O exame

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Ele vestia um conjunto de moletom azul escuro, quase preto. Ela um short de algodão rosa, na altura da coxa, e uma camiseta branca, lisa e de malha fina. Não conseguia imaginar como o garoto ao lado estava aguentando o calor que fazia debaixo daquela roupa tão quente. Fazia no mínimo uns 38°C no auge do verão de Konoha.

Comprar roupas para o Sasuke era como comprar verduras para criança: ele não queria nada, não gostava de nada e não usaria nada caso Sakura comprasse. No fim, levaram apenas camisetas e camisas de manga longa pretas, calças de moletom e roupas íntimas. Tudo básico e em quantidade para Sakura não precisar sair com ele novamente tão cedo.

No caminho, lembrou-se de uma ótima costureira, conhecida por personalizar roupas de clãs. Sugeriu ao Sasuke sua ideia, algo que talvez ele já pensasse aos escolher peças tão básicas. Depois de um breve silêncio, ele confirmou com um aceno de cabeça.

— Bem-vinda, Sakura. Como vai, minhas criança? — a senhora de idade avançada recebeu cordialmente Sakura, que fez uma longa reverência para cumprimentá-la. — Está a cada dia mais parecida com a sua flor — acariciou o rosto da garota fazendo referência às flores de cerejeira que lhe davam o nome.

Sasuke reparava na mulher, tentava resgatar na sua memória o olhar e a voz que lhe pareciam tão familiares. Sentia que já estivera naquele lugar antes, mas nada vinha em sua memória.

— Como está a sua coluna? — a mulher fez um sinal para Sakura deixar para lá. "Assunto de hospital, deixa no hospital", disse. — Vim para encomendar alguns muitos bordados — Sakura mostrou a pilha de roupas pretas.

— Deixe-me ver isto — colocou os óculos. — O tecido é muito bom. São para você, minha querida? — ergueu os olhos sobre a armação. — Se quiser uma dica de uma amiga, saiba que o vermelho é a sua cor.

— Ah, esqueci de falar, me perdoa. Esses bordados não são para mim. São para ele — apontou para o Sasuke que estava mais afastado na entrada, às sombras. A senhora apertou os olhos para enxergá-lo contra a luz. — Todas as suas roupas estavam velhas — Sakura explicava enquanto ele se aproximava das duas —, então o levei para comprar novas, e pensei em aproveitar para passar aqui, já bordar o brasão do clã dele.

— Pelos Deuses — exclamou a senhora largando a camiseta que examinava no chão e cobrindo a boca em espanto.

— Haori — Sasuke disse, acenando levemente com a cabeça. Sakura olhava de um para o outro sem entender.

— Menino... — Haori disse com pesar, tocando no rosto do Sasuke. — O que o mundo te fez? — lamentou olhando profundamente na imensidão negra dos olhos dele. — Está a cara do seu irmão. A cara da Mikoto-san, que os deuses a consolem.

Sasuke agachou-se, pegou a camiseta do chão e a entregou novamente. A senhora o olhava pasma.

— Ainda borda para o brasão Uchiha?

— Não bordo um há quase dez anos, quando você fez o último — ela fitou a camiseta com pesar e nostalgia. — Vou ter que tentar algumas vezes, não vou mentir. Mas bordarei, sim — volte-se para o Sasuke. — Achei que esse brasão nunca mais sairia das minhas linhas. Honrarei o que resta do legado da sua família.

Sasuke assentiu em agradecimento.

— Para quando querem? — Haori perguntou olhando para os dois. Desnorteada, Sasuke falou pelo Uchiha quando viu que ele não iria se posicionar.

— Pode fazer no seu ritmo. Vou deixar só metade das peças aqui, porque ele já vai usá-las, e quando retirarmos as bordadas, eu as trago de volta.

— Sim, sim. Fazemos assim então, minha querida.

— Muito obrigada, baa-chan — Sakura fez uma reverência e beijou as costas da mão enrugada da senhora.

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