Capítulo XXXIX - Flash Back.

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- Você vai levar tudo isso? - perguntou o atendente curioso do caixa. - pra quê?

- Não é da sua conta - respondi. Estava tão nervosa que nem percebi a grosseria. Foda-se. Ajudei ele a empacotar as coisas mais rápido e saí.
Mark - meu primo, pra quem não lembra - me esperava do lado de fora. Usava uma touca preta que combinava com a jaqueta e os tênis.

- Comprou tudo?

- É, comprei.

- Olha, isso tem que valer muito a pena. Porque senão...

- Relaxa, vai valer - respondi com mais certeza do que eu realmente tinha.

Andamos apressadamente pela rua principal completamente vazia e chegamos onde queríamos chegar. Ao prédio das nossas futuras vítimas.

Eu e Mark trocamos olhares meio ansiosos e meio apreensivos e subimos os degraus em direção ao portão de ferro entreaberto. Entramos.

Mark se espreitou na frente para verificar o vigilante. Como eu já havia observado, ele tirava um cochilo todos os dias àquele horário, segurando uma revista de jogos infantis.

Sem que ninguém nos parasse e perguntasse nossos nomes, entramos no elevador.

- E aí, por onde começamos? - Mark tinha aquele jeito meio descolado e ultramente heterossexual-machista, mas eu sabia que ele ficava com outros caras. Era provavelmente a coisa que eu mais gostava nele.

Eu tinha insistido por dias para que ele topasse e, quando finalmente topou, eu pulei em seus braços e dei gritinhos de felicidade. Ele me jogou no chão logo em seguida, mas enfim.

- Apartamento 803. Julia Geller.

- O que ela fez?

- Foi a primeira a comentar e fez umas piadinhas muito sem graça sobre mim.

Ele riu e fez uma bola com seu chiclete.

- Que cruel, Liandra. Não sabia que você era assim.

- Eu não sou. Mas me dei uma folga hoje. Às vezes as pessoas ruins precisam pagar pelos seus atos.

- Me lembre de anotar isso quando voltarmos.

A porta abriu e saímos em direção ao corredor escuro. As luzes automáticas se acenderam quando começamos a andar.

Era tarde da noite e todos provavelmente dormiam.

Apontei a porta para ele, que enfiou a mão no bolso e tirou um grampo. Três segundos depois a porta estava aberta.

Eu entrei sozinha e procurei, na ponta dos pés, pelo quarto da Julia.

Ela dormia tranquilamente e tudo estava escuro, mas eu não precisava de luz para fazer o que eu faria.

Liguei o computador dela e entrei em sua conta no Orkut.

Eu odeio você, sua vadia desgraçada. Se você voltar a falar comigo, eu mato a você. E espalho todos os seus segredos mais podres. Não estou de brincadeira.

(CONCLUÍDA) Eu, você e meu Guarda-Chuva Vermelho.           Onde histórias criam vida. Descubra agora