A cama

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Ele teria seu pescoço esmagado caso não tivesse sentido a inspiração quente de Sakura bater atrás de seu ouvido antes, causando-lhe um arrepio estranho na espinha e o alertando da proximidade inconveniente de ambos.

Assim como ela, seu corpo desintegrou-se no ar, deixando a mesma agarrada ao vento. Naruto tentava agarrá-la, desesperado, e teria conseguido caso ela não tivesse avistado Sasuke no corredor, de braços cruzados com um sorriso debochado. A ira se materializou na garota, que em uma fração de segundo, já o elevava no ar e o jogava contra o chão som toda a força que tinha, logo pendendo seu punho poderoso na barriga dele.

O sharingan dele estava desativado e Sakura estava mais rápida. Não tinha como desvencilhar-se do soco certeiro. Antes de decair sua mão fechada em seu estômago, ela pôde ver as feições serenas de transparentes dele se contradizerem numa preocupação real. Ele teria recebido o soco, e provavelmente morrido, se Naruto não o tivesse tirado da mira dela.

Quando sua mão se chocou com o assoalho pobre do apartamento, o estrago foi triste. Uma cratera de um metro de diâmetro foi aberta no entre a sala e o corredor, paredes se racharam e encanamentos estrugiram. As lâmpadas demoraram um pouco mais para estourarem.

Cinco segundos antes a sala estava impecável. Recém reformada, alguns móveis novos, tudo arrumadinho... Tudo o que era vidro ou continha vidro havia quebrado, o sofá dava assento a grandes pedaços de concreto e o tapete já ficava ensopado por conta da água que vazava do cano. Uma cena trágica, traumatizante. A sorte de Sakura e Sasuke era que Naruto era um cara obcecado por ambos, não colocava nenhum bem material nem ninguém acima deles, do contrário, era até agonizante pensar o que o loiro faria com aqueles dois.

— Ops! — Sakura foi a primeira a quebrar o silencio.

— Nunca nessa vida, jamais, em hipótese nenhuma, pensei que seria tão difícil assim! — Naruto esbravejou. — De um dia para o outro, a Sakura se torna mortífera e o Sasuke fala uma frase com mais de seis palavras, então decidem colocar minha casa abaixo! Isso em apenas três dias! Em uma semana vocês conseguem que proeza? Ficarem paraplégicos?! Explodir toda a Aldeia da Folha, quem sabe o mundo?! — Sakura levantou vagarosamente a mão como um pedido respeitoso e silencioso para falar. — Que é?! — gritou nervoso.

— Você pode ficar minha casa enquanto fazem a reforma...

— Acabei de reformar esse caralho de casa! Estou falido, Sakura! Falido!

— Eu vou pagar, porra! Para de gritar! — Sakura pedia desesperada, já com os olhos enchendo de lágrimas. — Foi sem querer, desculpa — chorava teatralmente. Como dissera antes, além de tudo, ela era uma boa atriz. Naruto ficou condoído, respirou fundo e foi ao encontro da mulher que se desmanchava em prantos. A abraçou e apoiou o queixo no topo de sua cabeça. — é verdade tudo o que o Sasuke disse! Eu sou uma magrela inútil, eu...

— Ele só estava brincando! — Naruto a interrompeu, tentando acalmá-la, já que o choro era tanto que nem conseguir engolir a saliva ela conseguia.

— O Sasuke não brinca, ele não tem coração! — Sakura o repudiava.

— Sasuke, peça desculpas a ela — Naruto pediu com as sobrancelhas arqueadas.

— Tá mesmo acreditando nisso? — o loiro pegou a cabeça de Sakura e a virou para o moreno vê-la. Seu rosto não podia estar mais vermelho. Os cabelos claros grudados no rosto pelas lágrimas e um sorriso sádico derramado em seus lábios, um sorriso que infelizmente Naruto não podia ver pelo seu ângulo. "Filha da puta", pensou consigo. — Desculpa, Sakura.

— Sua vez, Sakura-chan! — ela resmungou algo que poderia ser entendido como desculpas e Sasuke aceitou sem mais delongas. — E agora, o que fazemos?

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