Capítulo XXIX

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Estávamos de volta ao hotel às seis da tarde, logo após o pôr do sol.

Entramos no elevador por onde havíamos saído horas mais cedo e ele disse, assim que a porta fechou:

- Gostei muito de ter saído com você hoje.

Cruzei os braços e olhei para meus pés. Ok, se eu dissesse que ouvi aquela frase numa boa, estaria mentindo descaradamente.

- Hum... Eu tambem - admiti.

- Espero que você não tenha mais nenhum ressentimento.

- Eu também.

- Amigos? - ele abriu os braços e, enquanto eu dava o primeiro passo, percebi que aquela seria a primeira vez que eu o abraçava em toda a minha vida. Entrelacei meus braços ao redor da sua cintura e senti um forte cheiro salgado, apesar do banho que ele havia tomado.

- Amigos - murmurei. Ele entrelaçou os braços ao redor dos meus ombros e eu senti uma coisa dentro de mim que eu quis mais que tudo esconder.

A porta do elevador abriu.

- Que cena linda! - era a voz daquela vadia.

Nos afastamos rapidamente e eu confesso que aquela foi uma das cenas mais embaraçosas da minha existência.

Lilá nos encarava com o cenho franzido e as mãos na cintura.

- Oi - Eu disse e ainda me arrisquei em dar um tchauzinho. A porta do elevador começou a fechar e Leonardo levantou o braço para impedir. - Acho que eu vou pro meu quarto.

- Lilá, não estávamos fazendo nada de errado, ok? - ele foi o primeiro a sair. - só fomos dar uma volta e conversar.

Eu aposto a minha vida que ela sentia uma raiva descomunal tanto de mim quanto dele, mas engoliu tudo aquilo para fazer o que faria a seguir. Ficou na ponta dos pés e o beijou de um jeito quase obsceno.

Entortei o nariz e saí de perto dos dois.

Entrei no quarto e bati a porta.

Antes que pudesse pensar em alguma coisa, reparei que meu celular em cima da cama tocava.

Fui até ele, que parou de tocar no segundo em que o peguei. Mais de vinte ligações do Léo. Liguei para ele, que atendeu na mesma hora.

- Onde você estava? Você tá bem? O que aconteceu?

- Calma. Eu só saí sem o celular e acabei de chegar.

- Ah - ele pareceu ficar mais aliviado. - estou tentando falar com você há um tempo. Não nos falamos hoje.

- É verdade - respondi. Fechei a cortina da varanda e tirei o short. - Como estão as coisas por aí?

- Ah, você sabe; Nova York, calor dos infernos, céu cinza, gente chata. Mesma coisa de sempre. E por aí?

- Aqui é legal. Também está muito quente, mas é bonito.

- E as fotos?

- Mais tarde eu te mando umas que tirei mais cedo, no zoológico.

(CONCLUÍDA) Eu, você e meu Guarda-Chuva Vermelho.           Onde histórias criam vida. Descubra agora