Capítulo LII

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Léo se afastou para que eu pudesse ver Leonardo atrás dele; ele tinha uma aparência séria, mas seus olhos já não eram mais tristes como antes.

- Oi - falei, sentindo meu coração alternar entre bater muito rápido e parar de bater.

- Estou atrapalhando alguma coisa?

- Está - foi Léo quem respondeu; ele não gostava nem um pouquinho do Leonardo e não fazia questão de esconder. - essa é a nossa pausa, então a gente meio que precisa voltar lá pra dentro.

- Não sabia que você agora tinha um marido, Lia - disse Leonardo, com um tom que transbordava sarcasmo. Me arrisquei em lançar um olhar rápido pro Léo, e ele havia comprimido os lábios de um jeito que parecia querer esmaga-los.

- Como você soube que eu estaria aqui? - perguntei, tentando mudar o rumo da conversa.

- Fui em sua casa e disse pro seu pai que precisava falar com você... Aí ele me deu o endereço daqui.

- Ah, ok. O que foi?

Leonardo, sem disfarçar nem um pouquinho, lançou um olhar pro Léo e disse:

- Quero falar à sós com a Lia, ela pode ou você não vai deixar?

Léo esboçou um ar de sorriso, deu um passo para frente, de modo a ficar há alguns centímetros de Leonardo, e disse:

- Nem pense em tocar nela.

Boquiaberta, eu levantei as sobrancelhas; eles simplesmente agiam como se eu não estivesse ali, ou como se eu fosse uma criança de três anos.

- Olha, eu não sei se vocês perceberam, mas eu ainda estou aqui e eu sei me cuidar muito bem. Léo, daqui a pouco eu entro.

Totalmente provocativo, Léo se aproximou de mim, tocou meu queixo e me beijou nos lábios.

Ele saiu e eu à sós fiquei com Leonardo.

- Pronto, agora você já pode falar...

- Ele é seu namorado? - perguntou, claramente ignorando o que eu havia acabado de dizer.

- Isso importa? Você tem namorada e agora vai ter um filho.

- Não, eu não vou mais - "O QUE ELE QUER DIZER COM ISSO?" - ontem a Lilá sofreu um aborto espontâneo.

- Ela deve ter ficado muito triste, já que esse bebê era a única garantia que ela tinha de que você não a deixaria.

- Você tem razão... É por isso que eu vim te procurar.

"Quê?!"

- Não entendi - cruzei os braços e o olhei nos olhos.

- Eu vim procurar você pra saber se estaria disposta em tentar algo comigo, mas pelo visto eu cheguei tarde demais.

VELHO... EU NÃO TENHO PALAVRAS PRA DESCREVER O QUE EU SENTI NAQUELE MOMENTO.

- Você só pode estar brincando comigo - falei, rindo.

- Por que?

- Você acha mesmo, que depois de todo esse tempo, eu aceitaria ficar com você, claramente sendo sua segunda opção?... - uma pontada de raiva surgiu dentro de mim e eu quis bater no rosto dele com força. - Tudo o que eu fiz em 70% da minha vida foi amar você da forma mais sincera que uma pessoa pode amar a outra, e o que eu recebi? Rejeição, afastamento, mais rejeição, ameaças de namorada maluca e despedidas. Apesar de tudo o que eu senti... E talvez ainda sinta por você, chega uma hora que a pessoa cansa de ser tratada dessa forma.

(CONCLUÍDA) Eu, você e meu Guarda-Chuva Vermelho.           Onde histórias criam vida. Descubra agora