32| "And that's why this family gets me sick!"

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[HARRY]

O meu coração cai-me aos pés, quando ela diz a pequena palavra, com três letras. Mas esperava que ela me dissesse exatamente o oposto. Fecho a caixa e levanto-me, vendo toda a minha família a olhar-me de boca e olhos abertos. Respiro fundo, pela boca e baixo o olhar para os meus sapatos. Sinto-me capaz de arrastar esta gaja à minha frente para o lago no jardim e deixá-la sujar o vestido e os preciosos sapatos e estragar o cabelo e a maquilhagem.

- E-Emma... - Sussurro. Não sei o que sentir. Raiva? Medo? Vergonha? – Emma, eu acabei de te pedir em casamento.

- Podemos falar noutro sítio? – Pergunta baixinho. Suspiro e abandono a sala, abrindo a porta da rua e saindo até ao jardim. Ouço os tacões de Emma atrás de mim e ouço-a a encostar a porta da minha casa.

- O que é que te passou pela cabeça? – Foi a primeira coisa que perguntei, quando me virei para ela.

- O que é que me passou pela cabeça? Isso te pergunto eu a ti, Harry! Por favor, nós conhecemo-nos há um mês e namoramos há uma semana! Só conheci os teus pais hoje, juntamente com a tua família e a primeira coisa que fazes é pedires-me em casamento? Tu nem me amas!

- Oh, por favor, nem me venhas com essa conversa do amor! – Atiro e um relâmpago vê-se no céu, seguido pelo trovão e depois começa a chuviscar.

- Porquê? Vais casar com alguém que mal conheces? E nem me fales sobre o tempo que precisamos de conhecer a pessoa, Harry! Hoje encontrei uma rapariga da faculdade que trabalha na empresa. Eu odeio-a, percebes? Odeio-a! E sabes o que é que ela me disse? Que te conhece do quarto do hotel onde costumavas estar. O que é que realmente queres de mim? Harry, eu não tenho dinheiro, não tenho família-

- Espera! – Levanto a mão. – Tu acabaste de dizer que não tinhas família? E os teus pais?

- Eu não tenho pais! – Ela chora. – Os meus pais morreram quando tinha 15 anos! Eu não tenho nada, percebes? E desculpa! Desculpa se te menti, mas quando te conheci não estava propriamente na minha melhor posição e sinto-me culpada por te ter omitido isto por um mês, mas nem todos têm a vida perfeita que tens! E magoa, percebes? Porque tens uma família e eu não. Tens raparigas que davam a vida só por um minuto contigo e eu sou aquela que não pediu nada disto e no entanto olha onde estou!

- E... - Suspirei, puxando o meu cabelo, já molhado, para trás. – E porque é que não me disseste nada disso? Porque... Porque é que mantiveste isso tudo aí dentro?

- Porque eu sempre pensei que fosse uma relação de interesses, Harry! Eu nunca pensei vir a gostar de ti da maneira que gosto! Eu... Eu gosto de ti, Harry, mas nunca pensei que o sentimento fosse mutuo! Quer dizer... Olha para ti e olha para mim!

- Isto é surreal. – Murmurei, apertando a cana do nariz. – Isto não me está a acontecer! Eu não estou a ouvir isto! – A minha voz aumenta. – Eu... É isso que pensaste durante este tempo todo? Depois de tudo o que passámos? Desde as idas a Nova Iorque, às dormidas em tua casa, ao passarmos serões em minha casa, as noites de sexo... Durante este tempo todo e depois de tudo o que fiz por ti, é esta a conclusão que tiras? Meu Deus, Emma! Eu até aceitei pousar nu contigo para uma revista!

- Eu sei, eu sei. – Ela aproxima-se. A chuva intensifica-se, mas isso parece não afetar a nossa discussão. Aposto que o meu pai está a adorar isto. – E eu peço imensa desculpa por só me expressar agora, mas aconteceu tudo tão rápido, tão... Intenso.

- Oh meu Deus! – Expirei.

- Eu acho que é melhor ir-me embora. – Ela diz. – Desculpa se arruinei tudo, Harry, mas eu não me sinto preparada para isto. Desculpa. – Fala e entra dentro de casa novamente. Olho para o céu, deixando as gotas de água acertarem-me na cara, refrescando-me. Ouço os seus tacões a baterem no chão e olho para a frente. A sua maquilhagem está arruinada, o seu vestido está encharcado, o seu cabelo está frisado e ela está com frio.

- Eu levo-te. – Ofereço, mas ela abana a cabeça.

- Desculpa, Harry. Eu vou de táxi. – Diz e passa por mim, andando em direção à rua. Suspiro e entro dentro de casa novamente. A minha mãe olha-me com um sorriso de lado.

- O que foi? – Cuspo.

- Nada, nada. – Diz-me. – Ele está à tua espera no escritório. – Reviro os olhos e subo as escadas sem dizer mais nada a ninguém. Entro no escritório dele, fechando a porta.

- Eu sempre pensei que ela ia aceitar, agora. – Ele ri-se.

- Olha, se queres gozar comigo, estás à vontade, pai. Eu não dou uma merda para o que pensas. Eu vou casar com ela, ela vai aceitar, mas vai ter que ser nos meus termos.

- Harry, eu-

- Ouve. – Avanço na direção dele. – Eu não sou tão incompetente como pensas que sou. Até agora, o nosso plano tem ido bastante bem. Eu já estou a namorar com ela. E não é com a pressão que as coisas são melhores. Queres que eu case com ela e assuma a empresa? Tudo bem, mas desta vez, as coisas vão ser como eu quero. E não és tu, nem ninguém que vai comandar a nossa relação!

- Awn! O meu pequeno Harry está apaixonado. Que querido, Harry, a sério. Mas esqueces-te de uma coisa: que eu saiba, ainda mando. Por tanto, sim. Ainda vais ter que casar. Mas as regras deste jogo acabaram de mudar, Harry. Se não te portares bem, a tua futura mulher não vai ser a Emma.

- Como assim?

- Talvez vá, ou não, quem sabe, encarregar a tua mãe de escolher uma miúda para ti.

- Não! – Quase grito. – Por favor.

- A decisão está nas tuas mãos. Tens até ao final do ano, Harry.

- Mas... Faltam 3 meses!

- Não é suficiente? – Ele levanta as sobrancelhas.

- Não sei. – Exaspero. – Sinceramente não sei. Ela agora está chateada comigo e não sei como vai ser. E também ainda não percebi porque é que não passas já a empresa para o meu nome. Tenho sido um bom profissional.

- Ainda não me mostraste provas suficientes, Harry.

- Mas ainda não percebeste? A Emma não quer casar. Ela nem sequer tem um pai para a levar ao altar.

- Isso não é um problema. Sabes perfeitamente que podemos pagar as viagens. Dinheiro não-

- Não estás a perceber, pois não? Os pais dela morreram. Ela não tem pais! – Quase gritei, fazendo o meu pai arregalar os olhos. – Sim, eu sei. Estou tão espantado como tu! Agora, para de querer controlar tudo e deixa-me fazer as coisas à minha maneira, porque tu só serves para controlar o dinheiro! – Atirei e sai do escritório, descendo as escadas. Toda a gente conversava na entrada e a chuva podia ser ouvida do lado de fora da porta.

- Harry-

- Para, mãe. – Interrompi-a. – Tu também tiveste culpa. Eu sei que não gostas da Emma, mas podias ser simpática e disfarçar, por uma vez na vida. É tudo o que te peço.

- E o quê? Deixar-te casar com uma rameira que se mostrava em troco de dinheiro?

- Mãe! – Gemma repreende, folgando.

- Não interessa a minha felicidade. – Murmurei. – Interessam as aparências e o que as pessoas dizem de nós. – Vou até à porta e abro-a. – É por isso que esta família me mete nojo. – Digo e fecho a porta, andando até ao carro. Ligo-o e acelero, deixando a casa dos meus pais para trás. Só quero chegar a casa, tomar banho e deitar-me. Já nem consigo pensar em mais nada.

ZDKs*_$

Second Chance // h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora