Strokes

A teoria

Inverno

Konoha

QG

— Bom dia — Ino fez uma longa reverência. O cabelo loiro claríssimo preso no topo da cabeça caía para frente como uma cascata.

— Olá, Ino — Tsunade a cumprimentou, pouco entusiasmada. — Sabe por que a chamei?

— Imagino — respondeu sincera e temerosa. Ela devia respostas à Tsunade, respostas que não tinha.

— Quero dispensá-la daquela missão paralela.

Ino piscou algumas vezes, parecia não entender. Qual Tsunade a convocou, meses atrás, estava obstinada a descobrir qualquer informação nova sobre o Sasuke e acreditava que somente ela seria capaz de obter.

Aceitar a tarefa não era bem uma escolha. Com Chouji sendo emissário de Kumogakure e Shikamaru praticamente fazendo um estágio de braço direito da godaime, não sobraram muitas opções de protagonismo shinobi para Ino. Conquistar a amizade de Sasuke, à princípio, foi um erro de cálculo, mas assim que Tsunade apresentou essa como uma oportunidade para a sua carreira não ficar obsoleta, Ino encarou como um feliz acaso e tentou aproveitar ao máximo.

O único porém era que durante os últimos meses nos quais Sasuke e ela se viram com certa frequência, muitas vezes eram encontros silenciosos para comer ou jogar cartas. Inclusive, Sasuke era péssimo no começo, porém bastou algumas semanas para ele superá-la em todas as partidas.

Quando falava, geralmente era algum comentário banal sobre sua rotina, quase sempre continha o Naruto e a Sakura, e sempre parecia dito sem querer. Nas primeiras semanas, logo que saiu da prisão, ele se mostrava mais sensível e melancólico. Com o passar do tempo, a combinação de um estilo de vida saudável, mais o monstro do mau humor da Sakura amansados, contribuiu para o Sasuke esboçar breves sorrisos - principalmente quando ganhava - e às vezes até fazer brincadeirinhas com ela.

Ino sabia que Sakura imaginava que os dois estavam tendo um romance ou algo assim, e sabia mais ainda o quanto isso mexia com o ego dela. Por isso, não fazia questão de desmentir ou agir como se fosse um mal entendido. Se Sasuke quisesse, ele mesmo poderia explicar que os dois eram apenas companheiros de solidão, contudo, se ele mesmo não dava as devidas satisfações à Haruno, não seria ela quem daria.

Estava adorando aproveitar algo que a Sakura sempre quis: qualquer tipo de intimidade com o Sasuke. Não por maldade, mas só para manter vivo o cheiro da boa rivalidade que baseava a relação das duas.

E sobre o Sasuke, não, Ino não estava na competição. Na verdade, estava um pouco apaixonada pelo Shikamaru (que era comprometido), e de coração partido pelo Sai (que era um frouxo). Sasuke não estava nessa equação simplesmente por ela não ter como lidar com mais um drama. Ela estava aberta para um flerte, se o Uchiha quisesse. Seria algo do qual se orgulharia de conseguir e contaria para seus filhos, se tivesse. Entretanto, já o conhecia o suficiente para saber que não rolaria nada entre os dois. Isso bastava para ela se contentar com os breves encontros para jogos de cartas.

Dito tudo isso, onde e como ela poderia ser bem sucedida em uma missão que só tinha provado a ela o contrário das conspirações que Tsunade havia compartilhado quando a designou?

— Está tudo bem? — Tsunade perguntou ao observar Ino ainda perplexa.

— S-sim, eu só... Bom, eu acho que seria interessante eu saber o porquê. Você disse que eu poderia retornar quando tivesse algo relevante para informar e...

— Você tem? Conseguiu algo dele? — Tsunade sabia que não.

— Não exatamente...

— Estamos mudando o foco — respondeu simplesmente. — Não é sobre você, embora possa aprimorar suas técnicas de espionagem quando não puder contar com o seu kekkei genkai — piscou para a garota.