Era domingo de manhã e eu não saía do quarto há dois dias. Assim que contei ao meu pai o que havia acontecido, ele insistiu para que eu voltasse para casa e tomasse muito cuidado com "a louca-psicótica do quarto ao lado". Eu disse à ele que não estragaria a minha viagem por causa dela, mas foi exatamente o que eu fiz. Até aquele momento.
Meu pai também insistiu em querer saber se a voz que ele tinha escutado era a da Crystal, mas eu mandei ele relaxar e disse que não havia sido ela coisa nenhuma.
Mentira, mas ele não precisava saber.Estava sentada de pernas cruzadas na cadeira da varanda lendo tranquilamente, até que um "psiu" tirou minha concentração e me fez inclinar a cabeça para o lado e ver Leonardo na outra varanda. Aquilo significava que ele ainda estava com a Lilá.
Voltei a baixar a cabeça para o livro, ignorando-o.
- Lia...
Balancei a perna para demonstrar que não estava interessada. Àquela altura eu já não prestava atenção em absolutamente nada do livro
- Lia, eu queria te pedir desculpa - soltei uma risada que lembrava muito um soluço. - Lia, por favor, olha pra mim.
Levantei a cabeça e virei o rosto para ele. Seu cenho estava franzido e os lábios, comprimidos.
- O que você quer?
- Saber por que você está brava comigo.
- Não interessa. Volta lá pra sua namorada...
EU JURO PELA MINHA DIGNIDADE QUE EU ESPEREI ELE DIZER: ELA NÃO É MAIS MINHA NAMORADA, MAS ELE NÃO DISSE.
- Deixa disso - falou.
Revirei os olhos e levantei.
- Vou entrar.
- Lia, é sério isso? Você vai voltar a ficar assim comigo? Achei que éramos amigos.
Dei uma risada que soou mais desesperada que sarcástica.
- Leonardo, você esperou dois dias... DOIS DIAS... pra vir falar comigo. Você acha mesmo que eu te considero um amigo? Se você fosse meu amigo, depois de tudo o que eu passei essa semana, viria aqui de hora em hora perguntar como eu estou, mas você não fez isso. Sabe porquê? - respirei fundo e disse, muito calmamente: - Porquê você continua sendo o babaca que eu sempre achei que fosse.
Ele não disse nada. E eu quis muito que ele dissesse. Entrei no quarto e fechei a porta de vidro.
"Merda. Droga. Porra" xinguei. Me joguei na cama e fiquei encarando o teto por tanto tempo que acabei adormecendo.
'Ele estava de pé ao lado de uma árvore. Estávamos num parque bastante movimentado e parecido com o Central Park.
- Olá? - chamei, mas ele continuou de costas para mim. Sua cabeça estava inclinada para cima e eu imaginei que ele observasse um ninho de passarinhos. - Leonardo?
Ele cruzou os braços. Caminhei em sua direção, pisando nas folhas secas e amareladas da árvore e toquei seu ombro. Ele estremeceu e eu recuei.
- Não - murmurou.
- Não? - indaguei.
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(CONCLUÍDA) Eu, você e meu Guarda-Chuva Vermelho.
Romance"Uma vida pode ter milhares de finais. Finais bons, finais ruins, não importa. A maioria das coisas sempre chega ao fim. Sim, eu disse a maioria porque nem tudo na vida termina. Existem amores eternos, assim como existem amizades que duram uma etern...