Descia os degraus para fora do avião com um frio na barriga. Eu estava em casa outra vez. Me sentia como um pássaro retornando à sua árvore após o longo tempo que passara longe dela. Nova York era a minha árvore, e eu literalmente voei ansiosamente de volta para ela.
Peguei minhas malas na área de desembarque e fui em direção às escadas rolantes.
No meio da escada eu já podia vê-los e meus olhos se encheram de lágrimas.
Com uma certa curiosidade velada, olhei disfaçadamente para trás e vi que Leonardo estava de mãos dadas à Lilá. "Esses dois se merecem" uma voz amarga na minha cabeça remungou.
A enxotei para bem longe de mim.Fui me aproximando deles e percebi, em meio ao aglomerado de pessoas desesperadas para reecontrarem seus amados, que Léo estava entre eles.
Sammy segurava uma placa que dizia: Seja bem-vinda de volta Caramelo. E eu sorri.
Corri para eles e os abracei.
- Ai meu Deus! Quanta saudade - disse, me afastando do abraço em trio. Olhei pro Sammy que parecia mais emocionado que meu pai e o abracei individualmente. - Que bom que você sobreviveu sem mim.
- Se você tivesse ficado lá por mais dois dias, eu não sei se teria conseguido.
Dei um passo para trás e desviei o olhar pro meu pai.
- Papaizinho - falei com uma voz forçadamente meiga.
- Filhinha.
Nos abraçamos e ele me apertou como sempre fazia.
- Eu amo você, pai.
- Eu também te amo.
Me afastei dele e olhei pro Léo. Ele estava com as mãos enfiadas nos bolsos da calça e seus cabelos negros estavam maiores do que eu me lembrava. A barba continuava por fazer.
- Oi - eu disse. Ele sorriu com o canto dos lábios e me puxou pela cintura. Nos abraçamos. Quis permanecer submersa naquele abraço pelo resto da eternidade. Desejei passar todos os meus dias ali, sobrevivendo apenas da energia que ele emanava ao me tocar. Naquele momento, senti como se ele fosse tudo o que eu precisasse para viver.
- Lia? - abri os olhos e demorei alguns segundos para ligar a voz ao seu verdadeiro dono. AI MEU DEUS O QUE ELE TÁ FAZENDO AQUI? Era Leonardo. Estava bem atrás de mim. Léo me soltou. Virei.
- Oi.
Ele não olhava para mim. Seus olhos estavam fixos no Léo. Eu sabia que os dois se encaravam e minha barriga borbulhou.
- Lilá mandou te entregar isso - ele estendeu a mão com um envelope.
- Hum... E o que é?
Deu de ombros.
- Ela só mandou entregar... Essa é a sua família? - ele perguntou.
Eu sabia o que ele realmente queria saber, mas mesmo assim respondi:
- É.
Olhei pro Sammy e ele tinha um sorrisinho meio sacana nos lábios.
- Oi eu sou o Sammy - disse para Leonardo.
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(CONCLUÍDA) Eu, você e meu Guarda-Chuva Vermelho.
Romansa"Uma vida pode ter milhares de finais. Finais bons, finais ruins, não importa. A maioria das coisas sempre chega ao fim. Sim, eu disse a maioria porque nem tudo na vida termina. Existem amores eternos, assim como existem amizades que duram uma etern...