Capítulo I

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"Oi, eu sei que a gente não se fala há, tipo, muuito tempo, mas faz alguns meses (muitos) que algo estranho vem acontecendo. Eu tenho sonhado com você. Pelo menos duas vezes por semana e umas oito por mês. E, preciso confessar, são os meus melhores sonhos. Eu sei o quanto isso parece estranho, mas... É a pura verdade."

Pensei por quase dez minutos se enviava a mensagem ou não. Me parecia meio louco perturbar alguém que eu não via há uns sete anos e não tinha nenhum tipo de contato apenas para dizer que eu pensava nele enquanto dormia. Mas, na minha cabeça, eu tinha de fazer aquilo. Algo me dizia - algumas vezes até berrava - que eu precisava falar com ele porque - podem rir, eu deixo - ele também pensava em mim de alguma forma. Que forma? Eu não faço ideia.

Enviar.

Ele estava online quando enviei a mensagem e prendi a respiração esperando pela visualização dele. Dois minutos. Dez minutos. Vintes minutos e nada dele visualizar. Que diabos estava acontecendo com ele? Por que não via minha mensagem? Tinha infartado na frente do computador, por acaso? Ficou offline. Que saco.

Desliguei o computador, ainda pensando no sonho da noite passada, e entrei no banheiro para tomar uma ducha rápida.

'Ele me fitava há quase meia hora e aquele olhar, por alguma estranha razão, fazia com que eu me sentisse leve e viva. Levantei e fui até ele, que permaneceu com os olhos em mim e sorriu:

- Oi - foi o que eu disse, mesmo não tendo escutado a minha voz.

- Oi - ele falou e eu imaginei sua voz dentro da minha cabeça. - você gosta de música? Tipo... Bruno Mars?

Ele amava Bruno Mars.

- É, eu gosto sim.'

E, antes que ele pudesse me dizer mais alguma coisa, eu acordei. Era sempre assim. Meus sonhos com ele terminavam da mesma forma que haviam começado. De repente.

- O café está pronto! - gritou meu pai da cozinha. Engraçado que mesmo sendo seu aniversário, ainda assim ele fazia questão de preparar o café.

Vesti um short jeans e uma blusa azul, peguei uma caixinha na escrivaninha e sai do meu quarto. Atravessei o corredor em direção à cozinha e escondi a caixinha nas costas.

- O que você tem aí, garotinha? - ele quis saber, estragando todo o mistério.

- Ahh pai, deixa de ser sem graça! Não é assim que as coisas funcionam. Entenda: as pessoas fingem não ver que é uma surpresa, até outra pessoa lhe dizer que é, de fato, uma surpresa! - Ele abriu a boca e balançou a cabeça. Mas simplesmente não funcionava. Ele não entendia. Não entrava na cabecinha dele.

- Sinto muito ter estragado toda a surpresa super elaborada. Mas... O que você tem aí? - repetiu, rindo e servindo nossos pratos com ovos e bacon.

Dei uma risada de desistência e entreguei a ele a pequena caixa cinza.

- O que tem aqui dentro? - meu pai quis saber, sacudindo a caixa.

- Já experimentou abrir pra saber? - ele riu e abriu. Lá dentro havia um relógio que algumas semanas antes ele me dissera querer muito.

- Como você comprou isso? Ainda nem recebeu seu primeiro salário.

- Vender drogas o ano todo da muito dinheiro, sabia?

- Mas ainda estamos em Junho.

- Você só vai querer saber a parte das drogas, acredite - Eu ri e ele me acompanhou na risada, saindo de trás da bancada e vindo me dar um abraço muito apertado. Ele cheirava a gordura.

- Muito obrigado, filha. Você tem esse poder de tornar as coisas muito melhores. Sem a sua mãe aqui eu...

- Ah, não, pai. De novo com esse assunto não. Ela foi embora e nos deixou. Pronto. Fim de papo, certo?

Ele assentiu e entortou a boca.

- Então vamos comer antes que esfrie.

- É, vamos acabar logo com isso.

- Não fale como se estivéssemos prestes a matar alguém.

- Eu estou prestes a matar minha fome, isso não conta?

Ele ponderou meu argumento e riu.

- Com certeza conta.

- E como vai o livro? - perguntei, dando uma garfada nos ovos.

- Na mesma de antes. Não consigo sair do capítulo em que eles estão parados na sala. Me falta inspiração.

- Por que você não vai dar uma volta? Procura algo novo e divertido pra fazer e sai um pouco da caverna, pai. Isso deve ajudar, com certeza.

- Será?

Balancei a cabeça.

- Você é um ótimo escritor. Já ganhou um belo adiantamento e precisa terminar esse livro até dezembro. Não custa tentar sair um pouco de casa. Faz quanto tempo que não põe a cara pra fora?

- Eu saio de casa.

- Pra pegar jornal não conta.

Ele revirou os olhos.

- Certo, certo, faz um tempinho que não saio de casa mas, você me conhece, eu sou caseiro.

- Eu também sou e saio todos os dias!

- Isso significa que você não é.

- Tá, o que eu quero dizer é: saia de casa, arrume uma namorada e a inspiração vai brotar até de onde não devia.

Ele riu alto e bagunçou meus cabelos muito curtos.

- Ei! Não faz isso! Que horas são? - perguntei, terminando de comer e levando os pratos até a pia.

- Vai dar dez horas.

- Preciso definitivamente sair.

Voltei para o meu quarto, escovei os dentes e, enquanto pegava minha bolsa, olhei para o computador e me senti tentada a liga-lo. "Ele não respondeu" disse uma voz na minha cabeça e eu saí do quarto.

Oii gente, essa é minha primeira história aqui no Wattpad (mas eu já escrevi muitas outras antes, porém descobri esse maravilhoso mundo de histórias apenas esse ano) e desejo de verdade que gostem. Se curtirem, votem e comentem por favor - mas não se sintam obrigados, até porque isso nem de longe é uma prioridade para mim. Só o que eu quero é que, enquanto vocês lêem essa história - pros que gostaram e vão continuar a ler, claro - sintam vontade rir e realmente se divirtam com os personagens que eu "criei" com taaanto carinho... Obrigada por lerem até aqui. ✨✨💙

(CONCLUÍDA) Eu, você e meu Guarda-Chuva Vermelho.           Onde histórias criam vida. Descubra agora