Capítulo XXIV

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Meu quarto era bem maneiro. Tinha uma cama de solteiro, uma televisão pequena, um banheiro legal e uma geladeira minúscula. Era claro e possuía uma vista excepcional para o mar do outro lado da rua.

Sentei na cama e liguei o celular. Precisava falar com meu pai e com o Sammy antes que um dos dois tivesse um ataque do coração.

- Acabei de chegar - foi a primeira coisa que eu disse assim que meu pai atendeu. - Meu quarto é chiquérrimo e a viagem foi super incrivel - CONTO OU NÃO SOBRE A CRYSTAL? CONTO OU NÃO???? A voz histérica na minha cabeça gritava feito uma desvairada. Eu definitivamente não sabia o que fazer. Acho que eu nunca sabia o que fazer, na verdade.

- Está muito calor aí?

- Mais ou menos.

- E vocês sairão hoje?

- Não faço ideia, pai.

- Espero que você se divirta, minha filha.

- Ok. Nos falamos depois.

Assim que ele desligou eu liguei pro Sammy.

Ele nem esperou chamar a primeira vez e já tinha atendido.

- ME DIZ QUE VOCÊ JÁ ESTÁ NA PRAIA COM DOIS MORENOS SUPER ALTOS TE ABANANDO E DANDO UVA NA SUA BOCA!!!! ME DIZ!!!

Gargalhei muito alto e apoiei o celular entre a orelha e o ombro enquanto abria a minha mala e tirava as roupas dobradas de lá.

- Na verdade, eles acabaram de me trazer pro quarto e estão lá na banheira me esperando para um maravilhoso banho de espuma.

- Aí meu Deus! Você é tão sortuda!!! Que bom que já esqueceu aquele branquelo sem graça.

- Por falar em Leonardo... Você não imagina que também ganhou a viagem.

- Hum... Deixa eu ver... Será que consigo acertar? Leonardo? Espera... Qual deles?

- O dos meus sonhos. Digo, o cara que eu sonho mas que não sinto absolutamente nada.

- Sei.

- E... - respirei muito fundo antes de continuar. Dizer aquilo em voz alta seria como tornar tudo o que eu havia acabado de viver em realidade. Uma realidade dolorosa e imutável. - eu encontrei a minha mãe. Aparentemente, ela mora aqui e é guia turística.

- Uou. E agora?

- E agora nada. Eu vou aproveitar as minhas férias e não dar a mínima pra ela.

- Mas vocês não vão conversar, ou algo assim?

- Conversar o que, Sam? Ela me abandonou. Não tenho o que falar com ela, está bem?

- Mas e toda aquela coisa sobre perdão e tudo mais?

- Eu já a perdoei. Só não quero nunca mais ter que falar com ela.

Terminei de guardar as roupas na cômoda e ouvi alguém bater na porta.

- Espera um segundo - disse ao Sammy. Caminhei até a porta e abri. Era a minha mãe. MAS QUE DIABOS ELA ESTÁ FAZENDO AQUI? Era o que eu queria saber. Com a mão ainda na maçaneta, fiz um movimento rápido para fechar a porta, mas ela a empurrou com as duas mãos. - O que você quer? - perguntei enraivecida.

(CONCLUÍDA) Eu, você e meu Guarda-Chuva Vermelho.           Onde histórias criam vida. Descubra agora