Capítulo 29 - Segunda Temporada

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LOUIS' POV

Acordei com os olhos ardendo e a cabeça latejando. Muita coisa aconteceu no dia anterior: crianças barulhentas na minha cabeça, a banda anunciando retorno, a Giovanna grávida de novo... Tudo acontecendo rápido demais, como um furacão que passa pelo Haiti sem aviso e deixa para trás apenas seu rastro de destruição, que no caso era minha dor de cabeça.

Tentei abrir os olhos e, embora eu estivesse usando toda a minha coragem e minha força de vontade para aquilo, não consegui. O sol estava batendo em meu rosto e sempre demorei para me adaptar com a claridade de manhã.

- Gaby! - gritei fingindo irritação e correndo atrás dela pela casa. - Volte já aqui!

- Mãe, madrinha, me ajudem! - a garota implorava. - O papai quer me bater!

- Louis, controle-se. - Giovanna pediu, fingindo me passar um sermão.

- Cale a boca porque você faz o mesmo com os seus filhos. - gritei quando passei por elas, correndo atrás da garota.

Ela entrou no quarto e trancou a porta bem quando cheguei na frente do lugar. Ouvi algo deslizando pela madeira e em seguida um soluço de choro, seguido de outro, e outro... Até que percebi que a pessoa que chorava era minha filha.

E naquele momento minha ficha caiu. Que monstro eu estava sendo, fazer uma criança tão pequena, uma garota tão inocente chorar é motivo para apodrecer na cadeia.

Me ajoelhei no chão e comecei a chorar com as mãos apoiadas no rosto. Ouvi a porta se abrir e senti duas mãos super pequenas sobre as minhas, tentando retirá-las do meu rosto. Levantei a cabeça e vi minha filha de joelhos na minha frente, assim como eu.

- Papai... Por que você está chorando?

- Não é nada, filha... eu estou bem - respondi tentando sorrir sem sucesso.

- Não, você não está bem. não precisa ficar triste por me dar bronca, paizinho, você está certo, eu fiz bagunça.

Ela abriu um sorriso e me fez sorrir também. Me surpreendeu com um abraço forte e depois saiu correndo para voltar a brincar.

Ao pensar nessa cena, abri um sorriso involuntário e me esforcei ao máximo para abrir meus olhos. Sem sucesso novamente. Puta que pariu, o que estava acontecendo com os meus olhos? Será que eu morri e não sei disso?

Suspirei alto e tentei passar as mão pelo rosto. Deu certo. Bem, pelo menos não estou morto. Virei meu corpo e esfreguei minha cara no travesseiro, mas minhas palpebras continuavam pesadas. Me virei novamente e xinguei baixinho em todas as linguas que eu sabia falar.

Fiquei alguns minutos pensando na vida enquanto meus olhos faziam cu doce e se recusavam a abrir. Eu pensava na minha filha, nas minhas amigas, nos meus amigos, meus pais, minhas irmãs... tanta coisa se passava pela minha cabeça, tantas lembranças, tantas conversas, tantas coisas que eu não queria nunca esquecer.

Acho que a pior coisa que pode acontecer a alguém é perder a memória. Imaginem só acordar todo dia sem saber quem é a mulher ao seu lado porque você não se lembra que se casou com ela, que teve filhos com ela, que a amou, que sempre a quis.

Tentei abrir os olhos novamente. Deu certo, graças a Deus. Emiti um som indefinido de satisfação e me mexi aos poucos. Olhei para o outro lado da cama, mas não encontrei ninguém ali, ou seja, a Eleanor já estava acordada. Me sentei na beirada da cama e me espreguicei, sentindo cada músculo e osso do meu corpo estralar com os meus movimentos. Me levantei em um pulo e senti minha cabeça rodar. "Ótimo, Louis, você sempre se esquece do que a Giovanna te fala: levantar rápido demais sempre causa tontura". Suspirei e me arrastei até o banheiro. Não sei porque eu estava com essa mania de suspirar o tempo todo, parecia uma garotinha apaixonada.

Quase impossívelOnde histórias criam vida. Descubra agora