Capítulo XLVIII

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Quando saímos do hospital, o dia começava a clarear e estava frio.

Entramos no carro, mas eu não dei partida.

- Da última vez que estivemos aqui, a vadia lá dentro quase estragou tudo... - pigarreei, me dando conta da merda que havia dito. - quer dizer... Acho que ela não é vadia, né?

- Olha, o que passou, passou. O que importa agora é o que viveremos... E com quem viveremos.
Depois que ele disse isso, eu virei pra frente.
- É - concordei, ligando o carro. - agora eu vou te levar pra casa, antes que você resolva me agarrar outra vez.

Ele riu, mas não respondeu nada.

Dirigi até o prédio dele sem muita conversa, lançando-lhe olhares rápidos de vez em quando.

Quando estacionei o carro em sua rua, ele pareceu despertar de um cochilo.

- Chegamos - falei.

- Valeu pela carona - disse e tirou o cinto de segurança.

- Não vai me chamar pra subir? - provoquei, rindo.

- Eu não. Quando você quiser fazer isso, você fará.

- Olha só, ele deu pra ser filósofo. Tá tomando aula com Sócrates, por acaso?

- Eu sou a própria reencarnação de Sócrates, querida - disse e tocou meu queixo.

Eu gargalhei de uma forma quase exagerada.

- Tá rindo do que?

- Nada não...

- Ótimo - ele me beijou rápida e suavemente nos lábios e abriu a porta - nos vemos depois.

- Léo? - chamei e ele parou. - aconteceu alguma coisa?

- Como assim?

- Sei lá, você parece meio "coisado".

- Coisado? O que essa palavra significa?

- Muitas coisas, mas no momento ela quer dizer que você parece estranho. Tem alguma coisa te incomodando. Algo que eu fiz?

Ele balançou a cabeça e tornou a sentar no carro.

- Você não fez nada. Eu só quero subir, tomar um banho e dormir. Tô muito cansado.

- Eu subo com você - falei... Espera aí, EU FALEI ISSO? Não é possível. Ele também pareceu não acreditar. Arqueou as sobrancelhas. Repeti: - eu quero subir.

- Tudo bem então - saímos do carro e subimos os degraus para dentro do prédio como se estivéssemos indo para a forca (é exagero, claro).

[...]

Ele abriu a porta do apartamento e eu fui a primeira a entrar. Tirei os chinelos e o casaco, pois começava a ficar quente demais.

Léo tirou os tênis e a jaqueta e foi até a cozinha.

- Quer alguma coisa?

- Não, valeu - respondi e sentei no sofá.

- Vou tomar banho - ele informou, parado à minha frente com um copo d'água. - quer ir também?

(CONCLUÍDA) Eu, você e meu Guarda-Chuva Vermelho.           Onde histórias criam vida. Descubra agora