A conversa

5K 333 163
                                    

Sakura, para com isso.

Naruto falava do outro lado da porta. Tinha uns dez minutos que ela tinha o expulsado, extremamente afetada pelas suas palavras tão duras, mas reais.

Deixa eu entrar, vamos conversar. Por favor.

Ela estava no banheiro, sentada na tampa do vaso sanitário. Chorava como uma adolescente pelo que ouviu. Naruto nunca tinha parecido tão franco e com tanto desejo de magoá-la.

— Sakura — dessa vez, Sasuke quem a chamou, dando leves batidas na porta do banheiro. — Se não o deixar entrar agora, ele ficará ali a noite toda.

Sasuke estava genuinamente preocupado e incomodado com a situação e principalmente com a Sakura, pois desde que saíra da prisão, ele não tinha captado ela em um momento tão frágil como aquele. Porém, pelo modo como perguntou, deu a entender que sua grande preocupação na verdade era em manter o seu silêncio sacro inabalável, e Naruto gritando à porta atrapalhava isso. Pelo menos foi como Sakura interpretou.

Para a surpresa dele, seu conselho fajuto foi ouvido. Sakura enxugou as lágrimas, saiu do banheiro, o encarou ao passar pelo batente, e seguiu para abrir a porta para o Naruto, que entrou já segurando o rosto dela entre as mãos, fitando os olhos verdes e sentindo a mágoa emanar deles. Estavam se magoando violentamente com ciúmes e brigas sem sentido.

— Vocês podiam se beijar também. Resolveria o problema — Sasuke sugeriu, já estressado com tudo aquilo. Mal teve tempo de digerir o que aconteceu entre os dois, e já tinha que processar o que aconteceria entre ela e o Naruto.

O que mais o deixava indignado era que Sakura o culpava, mas quem mais brigava ultimamente era ela e Naruto, por coisas bobas, como o tubo de pasta de dente pressionado no meio; a comilança; a falta de vergonha dele de andar pelado pela casa com a desculpa de que esqueceu de pegar a toalha antes de ir para o banho; ou uma comida deixada para fora da geladeira. Coisas simples que se transformavam em uma confusão tremenda, e dali a pouco os dois voltavam a ser o que eram como se nada tivesse acontecido.

— Fica quieto, trombadinha — Sakura vociferou virando na direção dele, automaticamente soltando-se do aperto do Naruto e lhe dando as costas. — Isso tudo é culpa sua — começou novamente a implicar com ele. Sasuke desejou ser surdo, além de cego – o que já era.

Entrou no banheiro para fugir do respingo de mágoa da Sakura que sobrou para ele, mas não adiantou porque ela o seguiu. Enquanto escovava os dentes, Sakura ficou à porta citando como ele era responsável por todo o inferno que eles viviam, e se ele a assustasse de novo, que ela o mataria. Sasuke riu pelo nariz, debochado, o que fez Sakura dar uns tapas nas suas costas. Sua mão fina ficou perfeitamente desenhada na pele branca. Logo em seguida Sasuke se engasgou com a pasta de dente, e Naruto, que já tinha corrido para o banheiro para evitar outra briga entre os dois, acabou tendo que ajudar Sakura a desengasgá-lo.

Era essa a dinâmica do trio, literalmente, entre tapas e beijos, com amor e ódio, e o que achavam que seria temporário, duraria muito mais tempo do que imaginavam. O suficiente para mudar completamente seus sentimentos.

.o0o.

3 meses depois

Inverno

Dezembro

— Obrigada, Haori-san — agradeceu Sakura com uma longa reverência.

Ao longo dos últimos meses, conforme o clima de Konoha mudava, Sasuke e Sakura retornaram mais algumas vezes à costureira da vila, Haori, buscando pelos prestigiados bordados com o emblema do clã Uchiha.

StrokesOnde histórias criam vida. Descubra agora