12| "I know what it feels like."

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[EMMA]

O Starbucks estava pilhado de gente. Até admira, porque é segunda-feira. Harry senta-se à minha frente, com dois cappuccinos. O seu sorriso está mais que aberto para mim, mas estou a morrer de nervos. Vê-lo à minha espera, à entrada da faculdade, foi uma espécie de facada de nervos, porque se ele sabe que estudo ali, está a mais de metade do caminho para descobrir quem realmente sou e o meu passado.

- Belle? Estás bem? – Harry pergunta, rodando o seu copo na mesa. Suspiro e olho para o meu copo.

- Sim. – Respondo e levo o copo aos lábios, bebendo o líquido quente.

- Não, não estás. – Diz-me. Encolho os ombros, fazendo-o suspirar. A sua mão faz contacto com o meu queixo, puxando-o para cima, para olhar para si. – Conta-me o que se passa.

- Apenas não gosto que me faças estas surpresas. Tu és um cliente, não o meu namorado. – Respondo, retirando o meu queixo da sua mão e olhando pela janela. Ouço-o a suspirar, mas nem desvio o olhar das pessoas que passam de um lado para o outro.

- Posso, ao menos, ser sincero contigo? – Pergunta-me. Olho para ele, como que lhe dando permissão para continuar a falar, enquanto levo o copo aos meus lábios e bebo o café, deixando o copo meio cheio. – Não gosto da ideia de te ver no palco principal. – Murmurou lentamente, fazendo-me juntar as sobrancelhas em interrogação. – Dá-me a sensação de que todos têm o mesmo espetáculo que eu e isso irrita-me.

- Sabes porque é que te irrita? Porque pensas que estás a pagar para nada. – Atirei.

- Estás com um humor de cão, hoje, que vou-te contar. – Diz-me, levando o copo aos lábios, dando vários goles, acabando com o café. Reviro os olhos e suspiro.

- Já te disse porque é que estou assim, Harry. As coisas entre nós não passam de uma relação de interesses. Tu gostas de me ver dançar e eu gosto do que me pagas.

- Tu não queres realmente dizer isso, estás apenas irritada porque te fui buscar à faculdade, mas Belle-

- Desculpa. – Interrompo-o, levantando-me da sua frente. – Eu tenho que trabalhar. Se quiseres, aparece logo à noite. – E sai. Ele não me seguiu, para minha felicidade, mas estou com uma pilha de nervos, que sou capaz de desmaiar aqui no meio da rua. Tiro o meu telemóvel da mala, tarefa difícil, visto que ainda tenho o copo de café na mão e ligo a Blair.

- Sou eu. – Responde do outro lado.

- Estou numa pilha de nervos. – Confesso, apertando o copo na minha mão.

- É. – Ela ri-se. – Eu reparei. Mas estás bem?

- Acreditas que ele teve a lata de me dizer que não me queria no palco principal? O palco principal é o que me dá mais dinheiro!

- Tem calma, Emma, vai tudo correr bem. Respira fundo e acalma-te, porque vais conseguir, sim? Estás onde? Queres que te vá buscar?

- Não, obrigado. De onde estou, consigo estar em casa em quinze minutos.

- Ok. Se precisares de algo, manda mensagem ou telefona, já sabes que podes contar sempre comigo.

- Obrigado, Blair.

*

Esta noite surpreendeu-me pela negativa. Não estava muita gente no clube, o que implicou que a minha dança não desse muito lucro como eu pensava que ia dar. Quando desci do palco e as cortinas se fecharam, Niall estava encostado à mesa onde jazia a minha garrafa de água que eu agarrei e esvaziei só de uma vez.

- Não deu quase nada. – Murmurei para Niall.

- Belle... - Ele suspirou e andou até mim, cruzando os braços ao peito. – Eu preciso de falar a sério contigo, sobre estas danças.

- Já sei o que vais dizer. – Falei, olhando-o. Os seus olhos azuis mostravam arrependimento e medo.

- Belle, é para o teu bem! Não podes continuar a fazer isto, se não te dá o que realmente queres! Porque é que não ficas só pelas-

- Niall. – Parei-o. – Eu vou fazer isto, nem que eu tenha que morrer a tentar! Isto dá-me mais alguns trocos ao final da semana! Ainda não percebeste? Eu vivo com dificuldades! Aliás, eu nem vivo, eu tento sobreviver! Niall, eu... - Suspirei, puxando o cabelo para trás. – Tu não... Tu estás... Foi o Harry que te mandou dizer isso, não foi?

- Não, não foi! – Ele parece zangado. – Falamos disto depois. Vai para o teu espaço, porque tens uma pessoa que quer falar contigo lá. – Bufei e andei em passos largos até ao meu camarim. Abro a porta e fecho-a com força. Olho para o sofá, vendo Harry lá sentado.

- O que é que estás aqui a fazer? Não vou fazer-te nenhuma dança. – Digo e entro para a pequena sala, vestindo uma t-shirt e as minhas leggins.

- Para com isso, ok? – A voz de Harry surge atrás de mim. – Só quero falar contigo, por causa de Nova Iorque. – Suspiro e viro-me para ele.

- Desculpa. Eu... estou um bocado enervada. A dança de hoje não valeu nada.

- Eu ouvi-te a discutir com o Niall. – Ele murmura, fazendo-me olhar para cima, para o encontrar a olhar para mim intensamente. – O que se passa? – Virei a cara. – Sabes que podes confiar em mim.

- Não é fácil, Harry. Principalmente quando és rico.

- A minha riqueza não impede de me preocupar contigo.

- Desculpa. – Sussurro. Os seus braços envolvem-me, puxando-me para si. – Desculpa por ter sido bruta contigo. O que querias falar?

- Sobre a nossa viagem no sábado. – Ele sorri-me. Rapidamente o meu humor ilumina-se. Quase me tinha esquecido que vou passar este fim-de-semana em Nova Iorque. – A que horas queres ir?

- Saio do clube às onze.

- Podemos embarcar à uma da manhã? – Levanta-me uma sobrancelha.

- Uma da manhã?

- Tenho o jato privado da empresa. Não temos horários e chegamos lá mais depressa. – Sorri-me. Respiro fundo e devolvo-lhe o sorriso.

- Tudo bem. Há uma da manhã, então.

- Amanhã à tarde estás disponível?

- Não, não me podes ir buscar à faculdade, novamente. – Respondo imediatamente, levantando as sobrancelhas.

- Não é isso. – Ele ri-se. – Mensalmente, a empresa dá uma quantia de dinheiro para a instituição onde estão as crianças órfãs, por isso, todos os meses, temos que ir lá fazer uma visita, para entregar o cheque. Este ano, para variar, o meu pai pediu-me para ser eu a fazer a entrega. Queres ir comigo? – Pergunta-me, apanhando-me completamente desprevenida. Fico uns segundos a pensar na sua proposta. Saio da faculdade por volta das duas, por isso.

- A que horas é a visita?

- Às cinco e acaba por volta das oito. Podes ir? – Os seus olham-me com um brilho que nunca vi.

- Claro. Eu quero ir visitar essas crianças. – Respondi. Todas aquelas crianças não têm pai, nem mãe, que lhes dê mimos, carinho, uma educação. Eu sei o que é ficar sem pais, só eu sei o que sofri.

- E... posso levar-te a jantar? – Sorri-me, fazendo-me revirar os olhos.

- Não abuses.

- Oh, vá lá, aposto que estás esfomeada e cansada de trabalhar. – Pisca-me o olho. Suspiro alto, inclinando a cabeça para trás.

- Já alguma vez te disseram que eras um chato?

- Já. – Sorri-me de lado.

- Então pronto. Styles, és um chato! – Brinco, vestindo-me e metendo a mochila às costas.

- Isso é um sim?

- É um vamos embora. – Bufei, enquanto ele se ria. – E não tem piada!

Second Chance // h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora