Strokes

A jornada

País das Fontes Termais

Sakura acordou por volta das três horas da tarde no susto, pois tinha dormido demais. Sua movimentação fez com que Sasuke acordasse também.

— Não acredito — reclamou ao reparar através da cortina que o sol já estava encaminhado para se pôr. — Perdemos o café da manhã, o almoço e praticamente todo o dia.

Sasuke se sentou na cama, sonolento e esfregando os olhos. Embora tenha dormido bastante, ainda se sentia cansado.

— Por que me deixou dormir aqui?

— Eu não deixei. Saí do banheiro e você já estava capotado — ela continuava sentada olhando através da janela. — Acho que vou para as fontes termais até o horário do jantar — comentou se espreguiçando.

— Não estamos de férias, Sakura — ela mostrou o dedo do meio para ele. — Quando o navio para o País da Água irá zarpar?

— Quarta de manhã. Saímos daqui amanhã — levantou-se e começou a se arrumar para sair. Pegou toalhas e um roupão.

— Aonde vai? — perguntou quando ela já abria a porta da cabana.

— Cumprir minha parte do plano idiota — bateu a porta atrás de si. Pelo tom, ela tinha se irritado com o comentário do Sasuke e ele percebeu.

Era difícil para Sasuke encarar todo aquele cenário constrangedor como uma missão que beneficiaria todos eles. Foi relativamente fácil concordar com o Kakashi durante a formação do plano, contudo viver aquilo, para ele, era muito estranho. Principalmente depois de perceber que sua relação com a Sakura havia mudado.

Sakura não implicava tanto com ele como antes, e estar na presença dela também não o deixava irritado, pelo contrário, o confortava. Tanto que Sasuke se acostumou a tê-la por perto. Notou isso na primeira vez em que foi para uma missão sozinho, mas sentiu novamente quando ela ficou acamada em Suna e quando estavam de folga em Konoha, pouco antes da noite dos cravos vermelhos.

Os dias pareciam certos com ela, assim como com o sol e a lua estarem no céu na manhã seguinte. Aquela sensação de familiaridade o assombrava, pois indicava que Sakura não era mais irrelevante, não podia ser evitada ou desprezada. Era como se ela já detivesse uma parte dele consigo, uma parte muito sensível que ele queria tomar de volta, mas não podia.

Ficou minutos xingando a si mesmo, andando por todos os lados do quarto pensando no que fazer. O fogo da lareira já tinha consumido toda a lenha, as sombras do lado de fora da cabana ficavam maiores. O que ele poderia fazer? Era muito mais fácil para ela falar e fingir. Desde muito nova tinha o péssimo hábito de romance, supostamente saberia como os dois deveriam agir. Ele, não. Seu último contato com qualquer exemplo de par romântico foram os seus pais, há mais de dez anos, e eles não eram a caricatura de um amor lendário entre homem e mulher, eram um casal de pais comuns.

Vencido, Sasuke pegou seu roupão, toalhas secas e saiu determinado a encontrá-la, ainda que não tivesse decidido o que fazer.

Sakura passeou por todas as áreas sociáveis do sítio abraçada com seu roupão branco e rolos de toalha. Acenava, sorria e tinha breves conversas com as mulheres que encontrava. Sabia que precisava ser vista. O ideal seria ser vista com Sasuke ao seu lado, porém ela não insistiria para que ele cumprisse seu papel. Sisudo como era, preferiria resolver as coisas da maneira mais violenta do que seguir um plano idiota por uma alternativa pacífica. Ela faria a sua parte e a dele, sabia que tinha muita coisa em jogo para não engolir seu orgulho e suas próprias ressalvas por apenas um dia.

Conforme passeava, via em sua grande maioria os casais juntos, fossem sozinhos ou em grupos; casais de todo tipo, de todas as idades; gargalhadas podiam ser ouvidas de todos os cantos; sorrisos tímidos, sorrisos dúbios; toque discretos em público, outros nem tanto. Era uma energia interessante de paz e adrenalina ao mesmo tempo. Paz ao estar com um grande amor, adrenalina pelo mesmo.