Prendi a respiração ao ouvir o que ele havia acabado de dizer. Primeiro porque eu não esperava por aquilo nem em, tipo, um milhão de anos. Segundo porque ninguém nunca me chamara para um encontro de verdade em toda a minha vida e eu não sabia como reagir àquilo. Terceiro porque eu não esperava que as coisas entre nós se desenrolasse tão rápido; quer dizer, há dois dias eu nem me lembrava da existência dele e de repente BUM ele está sentado na minha cama, segurando minha mão e me chamando para um encontro de verdade.
- Hum... - encarava o carpete azul, sem nenhuma coragem de virar o rosto para ele. Sua mão quente apertava a minha e eu sentia um formigamento na barriga. - por quê? - perguntei, meio desconcertada. Tinha que ter um motivo para ele querer aquilo. Será que aquela parada dos órgãos era mesmo verdade?
Ele riu.
- Eu não sei. Só fiquei com vontade de sair com você. A gente podia ir no cinema e ver um filme do Chaplin e depois tomar um sorvete.
- Isso foi meio clichê - comentei, fazendo de tudo para fugir daquela resposta que eu não queria dar.
- Clichês às vezes são legais.
- Quase nunca.
- Você vai me responder ou não?
- Talvez. Talvez eu aceite ir à esse encontro com você, mas só se você fizer uma coisa muito legal por mim.
- Tipo dar a vida por você, ou alguma coisa do gênero?
- Não é pra tanto. Apenas uma coisa simbólica.
Ele balançou a cabeça e levantou, ainda segurando minha mão.
- Desafio aceito. Vamos jantar.
- É, eu tô com tanta fome que poderia te comer agora mesmo.
- Isso foi estranho.
- Eu sei.
Todos já jantavam quando nos sentamos e Sammy me lançou um olhar meio: eu-sei-o-que-você-estava-fazendo-safada e eu não consegui prender o riso.
Eu e Léo nos sentamos de frente para Sammy e Mark, que se serviam. Léo fez o mesmo e eu observei meu pai, rindo e conversando com um antigo amigo que não conhecia (na verdade não conhecia nenhum dos seus amigos, já que a minha mãe detestava todos eles e ninguém nunca ia lá em casa). Fazia anos que não recebíamos tanta gente e aquilo era uma grande evolução nos níveis do meu pai.
- Vai querer frango? - Léo perguntou e eu assenti.
Minutos depois, estávamos todos comendo e bebendo à vontade.
O jantar chegou ao fim quase uma hora depois e, enquanto algumas pessoas foram embora, outras voltaram para a sala com meu pai.
- Sammy, você já vai? - perguntei à ele enquanto nós quatro jogávamos conversa fora.
- É, vou aproveitar a carona do Mark. Amanhã preciso levantar cedo pra ajudar minha avó com umas coisas... Aquela velha cada dia que passa me arranjar mais coisa pra fazer! Estou pensando seriamente em entrar pro mundo da prostituição e sair de casa...
Leonardo riu e quase se engasgou com o vinho que tomava.
Sammy deu uma risadinha e se virou.
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(CONCLUÍDA) Eu, você e meu Guarda-Chuva Vermelho.
Romance"Uma vida pode ter milhares de finais. Finais bons, finais ruins, não importa. A maioria das coisas sempre chega ao fim. Sim, eu disse a maioria porque nem tudo na vida termina. Existem amores eternos, assim como existem amizades que duram uma etern...