Desci para o jantar às oito. Os outros "sortudos" já comiam em suas mesas e eu não encontrei Leonardo e - graças a Deus - Lilá.
Comi sozinha e em silencio, absorvendo todas as conversas e risadas à minha volta. Me perguntei como todas aquelas pessoas já se conheciam e conversavam tão distraidamente, e lembrei que nem todos eram meio introvertidos como eu.
Terminei meu jantar e voltei para o quarto. Me sentia miseravelmente cansada e fui deitar logo em seguida.
Meu celular tocou e eu, preguiçosamente, me estiquei na cama para apanha-lo em cima do criado mudo.
- Alô? - atendi na mesma hora.
- Como está indo a maravilhosa viagem? - era o Léo. Ele parecia bastante animado.
- Hoje não fiz nada de ultramente incrível. A gente ficou muito cansado por causa da viagem, sabe.
- Ah.
- E a sua mãe? Como ela tá?
- Ela vai sair do hospital amanhã. E, como não quer voltar pra casa por causa de tudo o que aconteceu, ela vem para cá.
- Ah, e o seu pai?
- O que tem ele? Ele morreu. Não teve enterro.
- Vocês por acaso jogaram o corpo dele no Rio Hudson?
- Teria sido mais barato - ele deu risada. Eu achei bizarro. - cremamos o corpo dele e a minha vó ficou com as cinzas.
- Que bom que você já superou.
- É, parece que eu sei superar bastante rápido... - me ajeitei na cama e virei a barriga para cima. O teto era bege e tinha uma teia de aranha no canto. - Mas não vamos falar sobre isso. Você já tirou alguma foto maneira pra me enviar?
- Não. Amanhã eu tiro. Provavelmente.
- E você não me disse qual sua comida favorita.
- Lasanha.
- Nossa, Liandra, que coisa mais clichê!
Dei risada.
- Não tenho culpa se essa é a comida que eu mais gosto. Qual a comida que você mais gosta?
- Tripa de boi - Eu fiz uma careta de nojo
ao mesmo tempo que ele começou a rir do outro lado da ligação. - brincadeira, eu também gosto muito de Lasanha.- Então somos os dois muito clichês.
- Parece que sim. Encontrou alguém conhecido aí?
- Hum... Fora a minha mãe? Encontrei também Leonardo e a namorada chata dele.
- Você encontrou a sua mãe?? E como foi?
- Eu explodi uma bomba nela, nada demais.
- Isso teria sido épico... Você não fez isso mesmo não, né?
- Claro que não! Eu nem tenho uma bomba.
Contei à ele sobre os meus encontros nem um pouco previstos com a minha mãe. Depois, conversamos mais um pouco antes que eu apagasse no meio da nossa ligação.
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(CONCLUÍDA) Eu, você e meu Guarda-Chuva Vermelho.
Romance"Uma vida pode ter milhares de finais. Finais bons, finais ruins, não importa. A maioria das coisas sempre chega ao fim. Sim, eu disse a maioria porque nem tudo na vida termina. Existem amores eternos, assim como existem amizades que duram uma etern...