Eu já li num livro que a dor precisa ser sentida.
Acho que segui à risca o que essa frase queria dizer.
A semana após a morte do Leonardo foi desgraçadamente terrível. Eu não entendia o porquê, mas simplesmente não conseguia super o fato de que ele havia partido. Eu não conseguia esquecer e pensar o tempo todo naquilo me deixou abalada.
Tudo o que eu mais queria era me trancar no quarto, vestir um pijama de moletom, comer salgadinhos e chorar até não haver mais líquidos em meu corpo.
Mas eu tinha de trabalhar.
Infelizmente (ou seria felizmente?!) Léo não apareceu no trabalho naquela semana. Eu não estaria preparada psicologicamente para falar com ele, de toda forma, mas o fato de não vê-lo me deixou um tanto preocupada.
Uma semana e alguns dias depois, numa sexta-feira após o expediente, eu volto pra casa com o mesmo ânimo dos outros dias. Subo os degraus de madeira da varanda, tiro a chave do bolso e abro a porta.
Uma puta de uma supresa me aguardava.
Crystal estava sentada no sofá, com a Lily no colo. Encostado na parede oposta, estava meu pai, claramente tão assustado e surpreso quanto eu.
- Lia! - gritou a garotinha, pulando do colo da mãe e vindo em minha direção. Eu a abracei, mesmo estando surpresa demais para pensar. Ou falar. - Eu estava com taaaaaanta saudade de você!!! - ela disse, mesmo que só tivéssemos nos visto umas duas vezes.
- Hum... - tentei falar. - Oi, Lily - ela se afastou de mim e eu olhei para Crystal.
- Oi Lia.
- Oi - disse. - o que você tá fazendo aqui? - ok, não era pra soar tão seco. Tossi.
Ela riu.
- Você sumiu e a Lily queria muito te ver.
- E por isso você achou que devia vir aqui?
Meu pai encolheu os ombros, enquanto Crystal levantou-se do sofá.
- Eu também acho que está mais que na hora de termos uma conversa. Nós três.
Minha cabeça doía bastante e eu quis bater nela. Eu não sabia porquê, mas quis.
- Não sei se quero ter uma conversa.
- Lia... - a voz do meu pai era meio engasgada, como se segurasse o choro. - Vamos escutar o que a sua mãe tem pra dizer e... Eu acho que você também precisa me dizer algo, não acha?
Engoli em seco. Aquela era uma situação que eu definitivamente não queria estar passando. Eu sei que uma hora ou outra eu teria de contar ao meu pai sobre toda aquela loucura de ter reecontrado a Crystal em San Diego, mas eu não pretendia que as coisas acontecessem daquele jeito; ainda mais com tudo o que eu estava sentindo.
- Eu e a Crystal nos encontramos em San Diego - falei de uma vez só, um tantinho aliviada por me livrar daquela mentira. Ou seria uma verdade velada? Enfim... - ela meio que construiu uma nova família lá e... Ah, eu tenho uma irmãzinha.
- Somos irmãs, Lia? - perguntou Lily, como se nada de estranho estivesse acontecendo.
Sem resposta, virei o rosto para a Crystal, que se agachou ao lado da Lily e disse:
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(CONCLUÍDA) Eu, você e meu Guarda-Chuva Vermelho.
Romance"Uma vida pode ter milhares de finais. Finais bons, finais ruins, não importa. A maioria das coisas sempre chega ao fim. Sim, eu disse a maioria porque nem tudo na vida termina. Existem amores eternos, assim como existem amizades que duram uma etern...