Epílogo I

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Como eu já tinha referido, o epílogo vai-se dividir em três partes. Esta é a primeira. 

Enjoy ;)

Isabel'


5 meses depois...

[Emma]

São cinco da manhã, quando a minha bexiga aperta, dando-me indicação que tinha que me levantar e despejá-la. Estava a pensar que podia passar a noite sem ir à casa de banho, mas afinal estava errada. Metendo os meus pés no chão, fiz o mínimo barulho possível para não acordar Harry, que dormia profundamente ao meu lado.

Caminhando pelo quarto, entro na nossa casa de banho privada e acendo a luz, deparando-me com a minha aparência. A minha pele havia secado, a minha barriga estava maior que nunca e os meus pés inchados. Sentando-me na sanita e fazendo as minhas necessidades, limpo-me e volto para o quarto. Harry mexeu-se, metendo um braço no meu lugar. Suspiro e pego no seu braço, movendo-o para cima da sua barriga e sento-me na cama.

Uma sensação húmida espalha-se à minha volta e arregalo os olhos, vendo que as águas haviam rebentado. E, sem mais nada, entrei em pânico, começando a ter dores horríveis.

- Harry! Harry! – Chamei, mas ele dorme que nem uma pedra. – HARRY! – E foi desta que gritei, fazendo-o sentar-se na cama. A sua respiração acelerada, o seu cabelo despenteado e os seus olhos carregados de sono.

- O... - Ele suspira, puxando os cabelos para trás. – O que se passa?

- As águas rebentaram.

- As águas... - Descarrilou e olhou para mim. – Oh Deus! – Levantou-se. – Ok, ok. Mantém a calma. Vai... Vai tomar banho, que eu vou vestir-me e vamos já para o hospital, sim?

- Sim, sim. – Bufei com dores. – Preciso da tua ajuda!

- Eu ajudo-te, amor. – Depois de ele me ajudar e ir para a casa de banho, dar-me banho, secar-me e vestir-me, agarramos na mala e no ovo (sim, já estava tudo preparado, o bebé podia nascer a qualquer hora), andando até ao carro. – Vai sujar-me os estofes!

- HARRY, EU TOU CHEIA DE DORES, ARRANCA A MERDA DO CARRO! – Gritei, fazendo-o arregalar os olhos. O nosso bebé ia nascer hoje e ele estava preocupado com os estofes do carro e eu a morrer de dores? Que lata!

Por isso, no caminho para o hospital, Harry decidiu telefonar à rececionista que era amiga dele e dizer-lhe que queria tudo pronto para quando chegássemos, ser só meter-me numa maca e levar-me para o gabinete dos partos. Chegámos ao hospital cerca de quinze minutos depois. Eu chorava com dores e o Harry chorava, porque eu chorava com dores.

- Não me deixes. – Pedi-lhe, enquanto ele segurava na minha mão, seguindo a maca na qual eu estava deitada e a ser empurrada por enfermeiras.

- Nunca. – Harry fungou. – Posso assistir?

- Claro, mas tem que ter a roupa adequada. – Uma das enfermeiras disse. Deitei a cabeça para trás e respirei fundo. Podia sentir o suor a correr pelo meu corpo e isso dava-me enjoos.

*

- Ok, Emma, vamos pedir-lhe que se sente, agarre neste ferro e faça força. – O médico pediu. Engoli em seco, enquanto um enfermeiro metia a cabeça da maca para cima. À minha frente estava um ferro preso de cada lado da maca e ao meu lado esquerdo estava Harry. Senti qualquer coisa a introduzir-se dentro de mim e saltei em surpresa. – Relaxe... - Voltou a pedir, enquanto me olhava para as partes baixas. Trinquei o lábio e olhei para Harry. Os seus olhos estavam mais claros que nunca, a sua pele pálida e lava em suor e os seus lábios húmidos e cheios, à espera de serem beijados. Fiquei bastante aliviada quando ele não se importou que o médico me visse quantos dedos de dilatação é que eu já tinha. – Ok, vamos ao trabalho. Sete dedos de dilatação, este bebé vai escorregar! – O médico avisou a sua equipa. Uma dor aguda acertou-me senti as minhas partes interiores a rasgarem-se.

- Oh meu Deus! – Suspirei. Estava ofegante.

- Vai correr tudo bem, amor. – Harry disse. – Respira comigo. Inspira. Expira. Inspira. Expira.

- Faça força, Emma! – Uma das enfermeiras pediu. E, agarrando no ferro à minha frente, fechei os olhos e fiz força. Os meus dentes juntaram-se e podia sentir o meu bebé a querer sair, mas parecia que a cabeça era demasiado grande para o buraco. – Mais uma vez.

- AAAHHHH! – Gritei.

- Emma, estás a conseguir. – A voz de Harry suou ao meu lado, mas eu nem olhei. Só queria que o bebé saísse de dentro de mim para que tudo isto passasse.

- Ok. Só mais uma vez.

- ESTÁ BEM! – Gritei para o médico, dando tudo por tudo para que fosse a última vez que tivesse que fazer tanta força e quando senti o seu corpo a escorregar de dentro de mim, larguei o ferro e encostei-me à maca, respirando ofegantemente e sentindo o coração nos ouvidos. Não foi ouvido nenhum choro e sentia as minhas pálpebras a fecharem, devido ao cansaço extremo.

- Parabéns. – Uma enfermeira disse. Não consegui abrir os olhos, mas conseguia imaginar Harry a sorrir e a receber o nosso bebé nos braços.

- Oh! – O meu futuro marido chorou. Lentamente, abri os meus olhos, olhando para Harry com o nosso bebé nos braços. – Emma, é uma menina! – Sorri-lhe, sabendo desde o primeiro momento que dentro de mim carregava a Isabelle Styles. E, com um último suspiro, Harry coloca a menina ao meu lado e olho-a com carinho e amor, vendo o fruto da nossa relação mesmo ao meu lado, de olhos fechados, com as mãos pequenas e cabelo castanho.

*

Três dias depois, quando voltámos para casa, fui surpreendida pelo meu irmão, que estava radiante ali, à nossa espera. Gabriel havia acabado com Melissa há três meses e ainda se estava a recompor do término da sua relação que durara há cerca de dois anos. Mas, como boa irmã que sou, disse-lhe que ele podia contar comigo para o que quisesse. Anne estava também sentada no sofá, vestida com um fato de treino, cabelo atado e sem maquilhagem. Depois de se ter divorciado de Des, Anne veio viver para Londres para o antigo apartamento de Harry e agora vai-nos ajudar com a nossa bebé, ficando a tomar conta dela nos primeiros tempos.

Carregando as malas e Harry carregando a nossa filha, entrámos em casa. Abracei o meu irmão e a minha sogra.

- Que bom vê-los de novo em casa! – Gabriel diz, sorrindo. – Deixa-me ver a minha linda sobrinha! – Pediu. Harry colocou o ovo em cima da mesa da bancada. Anne e o meu irmão correram a ver a linda menina, enquanto Harry enrolava o seu braço à volta da minha cintura. Olhei para ele, sorrindo.

- Não sentia assim esta paz, há algum tempo. – Ele diz-me, puxando os lábios para dentro da boca. – Estou feliz, Emma. Estou feliz por ter encontrado a paz que merecia contigo, sem ser nada forçado.

- Depois de tudo o que passámos, isto é o mínimo que merecemos, Harry. Eu amo-te e nada vai mudar isso. A nossa filha é a prova do nosso amor.

- Não é nada. – Ele sorriu de lado para mim. – É a prova de como fomos felizes e inconscientes nas nossas ações. Não me arrependo de ter sido inconsciente nessa noite, Em.

- Queres ter mais filhos?

- Quero ter... Uns quatro. – Ele disse, fazendo-me elevar as sobrancelhas.

- Por mim, tudo bem. Desde que sejas tu a carregá-los durante 9 meses e depois que sejas tu que tenhas que sofrer as dores que eu sofri. – Cruzei os braços ao peito.

- Podemos começar já esta noite. – O seu sorriso maléfico soltou-se, lançando-me num profundo feitiço. Os seus braços enrolaram-se à volta da minha cintura, puxando-me para si. Largo um riso, moldando a sua cara com as minhas mãos e beijando-o. – Eu amo-te, Emma.

- E eu amo-te, Harry. 

Second Chance // h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora