Capítulo LX

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Eu e Lily estávamos sentadas na minha cama, enquanto eu lia o Pequeno Príncipe para ela.

No meio da leitura, fui interrompida pela campainha que começou a tocar repetidas vezes.

- Será que eles esqueceram a chave? - perguntei, levantando da cama e saindo do quarto, indo em direção à sala.

A campainha tornou a tocar insistentemente e eu, quase impaciente, abri a porta.

Para a minha maior surpresa, não eram os meus pais.

Era o Léo. E vê-lo me deixou assustada. Quer dizer, não foi o fato de tê-lo ali que me assustou, mas sim perceber o quanto ele estava diferente.

Fazia mais ou menos duas semanas que eu não o via, e ele já parecia mais magro, pálido e triste. Seus olhos eram rodeados por olheiras muito escuras e profundas.

- Léo? O que aconteceu com você?

- Me ajuda - Ele murmurou, ao mesmo tempo que seu corpo magro se inclinou para a frente e caiu em cima de mim. Nós dois desabamos com tudo no chão.

- Ai meu Deus, Léo. O que aconteceu? - ele ficou imóvel. "Por favor, me diga que você não morreu... Tá, se ele morreu ele não poderia me dizer que não morreu e... Tá, se concentra, Liandra".

Eu não sei dizer de onde tirei forças para levanta-lo e arrasta-lo até o sofá, mas eu sei que consegui.

Inconsciente, ele suava frio e tremia. Toquei seu rosto e estava ardendo em frebre.

- Lia? - era a voz da Lily. Ela provavelmente vinha para a sala e eu não queria de jeito nenhum que ela visse o Léo daquele jeito.

- Oi, querida. Está tudo bem. Pode pegar um pouquinho de água pra mim, por favor?

- Tá - ouvi seus passinhos correrem em direção à cozinha. Contei até três e levantei o Léo desmaiado à minha frente.

"Como ele pesa" resmungou uma voz dentro da minha cabeça.

Praticamente o arrastei até o meu quarto, o coloquei na cama de qualquer jeito e fechei a porta.

- Não quero mais a água, querida. Desculpa - falei ao ouvi-la se aproximar.

- Por que você tá trancada no quarto? - ela perguntou, batendo algumas vezes na porta.

- Fazendo uma coisa importante. Vai assistir TV, vai.

Tudo ficou em silêncio do outro lado da porta e eu soube que ela havia ido para a sala.

Fechei a janela e a cortina do meu quarto e em seguida tirei a blusa do Léo. Ele fedia feito um mendigo que havia passado dias e dias dentro do lixo.

- Léo - murmurei em seu ouvido. - Léo, acorda.

- Hã? - Ele entreabriu os olhos e eu bati algumas vezes em seu rosto. - quê? - falou, acordando de vez. - o que eu tô fazendo aqui?

- Você veio me procurar. O que aconteceu?

Léo encolheu os ombros e desviou seus olhos dos meus.

(CONCLUÍDA) Eu, você e meu Guarda-Chuva Vermelho.           Onde histórias criam vida. Descubra agora