Strokes

A rota

País do Relâmpago

Quarta-feira

18º dia de jornada

Chegando aos cais na terça à noite, embarcaram em um barco legal com uma nova documentação assinada e timbrada pela mizukage e o Chōjūrō, seu futuro sucessor à líder de Kirigakure.

Não era uma embarcação militar e sim destinada para tráfego de civis e comerciantes para o continente. Saía dois barcos diariamente, afinal a distância do País da Água para o País do Relâmpago era grande, cerca de dois dias em mar aberto. Ter travessias constantes era uma forma de manter as relações comerciais entre os dois países viva.

Algo curioso que Sakura descobrira era que nem todas as mulheres que estavam sequestradas eram originalmente de Kirigakure, duas delas tinham vindo do País do Relâmpago e também receberam do Conselho do País da Água a oportunidade de voltar para a sua terra natal. Sakura conseguiu distrair-se boa parte do dia ouvindo-as tagarelar sobre coisas aleatórias, inclusive acontecimentos do barco. Falavam de maneira até banal, tratando-se do acontecido, de qualquer forma, Sakura não ligava. Passar o dia com elas era um bom pretexto para não estar com o Sasuke.

Em alto mar, na quarta, o sol era impiedoso sobre as águas gélidas e ventos cortantes. Um paradoxo do inverno quando se navega. O céu limpo, sem nuvens, tirava qualquer possibilidade de tempestade ou impedimento para que os raios solares caíssem impiedosos sobre as suas cabeças no convés.

As mulheres, em blusas finas e shorts, se espalhavam no deck, para aproveitar o calor inédito há meses. Deitadas sobre toalhas de banho, falavam todo tipo de trivialidade, riam, acenavam e brincavam o tempo todo. Finalmente livres e voltando para suas casas. Aquilo alegrava Sakura, ainda que os assobios e risadas para Sasuke, quando ele passava, a irritassem profundamente.

— Está tão calor... Por que não troca essa blusa por uma roupa mais fresca? — uma das meninas sugeriu ao ver Sakura apoiada sobre as grades do convés, ao lado delas, erguendo as mangas da blusa preta de calor.

"Já se olhou no espelho?", lembrou-se do Sasuke chamando a sua atenção, dias atrás, sobre as inúmeras marcas que ele tinha deixado em seu pescoço e colo.

— Estou bem assim — Sakura respondeu simplesmente, embora quisesse realmente se deitar no deck e tomar um pouco de sol. Sasuke que estava um pouco mais distante, ouviu e riu pelo nariz da situação. O olhar e os ouvidos de Sakura capturaram o deboche dele na hora. — Por que não chamam o Sasuke, meninas? — sugeriu em voz alta. — Ele está tão pálido... Acho que faria bem um pouco de bronze.

— Verdade! Sasuke-kun! Não quer se juntar a nós? — uma das garotas, a mais bonita delas, acenou e o chamou para a praia improvisada que já chamava a atenção e divertia os outros poucos passageiros do barco.

Sasuke simplesmente ignorou e saiu de perto, descendo para o deck das cabines, o que fez Sakura rir com as garotas. Ele jamais faria aquilo, mas se tirasse a sua camisa, ficaria evidente as marcas que ela tinha deixado nele também. Não estavam em posição de zoar um com o outro.

— Não fiquem chateadas, ele é muito tímido — Sakura explicou para as garotas assim que Sasuke se afastou completamente.

— Posso te fazer uma pergunta? — a menina de olhos castanhos começou. Devia ser pouco mais nova do que ela.

— Claro.

— Vocês realmente não são um casal? — a pergunta a pegou de surpresa. Sakura desviou o olhar da garota para o mar e riu, pouco convincente.