- Você vai levar tudo isso? - perguntou o atendente curioso do caixa. - pra quê?
- Não é da sua conta - respondi. Estava tão nervosa que nem percebi a grosseria. Foda-se. Ajudei ele a empacotar as coisas mais rápido e saí.
Mark - meu primo, pra quem não lembra - me esperava do lado de fora. Usava uma touca preta que combinava com a jaqueta e os tênis.- Comprou tudo?
- É, comprei.
- Olha, isso tem que valer muito a pena. Porque senão...
- Relaxa, vai valer - respondi com mais certeza do que eu realmente tinha.
Andamos apressadamente pela rua principal completamente vazia e chegamos onde queríamos chegar. Ao prédio das nossas futuras vítimas.
Eu e Mark trocamos olhares meio ansiosos e meio apreensivos e subimos os degraus em direção ao portão de ferro entreaberto. Entramos.
Mark se espreitou na frente para verificar o vigilante. Como eu já havia observado, ele tirava um cochilo todos os dias àquele horário, segurando uma revista de jogos infantis.
Sem que ninguém nos parasse e perguntasse nossos nomes, entramos no elevador.
- E aí, por onde começamos? - Mark tinha aquele jeito meio descolado e ultramente heterossexual-machista, mas eu sabia que ele ficava com outros caras. Era provavelmente a coisa que eu mais gostava nele.
Eu tinha insistido por dias para que ele topasse e, quando finalmente topou, eu pulei em seus braços e dei gritinhos de felicidade. Ele me jogou no chão logo em seguida, mas enfim.
- Apartamento 803. Julia Geller.
- O que ela fez?
- Foi a primeira a comentar e fez umas piadinhas muito sem graça sobre mim.
Ele riu e fez uma bola com seu chiclete.
- Que cruel, Liandra. Não sabia que você era assim.
- Eu não sou. Mas me dei uma folga hoje. Às vezes as pessoas ruins precisam pagar pelos seus atos.
- Me lembre de anotar isso quando voltarmos.
A porta abriu e saímos em direção ao corredor escuro. As luzes automáticas se acenderam quando começamos a andar.
Era tarde da noite e todos provavelmente dormiam.
Apontei a porta para ele, que enfiou a mão no bolso e tirou um grampo. Três segundos depois a porta estava aberta.
Eu entrei sozinha e procurei, na ponta dos pés, pelo quarto da Julia.
Ela dormia tranquilamente e tudo estava escuro, mas eu não precisava de luz para fazer o que eu faria.
Liguei o computador dela e entrei em sua conta no Orkut.
Eu odeio você, sua vadia desgraçada. Se você voltar a falar comigo, eu mato a você. E espalho todos os seus segredos mais podres. Não estou de brincadeira.
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(CONCLUÍDA) Eu, você e meu Guarda-Chuva Vermelho.
Romance"Uma vida pode ter milhares de finais. Finais bons, finais ruins, não importa. A maioria das coisas sempre chega ao fim. Sim, eu disse a maioria porque nem tudo na vida termina. Existem amores eternos, assim como existem amizades que duram uma etern...