Capítulo 4

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-Não vou sentar nessa cadeirinha!-Emilie cruzou os braços emburrada.

-Não é uma cadeirinha,é um banco para crianças de cinco anos.

-Já vou fazer seis.

-Mas ainda tem cinco e precisa sentar ai.

-Não vou me sentar ai!

-Imagina ai nessa cabecinha.E se eu bato o carro?Você vai voar pela janela e parar do outro lado da estrada.-Ela arregalou os olhos e eu sabia que tinha a assustado.-Mas se você estiver no seu banquinho com o cinto de segurança não vai acontecer nada.

Sem questionar mais ela subiu no carro e sentou na cadeirinha,coloquei o seu cinto e depois o da Mary que estava lindamente fantasiada de Branca de Neve.Achar a escola foi fácil,difícil foi tirar a Emilie do carro que mais parecia um gato resistindo ao banho com patas grudadas em volta da bacia.

-Emilie qual é?Você chegou até aqui e agora tem que entrar.

-Não!-Os limites da minha paciência já estavam acabando.

-Ta legal!Eu realmente não queria ter que fazer isso,mas você não esta me dando alternativas.

Peguei sua mochila,joguei no meu ombro,pegueiEmilie pela cintura e a puxei para o meu colo.Ela se debatia como um peixe vivo em uma frigideira quente e com toda certeza eu ficaria com roxos enormes nas minhas pernas,mas ela ia entrar na escola querendo ou não.

-Oi!Você deve ser Anahí,sou a professora da Emilie.Pode ficar tranqüila que assumo daqui.-Coloquei Emi no chão e a entreguei para a sua professora.

-É sempre assim?-Perguntei cansada.

-Todos os dias.-Ela deu um sorriso cansado e sabia que não era a única que passava por maus bocados com a Emilie.

Que ótimo então,eu tinha que comprar algumas caneleiras e umas calças feita com espuma.Já ia até anotar na minha lista.

Passei em frente a um supermercado e não resisti,eu tinha que entrar e comprar feijão.Eu não ia conseguir viver comendo as comidas daqui. Serio mesmo.

-Quelo todas as bolachas.-Mary falou pegando um mini carrinho de mercado.

-Você não pode comer um monte de bolachas.-A adverti,mas sorri porque não resistia aquela carinha.

-Balas?

-Também não.

-Chicletes?

-Quer ficar com os dentes podres?

-E hambúguer?

-Não.

-Não posso come nada?Vou moler de fome.-Eu ri com aquela fofura.Ela me lembrava o cebolinha.

-Você não vai morrer de fome.

Eu nem podia culpá-la por querer tudo quanto é porcaria do supermercado,as pessoas daqui eram maníacas por besteiras.E comiam arroz sem gosto,o que me fez lembrar de pegar alguns temperos.A febre americana é o fast food,claro que seria uma maravilha comer no McDonald's todos os dias,mas eu realmente queria passar dos cinqüenta anos e sem ter hipertensão ou o colesterol nas alturas fora que não queria sair rolando por ai.Está certo que eu não tinha um corpo de modelo e vivia fazendo dietas ridículas para manter o peso,mas eu estava bem assim e aqui para uma pessoa se manter magra ou ela tem que ter essa herança genética,ou ela tem que ficar contando os grãos de arroz que come para depois enfiar uma escova de dente na garganta e botar tudo para fora,ou então,tinha que ter muito controle e não sair aproveitando as promoções malucas que estavam por toda parte.E acreditem em mim é difícil resistir quando você vê "Compre um Big Mac e com mais setenta e cinco centavos leve uma batata frita e um refrigerante tamanho família".Difícil de resistir não é mesmo?

Eu ficava feliz de não ter que trocar fraldas de bebê,pois trocar uma criança que come tanta porcaria é uma experiência de quase morte e pode acreditar até os bebês daqui comem essas besteiras.Um horror!Se eu tivesse que trocar fralda da Mary nunca que deixaria ela comer essas coisas.Mary!Interrompi minha confusão mental ao perceber que a menina não estava mais do meu lado.

-Meu Deus!Cadê a Mary?-Olhei para todos os lados e nada da menina.-Mary?

Au pairOnde histórias criam vida. Descubra agora