LXV - BÔNUS 2 - Leonardo

41 11 0
                                    

Minha mente oscila e eu não consigo me concentrar num só pensamento. Não sei onde estou, nem como estou. Meu corpo todo dói e eu finalmente entendo o que as pessoas inconscientes sentem.

Aos poucos meus pensamentos se tornam mais claros. Abro os olhos aos poucos e ela é a primeira coisa que vejo.

Está sentada na poltrona ao meu lado e tem os olhos fechados; seus cabelos cacheados estão meio bagunçados e aquilo só a deixa ainda mais linda. Ela odeia elogios, mas é impossível não querer elogia-la.

Lia abre os olhos e sorri para mim. Eu gostaria de sorrir para ela, mas há uma máscara de oxigênio em meu rosto, então permaneço a observando.

- Oi - ela diz com a voz baixa. - Vai ficar tudo bem. Eu sei disso.

Eu sei que sua tentativa é de me fazer acreditar que ficarei bem, mas sinto que há algo de errado dentro de mim.

Preciso contar à ela. Dizer que a amo. Mesmo que as coisas não sejam como eu esperava que fosse.

Faço um esforço e tiro a máscara. Finalmente posso sorrir para ela. Minha respiração se torna pesada, mas eu não vou voltar atrás.

- Ontem você... Me perguntou... Se eu te amo... - faço uma pausa para respirar fundo. - Eu te amo sim, Lia... Eu achava que não, mas percebi que você foi um anjo que... entrou na minha vida pra... Pra me mostrar como é bom amar... - os olhos dela marejam. - obrigado por... Por isso.

Uma lágrima escolheu-lhe o rosto e tocou minha mão.

- Não chore... - começo a falar, mas sou impedido por uma tosse repentina. Sinto o gosto metálico de sangue na minha boca.

Ela quer chamar a enfermeira, mas eu a seguro e digo que não tem mais jeito. Realmente não tem. Eu sinto isso em meus ossos.

- Tem sim - ela diz e corre para fora do quarto. Minha respiração fica ainda mais pesada; o ar dentro dos meus pulsões se tornam quase escassos. Fecho os olhos e segundos depois a escuto me chamar.

A enfermeira entra e saí do quarto no mesmo instante e meus sentidos se tornam embaçados.

- Eu preciso dizer... - falo. - foi muito bom conhecer você - ela diz alguma coisa e entendo apenas uma frase: "Vai ficar tudo bem". - Eu sei que vai... - quero olha-lá para sempre, mas já não existem mais forças dentro de mim. Fecho os olhos e, sentindo que seria minha última palavra para ela, digo: - adeus.

Sinto a vida se esvair dos meus pulmões. É uma sensação estranha, como se minha alma deixasse meu corpo aos poucos.

Me sinto leve e eu sei que já não pertenço mais ao mesmo mundo que a Lia. É horrível deixá-la, mas não há nada que eu posso fazer. Como pude ser tão estúpido durante todo esse tempo? A mulher da minha vida sempre me amou, mas eu fui cego demais para perceber. Sou acometido por um último sentimento. O arrependimento.

No fim das contas, eu percebo, ela entrou na minha vida apenas para me ensinar a amar. E eu aprendi.
Foi um capítulo bem pequeno, eu sei, mas é porque foi só um bônus mesmo pra vocês saberem que o Leonardo não era um completo filho da mãe. Ele tinha boas intenções com a Lia. Tinha.
Enfim... Espero que estejam gostando 💙

(CONCLUÍDA) Eu, você e meu Guarda-Chuva Vermelho.           Onde histórias criam vida. Descubra agora