Capítulo XXIII

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Droga, eu tinha me esquecido completamente daquilo.

- Hum...- respondi meio que sem saber o que dizer em seguida.

- O que você esperava que ele respondesse? - ESSA É UMA BOA PERGUNTA, MINHA FILHA. - Que também tem sonhos amorosos com você? Que está apaixonado?

Respirei fundo e olhei para ela. Tinha os olhos muito azuis.

- Não são sonhos amorosos. São apenas sonhos. E eu não estou apaixonada por ele. Nem um pouco, ok?

- Você espera que eu acredite nisso?

- Sinceramente, eu estou me lixando pro que você acredita.

- Ótimo. Admiro isso nas pessoas. Mas eu preciso te dizer uma coisa, querida. Não mexa comigo. Ou com o meu namorado.

- Isso é uma ameaça?

- Entenda como quiser.

VADIA.

Algo dentro de mim coçou para meter a mão na cara dela mas: 1) eu provavelmente perderia se partissemos pra porrada. 2) eu não queria estragar a viagem.

Revirei os olhos e tornei a virar o rosto para a janela, onde tudo o que eu conseguia ver eram fofas nuvens branquinhas.

Leonardo voltou do banheiro e tornou a sentar entre nós duas.

Lilá não voltou a falar sobre suas malditas sobrancelhas esquisitas.

Três horas de vôo depois, Lilá começou a literalmente roncar e Leonardo me cutucou com o cotovelo. Olhei para ele, que tirou o livro da minha mãe de dentro do casaco e o abriu.

- Que foi? - perguntei.

De lá, ele tirou um papel dobrado e o desdobrou. Era o desenho da minha mãe. Aquele da praia.

- Olha isso - me entregou o desenho.

- Já vi, lembra?

- Olha o verso.

Virei a página e foi impossível não ficar meio surpresa com o que li.

San Diego - Pacific Beach.

QUE DIABOS ISSO SIGNIFICA?

- E daí? - tentei parece indiferente com aquilo.

- É para onde estamos indo. Não é lindo? - ele pegou o desenho de volta e o guardou. Eu balancei a cabeça. - o que aconteceu, ein? Por que eu sempre sinto que você tem algo contra esses livros?

- Não é contra os livros. Os livros nunca me fizeram nada. Não quero falar sobre isso.

- Certo - ele ligou a televisão embutida na poltrona da frente e selecionou um filme para assistir. Forrest Gump. Colocou o fone e me olhou. - quer dividir?

- Não precisa. Já assisti esse filme o número suficiente de vezes para não precisar mais ouvir para saber as falas.

- Você gosta de Forrest?

(CONCLUÍDA) Eu, você e meu Guarda-Chuva Vermelho.           Onde histórias criam vida. Descubra agora