Capítulo LXVII - Fim.

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- Tem certeza que você ouviu direito? - perguntei, assustada.

- É, ela disse que se chama Lilá... Porquê?

- Ela... Foi ela que matou o Leonardo. Era pra ela estar em algum tipo de sanatório, sei lá.

Léo levou uma das mãos à boca e arqueou as sobrancelhas.

- E o que você vai fazer?

- Eu vou lá - como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo, escolhi uma roupa e me troquei na frente dele mesmo. - Não faça nenhum comentário idiota, por favor - falei e ele segurou a risada.

Saí do quarto e ele foi logo atrás de mim.

Quando chegamos à sala, Lilá não estava lá e a porta se encontrava aberta.

Trocamos olhares nervosos e Léo abriu a boca para dizer alguma coisa, quando foi interrompido pelo som psicótico da risada da Lilá.

Nos viramos ao mesmo tempo e a avistamos encostada na porta que dava para o corredor em direção à cozinha. Seus braços estavam escondidos atrás do corpo e eu percebi que ela tinha uma aparência terrível.

- O que você tá fazendo aqui? - perguntei, nervosa. Ela tornou a sorrir.

- Não é óbvio? Eu vim ver você...

- Você deveria estar presa, sua maluca.

- Ah, mas eu estava... Eles eram muito ruins comigo - Lilá fez um biquinho muito teatral. - me davam remédios que me faziam ver coisas que não existiam e... Ah, vamos pular para a parte emocionante! Eu fugi de lá, só pra te ver, sabia?! É, aquele lugar não era pra mim... Cheio de gente doida e... Eca. Eu não sou doida, sou?

Assenti.

- Você precisa de tratamentos, Lilá. O que você fez não foi nem um pouco certo.

- E o que eu fiz? - ela indagou, inclinado a cabeça para o lado, cínica.

- Você matou uma pessoa. Você... Você... - minha garganta se fechou. Lembrar da morte dele ainda era muito difícil pra mim, apesar de todo o tempo que havia passado.

- Ooh, você não consegue falar?! Não consegue falar que eu matei o grande e impossível amor da sua vida? - o jeito como ela falava... Era como se o Coringa tivesse encarnado nela. - Não consegue dizer que eu tirei de você a única pessoa que você amou durante Boa parte da sua vida?

Involuntariamente, uma lágrima escorreu pelo meu rosto e fechei as duas mãos em punho. Eu não ia deixar aquela vadia falar tudo aquilo.

Dei um passo em sua direção, ao mesmo tempo que ela levou as mãos para a frente do corpo, deixando à mostra uma faca que ela havia pegado na cozinha.

- O que você pretende fazer, queridinha? - parei. Léo segurou meu braço e só então ela pareceu perceber a presença dele ali. - Hum... E você deve ser o outro. Lia, querida, é impressão minha ou você tem um grande... Hum... Como eu posso chamar? Fetiche? É, acho que fetiche se encaixa perfeitamente... Um grande fetiche por Leonardos? - ela passou o dedo indicador na lâmina da faca, enquanto a olhava fixamente, e sorriu. Eu não queria admitir para mim mesma, mas aquilo me dava medo.

(CONCLUÍDA) Eu, você e meu Guarda-Chuva Vermelho.           Onde histórias criam vida. Descubra agora