[HARRY]
Os meus olhos abrem-se para ver Emma deitada ao meu lado, virada para mim, a dormir. A sua barriga ligeiramente crescida espreita por baixo da sua camisola de dormir. Ontem, quando chegámos, ela pediu-me para ficar, porque tinha medo de ficar sozinha.
Amanhã é o desfile da minha mãe e tenho a certeza que as coisas não vão correr bem, quando contarmos que vamos ser pais. A minha mãe vai ter um ataque de coração e o meu pai vai esmurrar-me por ainda não ter nada planeado. Era suposto já estarmos casados, mas Emma acha tudo muito acelerado e eu prefiro levar as coisas com calma, pois ela está grávida e não quero atrapalhá-la.
Suspiro e levanto-me, indo até à cozinha e enchendo um copo de água, bebendo. Ouço as unhas de Sidney a fazerem barulho contra o soalho do apartamento dela e pouco depois a pequena criatura aparece na cozinha e senta-se à minha frente, de orelha espetada. Porque é que tenho a impressão que o cão me está a julgar?
- O que é? – Sussurro. O cão geme ligeiramente, batendo com as patas no chão. Ele está a gozar comigo? – O que foi? Foi um descuido! – Ele inclina a cabeça ligeiramente para o lado. – Está descansado, ela vai gostar de ti, à mesma. – Reviro os olhos e as orelhas dele mexem-se. Eu não acredito que estou a falar com um cão. – Oh, vá lá! Só podes estar a gozar comigo. – Resmungo, quando Sidney caminha até mim e se levanta, apoiando as patas na minha perna. Baixo-me e agarro-o, bebendo o resto da água e pousando o copo no lava-loiça. Volto para o quarto e encosto-me à ombreira da porta, a dar festinhas ao cão, enquanto observo a mulher que amo a dormir. – Ela é linda, Sidney. – Murmuro para o cão, que já está a dormir. – E nós amamo-la. Eu amo-a. – Admito-lhe, mesmo sabendo que ele não me ouve, nem me entende. – Se não acordas, atiro-te pela janela abaixo, Sidney. – Ameaço-o e logo os seus olhos se abrem e ele boceja. – Estás a ver? Lá no fundo até me adoras. – Riu-me e volto para a sala. – Vai fazer chichi, porque não estou para acordar daqui a meia hora para te levar lá abaixo para fazeres as necessidades. – Aviso-o.
- A falar com o cão? – Salto de susto, quando a voz de Emma rompe pela sala. Viro-me e vejo-a encostada à porta a olhar para mim, de sorriso posto.
- Estava a avisá-lo que era melhor ele ir fazer chichi agora, na caixinha dele. – Digo-lhe e ela senta-se ao meu lado no sofá. Sidney sai do meu colo, saltando para o chão e caminhando até ao corredor. Suponho que vá fazer as suas necessidades. O meu braço direito passa por cima dos ombros de Emma e puxo-a para mim, beijando-lhe a testa.
- Não me está a apetecer ir ao desfile. – Emma choraminga e riu-me.
- Sabes que temos que ir. – Digo-lhe, passando a minha mão esquerda pela sua bochecha. – E se fossemos hoje às compras?
- Não preciso. Já tenho tudo. – Ela resmunga.
- Só achei que quisesses comprar algo que disfarçasse a tua barriga, sei que agora tens dificuldade em adaptares-te à tua nova forma. – Riu-me levemente e a sua mão direita pousa na minha barriga. O seu corpo encolhe-se ao lado do meu.
- Eu não estou gorda, pois não? Quer dizer... Eu sei que vou ficar gorda, mas... Tu ainda vais continuar aqui, não vais?
- Claro que vou! – Suspiro. – Como achas que os meus pais vão reagir?
- Mal. – Ela responde. – Muito mal. A tua mãe vai passar-se completamente e o teu pai vai destituir-te. – Ri-se.
- Quando falaste em aborto fiquei completamente maluco, Em. Não ia matar o nosso filho, nunca pensaria tal coisa. Nunca. Eu amo-te. – Meto a minha mão na sua barriga, sentindo o pequeno altinho. – Eu amo-vos.
*
- Pronta, amor? – Olho para a minha namorada, que está a fechar a mala.
- Porquê? Isto é tortura! Devia de ser proibido! Devo de ter aumentado uns três quilos e vou ter que andar em saltos, de vestido, quando a minha única vontade é andar de cuecas e t-shirt. – Ela resmunga, fazendo-me rir.
- Tem calma, sim? – Os meus dedos agarram no seu queixo, inclinando a sua cabeça para trás e beijo-lhe os lábios suavemente. – Eu estou lá.
- Eu sei! Mas... Põe-te no meu lugar, Harry! Saltos altos? Isto é quase impossível!
- Emma, quando chegarmos ao avião, podes mudar. Mas agora, tens que ir assim.
- É só para as fotografias, Harry! – Ralha, pegando na mala e metendo-a no chão, puxando o pegador para cima. – Odeio aqueles fotógrafos! São horríveis!
- Oh, então haja alguma coisa na qual estamos de acordo. – Falo ironicamente, revirando os olhos. Saímos do seu apartamento e carrego a mala dela para o cofre do carro. Antes dela entrar, beijo-a delicadamente, agarrando na sua cintura e puxo-a para mim. – Não te preocupes, linda. A tua forma física não me interessa. Interessa a tua saúde e a saúde do nosso bebé. Eu amo-te, sim?
- Sim. – Murmurou, olhando para a minha mão, pousada na sua barriga. Com um último beijo, entrámos para dentro do carro, que conduzi até ao aeroporto e quando chegámos, claro, já lá estavam os fotógrafos, entrevistadores...
- Harry, Harry! É verdade que estão noivos?
- Styles, confirmam os rumores da separação e da reconciliação?
- Harry, é verdade que existe um suposto esquema para a subida ao poder, na Styles Inc.?
- O casal confirma a gravidez de Emma?
- Emma, é verdade que foi prostituta? – E esta última pergunta acabou com tudo. Parei, quando Emma largou a minha mão, virando-se para os jornalistas, que rapidamente se silenciaram.
- Quem eu fui, está no passado, não pertence ao presente e nem quero ouvir falar disso no futuro. Nada é igual e eu estou bastante bem com o Harry, obrigado por perguntarem. Serão esclarecidos depois do desfile. E se quiserem saber alguma coisa, porque é que não perguntam às pessoas que vos têm enchido o rabo com mentiras? – E com isto, ela continua a andar, como se nada se tivesse passado, deixando-me ali de boca aberta, juntamente com os jornalistas.
Um segurança empurra-me e sou obrigado a voltar a andar, deixando o mundo onde a minha namorada é uma leoa que acabou de me defender, de defender a nossa família, em público.
Quando chegamos ao jato, Emma não perde tempo e anda até ao quarto com a sua mala, saindo algum tempo depois, já de roupa mudada.
- Mr. Styles, podemos levantar voo? – A rapariga que está a substituir a outra que foi de férias, pergunta-me. Dou-lhe um sorriso e abano a cabeça, confirmando. – Apertem os cintos, por favor. Com licença. – Avisou e retirou-se. Olhei para Emma, que dava festas à barriga.
- Que se passa? – Perguntei e estiquei a minha mão, agarrando a sua e apertando-a ligeiramente.
- Nada. É só que... Andei este tempo todo a pensar que estava gorda e afinal estava grávida. – Ela olha para mim. Um brilho especial no seu olhar. – Quatro meses, Harry. Foram quatro meses. Há quanto tempo é que nos conhecemos?
- Há uns... Cinco meses. Não sei... Mas isso não importa, pois agora temos algo que nos vai ligar para sempre. – Sorri-lhe.
- Achas que vai ser menino ou menina?
- Hm... Talvez menina. Não sei, Emma. É... Inesperado, surpresa...
- Já passámos tantas coisas, que é difícil de resumir tudo em apenas duas horas e meia de viagem de avião. – Ela ri-se, fechando os olhos e entrelaçando os seus dedos nos meus.
- Eu só quero que sejamos felizes. Eu, tu e a nossa pequena surpresa de amor. – Suspiro.
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Second Chance // h.s
FanficDe dia, sou conhecida como Emma. De noite, o meu nome é Belle.