Capítulo III

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- Lia! - cumprimentou meu gerente. Ele era meio rabugento às vezes, mas me dava café de graça às sextas e eu o adorava por isso. - atrasada outra vez?!

- Ainda preciso me acostumar com os horários. Sinto muito.

- É melhor que se acostume rápido, Lia. Ou alguém pode tomar o seu lugar.

- Eu vou me acostumar - passei para trás do balcão e fui até o vestiário. Troquei de roupa, vesti o avental e joguei minha bolsa no armário.

O movimento no Café ainda era calmo e eu detestava as segundas-feiras pois tinha de trabalhar o dia todo para compensar o fim de semana sem trabalho nenhum.

- Chegue mais uma vez atrasada e você passará a trabalhar o dia todo, todos os dias - ele ameaçou.

- E você passará a me pagar mais - respondi e na mesma hora comprimi os lábios e corri para limpar as primeiras mesas sujas.

- Me vê um café duplo, por favor.

- Hum... Você precisa pedir no balcão.

- Mas eu pedi a eles e disseram que a máquina não está funcionando.

- Então a máquina simplesmente não está funcionando! Não posso fazer nada por isso - respondi, esfregando a mesa à minha frente.

- Oh, entendi.

- Lia! - chamou Angus (meu gerente). - venha aqui.

- Que foi dessa vez? - apoiei os braços no balcão e o encarei. Ele era rechonchudo e tinha as bochechas fofas como se tivessem bolas de algodão dentro delas.

- Ligue para a assistência.

- Pra quê?

- A máquina de café duplo parou de funcionar. Aqui está o número.

Revirei os olhos e peguei o telefone.

- Alô?

- Assistência de máquinas em geral, bom dia. Em que posso ajudar?

- Nossa máquina de café duplo parou de funcionar e precisamos de ajuda.

- Certo, pode me dizer seu endereço, por favor?

Pedi ajuda à Angus porque eu não me lembrava o endereço de cor.

- Enviaremos um assistência ao Caféxpresso em torno de duas horas.

- Obrigada.

- É um prazer ajudar - ela desligou.

Passar a manhã toda repetindo as mesmas coisas foi mais que entediante. Eu quase pedi para morrer.

"Não temos café duplo, sinto muito pelo transtorno."

Na hora do almoço, o Café fechou e todos os funcionários saíram para a comer. Menos eu. Tive de ficar lá e esperar pelo assistente.

Era uma da tarde e nada dele aparecer. Já estava cansada de tanto esperar e morrendo de fome, então decidi que dar um pulo na lanchonete do outro lado da rua não faria mal nenhum.

(CONCLUÍDA) Eu, você e meu Guarda-Chuva Vermelho.           Onde histórias criam vida. Descubra agora