O naufrágio

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Alto mar

Quinta-feira

5º dia de jornada

No meio da madrugada, Sakura despertou de súbito, assustada pelos sonhos que tinha sonhado e pela tensão que antecedeu o seu sono. Demorou um tempo para dormir depois de ouvir o que Sasuke disse, mergulhada em pensamentos dos quais não conseguia emergir. Não sabia quando tinha dormido, mas quando acordou, estava aninhada no peito dele.

Sasuke dormia sereno como ela jamais tinha visto. Talvez o balanço do navio o ajudasse a enfrentar as corriqueiras insônias. Na verdade, ele estava se sentindo em paz e liberto das coisas que o mantinha acordado e ansioso, contudo, Sakura não adivinharia isso.

Ela então se levantou, tentando fazer os movimentos mais leves e silenciosos para não acordá-lo. Queria descer ao quarto do Kaname para checar como as três mulheres estavam. Quando se levantou, ouviu uma batida na porta e o som do Sasuke apanhando sua espada, ainda deitado. Sakura segurou a mão dele e fez sinal de que iria ver quem era. Enrolou-se no lençol até a cabeça e abriu uma fresta da porta com uma mão; na outra, uma kunai banhada em veneno que ela sempre deixava ao alcance.

— Pois não? — foi gentil ao ver que se tratava de um jovem, mais novo do que o Sasuke, provavelmente. Parecia encabulado.

— Desculpe incomodá-los a essa hora... O Capitão gostaria de saber se não tem como visitá-lo em seu aposento — a expressão de Sakura pareceu ter sido bem clara, pois o garoto tratou de emendar uma explicação. ― Ele está passando muito mal. Acredita que seja alguma epidemia e quer que você o examine.

Mesmo estranhando, Sakura achou que poderia ir visitar o velho asqueroso. Poderia até tentar tirar algumas informações dele. Que mal haveria?

— Tudo bem, já vamos.

— Ah — o garoto disse levantando os calcanhares antes que ela fechasse a porta —, ele pediu para que você fosse sozinha.

Sakura ficou em silêncio, encarando o garoto. Fechou a porta sem dar uma resposta. Virou-se para o Sasuke que agora estava sentado na beirada da cama; a mão ainda firme na espada.

— Você não vai.

— Vou.

Sasuke suspirou, irritado, assistindo ela se vestir:

— Ele não está doente.

— É até uma ofensa você pensar que uma kunoichi com a minha experiência cairia nisso.

— O plano não é esse, Sakura — Sasuke se levantou, parando na frente dela.

— Ainda não temos um plano. Temos que nadar conforme a correnteza — retribuiu o olhar com a mesma firmeza. — Katsuyu está lá embaixo cuidando das mulheres em pior estado. Vou tentar tirar alguma coisa dele.

— Não posso impedi-la de ir — encaixou a espada de volta na banha. — Só não seja impulsiva — Sakura assentiu e saiu.

Sasuke não iria dormir enquanto ela não voltasse.


.o0o.


— Ora, você veio! — o comandante autointitulado capitão riu e emendou uma tosse que denunciou o estado das suas vias respiratórias. Parecia uma chaminé velha cuspindo as cinzas — Estou tendo um grande mal estar, desde o jantar.

Enquanto falava, Sakura inspecionava com o olhar o quarto do homem, umas quatro vezes maior do que o que ela dormia com o Sasuke. Havia objetos de fetiche sexual, armas, bebidas e muitas caixas cobertas.

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