Capítulo LXVI

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Era Dezembro e eu havia acabado de chegar de viagem. É, eu sei, você não deve estar entendendo. Deixe-me explicar:

Depois daquele dia - que a minha mãe voltou para San Diego e eu levei o Léo até a clínica de reabilitação para tratar seu pequeno problema com drogas - me inscrevi para participar de um serviço voluntário... Na Índia.

Precisava de um tempo longe daquilo tudo pra pensar e espairecer as ideias.

Dois dias depois, eu fui chamada para esse serviço e me preparei para a viagem que seria em uma semana. A duração inicial do serviço era de um mês, mas eu acabei me oferencendo pra ficar mais, e mais, e mais... E quando eu vi BUUM! Haviam se passado cinco meses.

E eu tenho que dizer, foi a melhor experiência da minha vida; apesar de não ter as melhores condições sanitárias e finaceiras (exatamente por isso que existia o grupo de serviço voluntário) eu aprendi muito naquele lugar. Com a cultura, a religião e até mesmo as pessoas. Tudo ali era incrivelmente fascinante. Ficamos numa vila muito próxima à cidade, onde armamos um acampamento com barracas e costumávamos chamar de alojamento.

Você deve estar se perguntando: "Mais e o Léo!?". Bom, eu não o contei que estava na Índia até que ele terminasse o tratamento. Não queria que o fato deu estar do outro lado do mundo atrapalhasse em sua recuperação. Mas, assim que ele saiu e me ligou querendo me ver, eu tive que lhe contar onde estava e a reação dele foi mais ou menos assim:

- Ah... Índia! Uau... Nossa, que legal Lia... Isso é... Uau! Como você... Uau! Estou muito... Uau!

É, bastantes "Uau" pra uma pessoa só, eu sei.

Mas até que ele aceitou muito bem.

- Eu realmente quero isso pra mim no momento - eu disse para ele. - espero que você entenda.

- Claro, claro que eu entendo... Quer dizer, eu vou ficar com uma puta saudades de você, do seu beijo, do seu abraço, mas... Acho que posso aguentar apenas trinta dias - nenhum de nós dois tinha ideia de que aqueles trinta dias de tornariam 155. - Eu só espero que você não resolva conhecer nenhum Hindu que toca flauta e faz cobras subirem.

- Esse estereótipo é tão ruim quanto o do Japonês inteligente.

- Ou chinês com pinto pequeno.

E, quando os trinta dias finalmente chegaram ao fim, ele me ligou para saber quando eu voltaria pra casa.

- Hum... Eu... Eu meio que não vou voltar agora.

- Hã? Como assim?

- Eu... Eu vou ficar aqui até dezembro.

Primeiro, silêncio. Depois, ouvi o som da sua risada do outro lado. E só então ele falou:

- Você tá de brincadeira comigo, não tá?

- Não - respondi com o coração apertado. Eu queria vê-lo mais que tudo no mundo, mas aquela era uma oportunidade (permanecer na Índia e ajudar a vida de algumas pessoas) que eu nunca mais teria em toda a minha vida. Precisava agarra-la com unhas e dentes. - me desculpe, Léo. Eu...

- Não precisa se desculpar, Lia. Eu... Eu que fui um idiota.

- Idiota? Não, você não foi um idiota.

(CONCLUÍDA) Eu, você e meu Guarda-Chuva Vermelho.           Onde histórias criam vida. Descubra agora