Capítulo LIV

56 12 2
                                    

'Ele estava sentado na Ponte da Pacific Beach, em San Diego; mantinha os olhos fixos no mar e no pôr do sol à nossa frente e eu hesitei em me aproximar.

- Oi Lia - falou sem olhar para trás, como se tivesse sentido a minha presença.

- Oi - me aproximei dele há passos curtos e encostei no muro de proteção da Ponte, onde ele estava sentado.

- O que você está fazendo aqui? - perguntou, ainda olhando para a frente.

- Não sei - respondi com sinceridade.

Com algum esforço, e sem nenhum medo de cair, sentei ao seu lado.

- Achei que você não soubesse nadar.

- E eu realmente não sei. Mas não ligo. Como você está? - virei o rosto para ele, que baixou a cabeça e deu de ombros, meio triste.

- Sei lá.

- Essa não é uma boa reposta.

- É a melhor que eu tenho pra te dar no momento.

- Que droga - murmurei.

Eu sentia uma coisa ruim dentro de mim. Apesar de ser um sonho - sim, pela primeira vez na vida eu sabia que era um sonho - eu tinha medo do que aconteceria a seguir.

Ele segurou minha mão.

- Está preparada?

- Pra quê?

Antes que eu pudesse obter uma resposta, ele pulou. Fechei os olhos e segurei a respiração, aguardando pelo momento em que mergulhariamos.

Não mergulhamos.

Quando abri os olhos, me vi sentada numa mesa no fundo de uma cafeteria. Leonardo estava sentado à minha frente, com as mãos sobre a mesa.

- Como viemos parar aqui?

Ele deu de ombros e balançou a cabeça.

- Quem liga? Nossos pedidos já vão chegar - informou.

Olhei pros lados, meio assustada, e tornei a encara-lo.

- Estranho - murmurei.

- Relaxa e aproveita nosso primeiro e último encontro.

- Como assim? - franzi o cenho.

Ele sorriu. Um verdadeiro e bonito sorriso. Eu não o via sorrir assim há muito tempo. Mesmo que tudo aquilo não passasse de um sonho (e, repetindo, eu sabia que era um) eu gostei de vê-lo sorrir.

- Você sempre cheia de perguntas, não é mesmo?

- Deus me fez assim.

Tudo estava acontecendo muito rápido, e três segundos depois a gente comia ovos e bacon.

Quando ele terminou, levantou a cabeça e encarou a rua através do vidro sujo ao nosso lado.

(CONCLUÍDA) Eu, você e meu Guarda-Chuva Vermelho.           Onde histórias criam vida. Descubra agora