os olhos várias vezes. – Sai. – Manda, abrindo a porta, novamente.

Caminho até à porta e olho uma última vez para ela antes de sair. Caminho para o carro e abro-o, conduzindo até casa. Quando chego, ainda me sinto mais porco, pela porcaria espalhada pela casa. Rapidamente tiro o meu telemóvel do bolso e mando mensagem para uma das empregadas que normalmente me limpa a casa. Sei que são duas e um quarto da manhã e também sei que não vou conseguir dormir nada esta noite.

*

Rodo várias vezes o meu telemóvel na minha mão. Quero tanto ligar-lhe, quero encontrar-me com ela, quero beijá-la, abraçá-la e dizer-lhe que estou arrependido.

Honestamente, não me sinto tão arrependido como devia de estar, mas ainda assim, estou arrependido. Estou sentado no sofá da sala há horas a pensar. Era suposto ter ido às compras com Belle. Era suposto estarmos em Nova Iorque agora, a assistir ao desfile que ela tanto gostava. Bufo e levanto-me, puxando os cabelos para trás em frustração.

Agarro nas chaves do carro, na carteira e saio de casa, entrando no meu Audi, ligando-o e arrancando em direção ao apartamento de Belle. Quando chego, rapidamente estaciono o carro e, para minha sorte, uma senhora, com dois filhos, presumo vem a sair e ao ver que estou para entrar, segura-me a porta.

Subo as escadas, saltando de duas em duas. Quando chego à sua porta toco à campainha, mas ninguém abre. Volto a tocar, mas Belle não abre a porta, nem há sons que provém de lá de dentro. Encosto a testa à porta e suspiro.

- Porque é que foste tão estúpido? – Murmurei.

- Porque foi escolha, não opção. – A voz de Belle soa. Levanto a cabeça e olho-a. Reparo nas suas pernas nuas e um penso no seu tornozelo.

- Belle, eu... - Respiro. – Magoaste-te?

- Não. Fui fazer a tatuagem. – Responde. Chego-me para o lado, quando ela mete a chave na porta, abrindo-a. Ela entra dentro de casa, deixando-me à porta. – Podes entrar, isto claro, se a consciência não te pesar. – Pisco os olhos e entro, fechando a porta atrás de mim.

- Falei com o meu pai... - Começo, captando a sua atenção. – Ele diz que podes começar já na segunda-feira, se quiseres.

- Sabes, Harry, a tua proposta é tentadora. A sério que é! Deixar a vida de dançarina e ir trabalhar para a Styles Inc. Todos gostavam de ter um lugar lá, não é? Mas eu não, porque cheguei à conclusão que, não importa mais. Não importa se declaras ao mundo quem sou, não importa que eles saibam que sou dançarina e que mostro o meu corpo por dinheiro. Toda a gente tem direito a ter uma profissão e esta é a minha.

- Eu... Uh... Belle, eu não quis chantagear-te.

- Sim? Pois olha que foi exatamente o que pareceu. Harry, eu gosto de ti, ok? Não é muito difícil de perceber que gosto de ti. E... E o facto de saber que estiveste com outras mulheres magoa-me, porque realmente pensava que tínhamos futuro.

- Eu sei e estou tão arrependido. Belle, todo este stresse tem sido imenso. É saturante.

- Sabes que mais? Devias de ir para casa, descansar, talvez tomar um chá, comer umas bolachinhas... Não sei, talvez ver um pouco de televisão-

- Eu ainda quero cumprir com a minha promessa. – Falo, chegando-me mais próximo dela. Os seus olhos captam os meus. – Eu ainda te quero levar a Nova Iorque, para veres os desfiles. Podemos não ter feito compras, mas lá fazemos, é igual! Deixa-me... Deixa-me recompensar-te pelo que fiz.

- Não quero esse tipo de recompensa. Quero afeto, quero que demonstres que realmente te importas e que estás disposto a recomeçar.

- Eu quero! Deixa-me levar-te a Nova Iorque. Vamos afastar-nos destes ares por um fim-de-semana. Eu sou só teu e tu és só minha. – Digo, pousando a minha mão na sua bochecha e aproximando-me dela, até as nossas respirações estarem misturadas.

- Só durante um fim-de-semana?

- O tempo que quiseres. – Expiro. – Belle, eu queria atender as tuas chamas, eu queria ter estado contigo. Por favor... Perdoa-me. – Beijo-lhe a testa. O meu braço enrola-se à volta dos seus ombros e puxo-a para mim, descansando o meu queixo no topo da sua cabeça. Suspiro e fecho os olhos, inalando o doce perfume do seu cabelo, que cheira a canela e maçã. Os seus braços enrolam-se à minha volta e fecho os olhos com a sensação de nostalgia que me envolve. E, sem dar por isso, dou comigo mesmo a desejar que este momento fosse para sempre. – Podemos parar o tempo? – Sussurro-lhe.

- Infelizmente não. – Responde-me, apertando-me mais contra ela e escondendo a face na minha t-shirt cinzenta.

- Belle, tens que te despachar. – Solto-me dela. – Eu vou fazer umas chamadas e vamos para Nova Iorque.

- Tens a certeza?

- Absoluta, Belle. – As minhas mãos moldam a sua cara e trago os seus lábios aos meus. Suspiro na sua boca. Não sei se são saudades, arrependimento, culpa, ou... Paixão. Os meus polegares fazendo pequenas caricias nas suas bochechas e lentamente me desfaço do beijo. – Vai. – Sussurro e beijo-a uma última vez, antes de a ver caminhar para o quarto.

Rapidamente pego no meu iPhone e ligo a Ernest, que logo se encontra disponível para nos levar novamente a NYC. O meu coração parece que está a saltar em cima de um trampolim. Pouco tempo depois, Belle aparece vestida diferentemente e com uma pequena mala atrás de si. Depois de apagar as luzes e fechar a porta à chave, agarro na mala de Belle e descemos as escadas apressadamente. Meto a mala no cofre do carro e ambos entramos. Ligo o carro e acelero. É precisamente meio dia e meio e ambos acordamos que passar no McDonalds' e levar comida é o melhor.

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Second Chance // h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora