Capítulo XVI.

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Mal acabamos de entrar e ele tirou o casaco e foi direto pro banheiro. Meio sem jeito, sentei no sofá e os últimos acontecimentos se embolavam na minha mente. "Ele acabou de perder o pai. Isso é tão triste e... Aí Deus, duas vezes que passo pela mesma situação em apenas uma semana. Será que ele está chorando no banheiro? Será que ele precisa de um abraço? Ou de um beijo... Quer dizer, um beijo amigável. E não um beijo daqueles que eu realmente quero dar... Digo, que ele quer dar. É ele quem quer me beijar e não eu. Até porque não faria sentido nenhum que eu quisesse me beijar. Ah, cala a boca." Levantei e me aproximei da janela, onde dava para ver alguns prédios vizinhos e a rua deserta lá embaixo. Tirei os tênis e fiquei só de meia. Ele saiu do banheiro e vestia uma calça de moletom e estava sem blusa. Seu corpo não era o que as mulheres poderiam chamar de "super-musculoso-mega-atraente-me-beija", mas eu realmente gostava do corpo "alto e magro" que ele possuía.

- Quer tomar banho?

- Hã? - O que ele queria dizer com "tomar banho"? Como assim???

- Você vai dormir aqui, certo?

- Eu vou?

Ele sorriu.

- Achei que fosse.

- Eu não sei.

- Relaxa, eu não vou tirar seus órgãos hoje. Só queria uma companhia.

Balancei a cabeça e ele me jogou uma toalha limpa segundos depois. Entrei no banheiro e - eu sei, isso é idiota - fiquei um tanto sem graça de ter que ficar sem roupas ali.

Assim que a água fria tocou meu corpo eu soube que precisava urgentemente de uma cama. Estava cansada tanto física quanto mentalmente.

Ao terminar, percebi que ele não tinha me entregado nenhuma roupa. Me enrolei na toalha e saí.

Ele estava na cozinha e, quando me viu, levantou as sobrancelhas.

- Deixei uma roupa lá na cama.

- Ah, obrigada - me virei.

- Mas pode trocar aqui, se quiser.

- Hahaha. Não, valeu.

Vesti sua camiseta e um short bastante folgado dele. Voltei para a cozinha e agora ele comia um pão.

- Quer?

- Não. Preciso ligar pro meu pai - fui até as minhas roupas e liguei para ele. - Pai?

- Oi filha. Tudo certo por aí?

- É, acho que sim. Bom, não vou voltar pra casa hoje, ok?

- Tudo bem. Se cuida.

- Ainda está escrevendo?

- Sim e provavelmente nem vou dormir essa noite.

- Nos falamos amanhã então, beijo.

Enquanto nos despedíamos, Léo levantou tirou os farelos da mesa e jogou no lixo; passou por mim e segurou minha mão, puxando-me em direção ao quarto. Meu coração naquela hora batia tão forte que eu cheguei a achar que meu pai pudesse ouvi-lo. Por falar em pai, não prestei atenção em mais nenhuma palavra que ele estava dizendo.

(CONCLUÍDA) Eu, você e meu Guarda-Chuva Vermelho.           Onde histórias criam vida. Descubra agora