A vigília

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Avançaram por cerca de uma hora adentrando a floresta e cobrindo o máximo possível de rastros que deixavam pelo caminho. Ao entardecer, Sakura, já cansada e notando a exaustão dos outros dois, procurou um lugar seguro para passar à noite. Não conseguiriam chegar no mesmo dia naquelas condições. A energia que obtiveram no almoço foi toda gasta na briga da choupana e na fuga, até Sasuke admitia isso.

— Vamos parar aqui — anunciou ao avistar uma clareira. — Acho que daqui podemos seguir viagem antes do amanhecer.

— Pensei que tivesse pressa — comentou o moreno estranhando as horas de repouso que teriam.

— Tenho pressa, o que falta são condições para continuarmos nesse ritmo, e sei que você também precisa de descanso, Uchiha.

— Então vamos passar a noite aqui — Naruto afirmou jogando a mochila aos pés de uma árvore.

Sakura observou o perímetro, parecia tudo muito calmo, mas ela não confiava no silêncio e na pacificidade da floresta. O inimigo espreita na ausência de luz e sombra. Dali em diante, seria um momento propício para qualquer ataque de retaliação do grupo que cruzaram na choupana.

— Vou montar algumas armadilhas. Peguem galhos e folhas secas para a fogueira — Sakura pediu.

— A fumaça pode entregar nosso paradeiro — Sasuke observou.

— A ausência dela pode nos matar de frio — ela argumentou. — Não estamos em Konoha.

— Não seja por isso, Sakura-chan. É só usar calor humano — o loiro deu uma piscadela enquanto a menina lhe mostrou o dedo médio e foi em direção à floresta com a sua mochila pendurada nos ombros.

Assim que ela sumiu na relva de plantas, Sasuke perguntou ao Naruto o que teriam que fazer, obedecê-la ou agir instintivamente. Uma coisa era fato, eles não conheciam o clima da vila e, a julgar pelo dia quente e seco, à noite faria um frio equivalente.

— Acho que não tem problema fazermos a fogueira — Naruto respondeu simplesmente.

Sasuke resolveu não insistir. Acompanhou Naruto na tarefa de colher galhos e folhas secas para a fogueira.

— Ela é muito boa, não é? — comentava Naruto enquanto acumulava galhos sob o braço. — Ela pensa em tudo — Sasuke permaneceu calado, concentrado em sua tarefa. — E aí? Como foi com a Ino? — mudou de assunto abruptamente, se esforçando ao máximo para não parecer pervertido ou invasivo demais.

— Normal — respondeu simplesmente levantando sutilmente os ombros.

Naruto não se sentiu surpreso com a resposta, não esperava mais detalhes do Uchiha, todo reservado e cheio de pudor quanto a isso. Ainda assim, se sentia extremamente curioso sobre como fora a noite, afinal, ele tinha chegado em casa de manhã, algo com certeza tinha acontecido. Naruto poderia não descobrir por ele, mas já sabia por quem descobrir.

Quando o céu escureceu completamente, mais de oito armadilhas estavam montadas e espalhadas pelos arredores; a fogueira estava contida em chamas baixas; e a comida enlatada, embora sem sabor, enganava a fome que o trio já sentia àquela altura.

Naruto tinha assunto, mas os outros não tinham ânimo para manter conversa. As dores dos socos recebidos já se manifestavam no corpo de Sasuke e isso não passava despercebido por Sakura, que cansada de ver as expressões de agonia do Uchiha, deixou seu jantar de lado, limpando as mãos para examiná-lo.

— O que está fazendo? — perguntou o moreno recuando ao toque dela.

— Garantindo que não tenha uma infecção ou hemorragia interna.

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