33| "Thank you for being with me, Harry."

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[EMMA]

Eu sabia que descarregar tudo tinha sido uma má ideia. Mas eu não faço milagres e quando ele me pediu em casamento, quase que ia vomitando. Eu pensava que era um jantar inofensivo. Um simples jantar.

Levanto-me da minha cama e ando até à cozinha. Faço um leite quente com mel e bebo lentamente. Os meus olhos encontram o relógio pendurado na parede, arregalando-se com as horas: 3: 11 a.m. Dei um leve suspiro. Ouço um vibrar e junto as sobrancelhas.

Caminho até ao quarto e vejo o meu iPhone a vibrar em cima da mesa da mesa-de-cabeceira. Os meus fecham-se, quando leem o nome de Harry no ecrã. Suspiro e desliso o dedo, atendendo a chamada.

- Hey. – Murmuro, voltando para a cozinha.

- Hey. Também não consegues dormir? – A voz rouca e cansada de Harry soa do outro lado.

- Estava agora para ir dormir, na verdade. – Pouso o copo no lava-loiça e caminho até ao quarto, apagando as luzes da cozinha.

- Desculpa se telefonei a estas horas, mas precisava de ouvir a tua voz.

- Hm... - É tudo o que digo.

- Emma, por favor. Fala comigo.

- Harry, eu sou uma fraca.

- Pelo contrário, Em. Acho que és muito forte. – Suspira.

- Pois. Está bem. – Aconchego-me nos meus lençóis. – Harry, eu vou dormir.

- Vejo-te amanhã na empresa?

- Claro. Boa noite. – E desligo. Só quero que este aperto no coração passe.

*

- Ora, muito bom dia! – Disse Grace, quando entra ao mesmo tempo que eu, na empresa.

- Bom dia, Grace. – Dou-lhe um sorriso. Ela senta-se ao meu lado e ambas começamos a trabalhar, a fazer telefonemas, a confirmar horários uma com a outra.

- Bom dia. – Uma voz nada estranha para mim soa e levanto a cabeça. As suas olheiras denunciam a falta de descanso na noite passada.

- Bom dia. – Eu e Grace dizemos ao mesmo tempo.

- Emma, podemos falar? – Harry pergunta. Levanto-me e sigo-o pela entrada da empresa até chegarmos à sala das reuniões. Passo as mãos pelo meu vestido e entrelaço os meus dedos à frente.

- O que é que queres falar comigo? – Pergunto, olhando-o.

- Sobre ontem, acho que devia de te dizer qualquer coisa. Eu sei que fui egoísta e-

- Harry, eu estou a trabalhar. Tu estás a trabalhar. Esta empresa é um local de trabalho, não para resolver isto. Se o teu pai chega à receção e eu não estou lá, eu é que vou sair prejudicada, não tu, porque és filho dele. Nós falamos, quando sair.

- Sais às cinco?

- Sim. – Respondo e ando até à porta, mas assusto-me quando ela é aberta e do outro lado, está uma Chloe sorridente, o que me enerva ainda mais.

- Harry, o teu pai chamou-te. – Bufo e fecho os olhos, passando por ela e andando até à receção novamente.

- Hey, ouvi dizer que tiveste problemas ontem, com o Harry. – Grace diz.

- Grace, já alguma vez te aconteceu teres que guardar todos os teus sentimentos, porque tens medo que a outra pessoa não sinta o mesmo que tu?

- Quando comecei a andar com o Josh, as coisas eram bastante complicadas, Em. Ele estava sempre a esconder-me coisas. Depois eu vinha a descobrir tudo, porque ou os amigos dele se descaiam, ou ouvia dizer pela faculdade. As coisas eram tão difíceis que quando fizemos sete meses de namoro, fui dar com ele, na arrumação da faculdade a fumar erva com os amigos. Acabei com ele logo ali, mas depois ele quis voltar, levou-me a jantar, deu-me mais atenção e eu resolvi dar-lhe outra oportunidade. Quando fizemos um ano de namoro, ele levou-me a jantar a casa dos pais dele e acabei na piscina. Fui empurrada pela irmã dele, que me odiava. Depois resolvemos ir viver juntos e os primeiros meses até correram bem, mas depois ele convidou só os pais para ir lá jantar e queimei o comer, tivemos que encomendar pizza. E essa foi a gota d'água e fiz-lhe um ultimato! Ou nos mudávamos, ou nunca mais nos víamos. Então, acabei o curso, enviei o currículo para várias empresas e acabei aqui, na Styles Inc. Foi o melhor que fizemos. Foi a escolha mais assertiva.

- Então... Estás a dizer que eu e o Harry nos devemos de mudar?

- Não, não. Nada disso. – Ela vira-se para mim. – O que te estou a querer dizer é: as coisas nem sempre são fáceis. Eu sei que o Harry não é o Josh. Ele é conhecido como o mulherengo e tal, mas Emma, se ele está contigo é porque quer e porque te escolheu. As coisas nem sempre são feitas de arco-íris e cor-de-rosa e unicórnios. Nós não vivemos no País das Maravilhas. Talvez se tu e o Harry conversarem e resolverem o vosso problema, seja ele qual for, talvez... Não sei! Cheguem a uma conclusão mútua. Sabes que numa relação, as decisões têm que ser tomadas a dois e não a um.

- Sim... Sim. Tens razão, eu percebo-te, mas neste momento, o meu problema com o Harry é muito pior que isso.

- Seja ele qual for, tenho a certeza que o vão resolver. Eu vi como vocês entraram aqui ontem, vocês estavam-

- Ele pediu-me em casamento. – Interrompo-a. Os seus olhos esbugalham-se e a sua boca abre-se.

- O Harry Styles? Pediu-te em casamento?!

- Sim... E... Bem, eu recusei.

- O quê?! – Ela quase grita.

- Sshh! Pelo amor de Deus, fala baixo! – Engoli em seco.

- Oh meu... Ora, essa é que não era, de todo prevista.

- É. Eu sei. – Murmuro. – E... Eu contei-lhe que os meus pais tinham morrido. E indiretamente aleguei que os sentimentos que ele tinha por mim, não eram verdadeiros.

- Posso ser sincera contigo?

- Claro, Grace. Tu és... Bem, uma amiga?!

- Quero dar-te um estalo com tanta força que ias a voar daqui, até ao carro do Harry. – Ela murmura, ainda com olhos muito abertos.

- Bem... Desculpa se me sinto mal por não ter um pai que me leve ao altar. Desculpa se os meus pais não podem testemunhar o meu casamento. Desculpa se ainda tenho 19 anos. Desculpa se só ando no primeiro ano da faculdade. Desculpa por não ter confiança em quase ninguém.

- Emma... - Ela suspira. – Tu sabes que vou estar sempre aqui para ti. Afinal, somos "colegas de carteira". – Pisca-me o olho, fazendo-me dar uma leve risada. – Eu não sabia de nada disso. Desculpa. Mas bem, resumindo e concluindo, eu tenho a certeza que tu e o Harry vão conseguir ultrapassar isto.

- Obrigado, Grace.

- De nada, querida. – A loira sorri-me.

*

- Até amanhã. – Suspiro para Grace, quando vejo Harry a sair do elevador.

- Já sabes, manter a conversa fria, não grites, não chores, não te exaltes. Vocês são capazes e fortes. – Sorri-me. – Até amanhã. – Pisca-me o olho. Sigo Harry até à saída do edifício. Ambos entramos para o seu carro. Não dizemos nada um ao outro, mas quando vejo que ele não está a conduzir em direção ao meu apartamento, tenho que intervir.

- Onde vamos?

- Bem... Era suposto ser um presente de noivado e mim para ti, mas como recusaste a casar comigo, vê isto como um presente por seres tão forte e seguires o teu caminho. – Esclarece. Engulo em seco e pego na mão dele, tirando-a da alavanca das mudanças. Os meus dedos entrelaçam-se nos dele e levo as costas da sua mão aos meus lábios, deixando um pequeno beijo lá.

- Obrigado por estares comigo, Harry. – Sussurro e encosto a minha bochecha às costas da sua mão.  

Second Chance // h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora