49| "Following your advice"

1.2K 73 3
                                    


[EMMA]

A chamada acaba, assim que a mulher vem dizer que o número para o qual tentei ligar, não estava disponível. Engulo em seco e clico novamente no número, tentando que a pessoa me atenda, pela terceira vez.

Quando ouço sons do outro lado, o meu coração pára. Ouço carros, pessoas a falarem, o som do vento...

- Gabriel Conte. - O rapaz atende do outro lado e rapidamente dou vida à minha voz.

- Gabriel Conte. - Repeti.

- Sim, sou eu. Quem fala?

- Emma. Emma Eyre. - Respondo. Do outro lado ouço uma respiração pesada e os sons param, como se ele tivesse tirado o som do ambiente à sua volta.

- Emma. - A sua voz falha. De repente, ouço a porta de frente a abrir e a fechar.

- Estou em casa! - Harry anuncia. Fecho a porta do quarto e volto a sentar-me na cama.

- Emma, eu estive à tua procura.

- A Grace disse-me que precisava de falar comigo, devido a assuntos familiares.

- Sim, isso mesmo. Eu sabia que se deixasse lá o meu número que, mais cedo, ou mais tarde, irias ligar. Uh... Este assunto é para ser tratado pessoalmente. Quando nos podemos encontrar?

- Desculpe, Gabriel. Eu... Eu estou fora, por mais uma semana. E... Não lhe pareça mal, mas eu não o conheço e não vou aparecer assim, sem mais, nem menos.

- Eu sei que tens namorado, podes trazê-lo.

- Quem é você? - Perguntei.

- Descobrirás, assim que me vires. Quando nos podemos encontrar?

- Será possível ser... Deste sábado a uma semana?

- Claro. Estarei por LA, nessa altura. Liga-me, sim?

- Claro, claro.

- Adeus, Emma. - Diz e desliga. A porta do quarto abre-se e Harry entra, com um grande sorriso na cara.

- Olá, coração. - Vem direito a mim, mas apenas me levanto, desviando-me dele. - O que se passa?

- Eu... Acabou de me acontecer a coisa mais estranha de sempre. - Confessei, olhando o verde dos olhos do meu namorado.

- O que foi? - Junta as sobrancelhas.

- Eu acho que... Eu não sei, eu acho que estive ao telemóvel com o meu irmão gémeo.

- Irmão gémeo? - Harry repete, como se não acreditasse.

- Eu sei, certo? É-é impossível! O-os meus pais só me tiveram a mim! E-eu fui, fui a única! É impossível ter um irmão gémeo, não é? Ele nem tem Eyre no nome! Harry, Harry... - Respiro.

- Ok, ok... - Harry agarra-me nos pulsos, puxando-me para ele. - Tem calma, Em. Conta-me tudo o que se passou.

- Eu... - Respiro fundo e olho para o chão, começando a ficar com os olhos embaciados, devido às lágrimas que resolveram aparecer. - Estava na sala e o telefone tocou e eu vim atender. A Grace disse-me que tinha estado um rapaz, chamado Gabriel Conte à minha procura na empresa e que queria falar comigo por assuntos familiares. Pediu-lhe o meu número, mas ela não o deu, então ele deixou o número dele, para ela mo dar. Ao início, eu pensei que fosse a gozar, mas eu acabei de falar com ele, Harry. - Olhei-o nos olhos. - E acabei de marcar um encontro com ele para deste sábado a uma semana! Eu não sei, acho que estou a sonhar, diz-me que estou a sonhar.

- Mas... Eu pensava que não tinhas irmãos! - Harry murmura.

- Eu também pensava o mesmo, Harry, mas estou a ficar maluca com esta conversa. Eu tenho que voltar para Los Angeles. Eu tenho que o ver, falar come ele.

- Não, não! - Harry disse. - Não vais voltar para LA com essa carga de nervos. Eu não te vou deixar. Quando fores, vais comigo, porque eu vou contigo a esse encontro.

- Quem é ele, Harry? E se... Porquê agora? agora?

- Tem calma, ok, Emma?

- Sim, sim. - Funguei, sentindo as lágrimas a começarem a correr pelas minhas bochechas.

- Oh Emma... - Harry puxa-me para um abraço. Eu não sei quanto tempo ficámos assim. Eu só sei que foi bom e que descarreguei todas as minhas lágrimas na sua camisa branca.

UMA SEMNA DEPOIS...

Aterrar em LAX não foi simplesmente como eu pensei. As coisas pareciam fora do lugar. Eu parecia fora do lugar. Toda aquela azáfama para voltar a LA foi de longa dura, até desaparecer a partir do momento em que pus pé no avião para voltar.

Harry acabou por não ir ao estúpido evento da mãe da ex namorada. Todo o caminho foi feito em silêncio e esse silêncio foi mantido, quando entrámos no carro de Harry e ele conduziu até a minha casa.

Despedi-me dele com um beijo lento e subi para o meu velho apartamento. Respirando e mandando a mala para cima da cama, deslisei o fecho, fazendo o grande amontoado de roupa quase saltar do seu aperto.

Abrindo o meu armário, retirei os cabides cheios de roupa para cima da cama e comecei a estudar, peça a peça, o que iria ou não usar no futuro, começando a meter certas camisolas, calças, saias, para o lado.

A minha cabeça era um furacão, uma tempestade de emoções por decifrar e enigmas por descobrir. Decidi então, pegar no meu telemóvel e ligar à minha melhor amiga, que não havia posto os olhos em cima há cerca de duas semanas. Acho que toda esta azáfama da relação com o Harry me tem comido o tempo sem eu dar conta disso.

Blair aparece vinte minutos depois, pegando Sidney ao colo e sentando-se na minha cama, enquanto eu explicava tudo. Tudo o que me acontecera.

Expliquei-lhe que tinha medo de voltar a ligar a Gabriel, expliquei-lhe que quero mudar de casa, que quero descobrir mais. Não mais, de querer conhecer o mundo, mas sim, sobre o Harry. Acabei por admitir que nestes últimos tempos, Harry tem sido um grande apoio, mas também um grande mistério.

- Porque é que não falas com ele? - Blair perguntou, acarinhando Sidney na cabeça.

- Quanto mais falo, mas perguntas tenho para lhe fazer. - Expliquei, fechando o último saco cheio de roupa que vai para quem mais precisa.

- Então porque é que não falas com alguém que te pareça que está mais ou menos perto dele e sabe algo, ou... Oh! Não sei. Porque é que não falas com o pai dele?

- Ele e o pai não têm uma relação muito boa, Blair.

- Então que solução tens tu? Emma, já te viste ao espelho? Estás com uma pressão enorme sobre ti. Tu podes ter um irmão gémeo a andar por aí! O Harry pode estar a esconder alguma coisa e... Não sei. - Expira. - Eu sou a tua melhor amiga a custa-me ver-te assim!

- Acho que tens razão. - Murmurei. - Eu vou tomar um duche e meter-me apresentável.

- O que vais fazer? - Blair olha-me de olhos abertos.

- O que já devia de ter feito há algum tempo. Vou seguir os teus concelhos e vou falar com o senhor Des Styles.


Second Chance // h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora