Capitulo 1

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Estou aqui, noite de um sábado em casa me arrumando para uma festa..

Estou meio com receio de ir para essa festa, minha mãe não quer que eu vá.

Alguns anos atrás depois que meu pai faleceu, minha mãe mudou alguns de seus hábitos. Ela começou a ir frequentemente para várias igrejas, católicas, evangélicas, budistas, assembleia, consagração... Diz ela que seu lugar foi na igreja evangélica. Sem querer falar nada, mas minha mãe parecia estar querendo fugir da sua vida passada quando meu pai ainda estava vivo, ela parecia querer apagar ou até mesmo esquecer tudo que envolvia meu pai. Isso me deixava totalmente entristecida, até porque quando meu pai estava vivo, éramos uma família tão unida... Pelo menos quando eu estava presente. Só algumas vezes - que foram poucas- no ano da morte do meu pai quando eu voltava da escola ouvia minha mãe e meu pai discutindo, às vezes ouvia até a minha mãe chorar.

Meu pai infelizmente morreu quando eu tinha 10 pra 11 anos, a notícia aconteceu quando eu e minha mãe estávamos nos preparando para sair em uma parque para crianças que tinha inaugurado naquele ano, minha mãe só estava esperando meu pai chegar do trabalho e irmos para o grande parque, minha mãe estava muito inquieta. Posso dizer ou seja coisa da minha cabeça... Minha mãe parecia que já estava esperando por algum pior naquele dia, mas eu era apenas uma criança. Minha mãe recebe uma ligação que até hoje não sei de quem foi, falando que o Cláudio (meu pai) sofreu um acidente de carro e não resistiu e foi a falecer.

Minha mãe ficou com o seu mundo acabado, mas a primeira reação dela não foi chorar e sim ela ficou aflita por horas e horas só depois que subiu no seu quarto e chorava como se estivesse tentando se conforma com o falecimento do seu marido. Enquanto eu, naquela época, naquele dia, ficava me perguntando "porque mamãe está chorando?" "Será porque papai está demorando pra chegar?"...

Minha mãe já me levou várias e várias vezes pra igreja, mas nunca me vi bem dentro daquela quatro paredes cheia de pessoas fingindo gostar uma das outras. Acredito em Deus, claro que eu acredito. Mas não sou aquelas garotas que vai e freqüenta a igreja. Sou o tipo que fica na minha e curti com os amigos, mas mantenho a minha fé.. Voltando no assunto..

Eu amo minha mãe e não tenho dúvida nenhuma que ela me ame e por esse amor que ela tem por mim, hoje de manhã acabou rolando uma pequena discussão.

Estava falado dessa festa a meses atras e do nada ela inventa de querer ir para minha avó justo hoje. No dia da festa.. Mas eu não vou ir de jeito nenhum. Se ela quiser ir, ela que vá sozinha. Eu vou pra essa festa que eu e minhas amigas estamos combinando tudo meses atrás, roupa, maquiagem, sapato, acessórios e essas coisas...

Quase pronta, pego meu celular e recebo uma mensagem do meu amigo falando que já está quase chegando em casa pra me buscar.. Como eu ainda não tenho carro preciso ir de carona, já que minha mãe não quer me levar.

Estava descendo para esperar o meu amigo na sala de casa e vejo minha mãe sentada no sofá e assistindo um programa de tv nada vê, me senti do seu lado e a abraço. Eu vi a carinha dela, ela pareceria estar chateada por eu está indo nessa festa. Mas não só chateada, ela parecia... Parecia.. Ela estava quase igual no dia em que meu pai morreu, vagamente lembrava desse dia.

—Me desculpe mãe.. Prometo que amanhã cedinho vamos pra vovó.. Pode ser?

- Filha.. Não vá pra essa festa. Vamos pra sua vó. Ouve o que sua mãe está falando.. Sua avó teve um sonho estranho e pediu para passamos uns dias lá na casa dela.- Minha mãe dizia preocupada.

Sonho?.- Falei rindo.- Mãe.. A Vovo sempre tem esses sonhos estranhos. Não se preocupe.. Amanhã cedinho vamos pra lá.

-Filha..- E quando minha mãe ia me pedir mais uma vez para eu não ir pra festa e sim ir pra minha avó, ouço a buzina do carro do meu amigo o Rick.

Chegou minha carona.- Me levantou e dou um beijo no alto da cabeça da minha mãe.- Te amo... Volto cedo hoje...

- Também te amo filha, vai com Deus.- Minha mãe dizia tentando ficar um pouco mais tranqüila.- Manda um beijo pro Rick...

— Fica com Deus... Mando sim.- Respondia já saindo da porta.- Qualquer coisa me liga.

Assim tranco a porta de casa e quando estou quase entrando no carro do meu amigo, sinto uma coisa estranha. Uma coisa que está pesando na minha mente, uma coisa ruim faz meu coração  se aperta. Parece que estou sendo observada, e essa sensação estou tendo já faz algumas semanas atrás.

Fico parada e refletindo se eu devo ir mesmo.

- Vamos logo Bruna, a festa não dura a noite toda.- Meu amigo me faz sair dos meus pensamentos e assim entro no carro sem mais delongas...

— Na verdade dura sim.- Falei saindo da minha transe e dando uma risadinha.

O Vilão da minha históriaOnde histórias criam vida. Descubra agora