Não Interfira

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Estou acostumado com situações estranhas.

Tenho lidado com elas desde que me lembro; desde que passei a me chamar Winchester e ainda mais quando passei a aceitar esse nome como a benção e a maldição que é.

E tem sido assim todos os dias - Do café da manhã ao jantar nós dois lidamos com as coisas mais absurdas, e na melhor das hipóteses até brincando e enchendo a cara nas horas vagas longe do Impala.

Mas dessa vez era bem diferente.

Nunca tínhamos passado por nada igual e para ser honesto... Eu não sabia o que fazer.

Tudo o que eu tinha certeza no momento era que estávamos ferrados - A garota ainda mais. Eu vi o olhar no rosto de Dean; a última vez que o vi tão concentrado e submisso à uma missão foi quando me deixou espancá-lo naquele cemitério diante de Miguel e Lúcifer.

Mas agora era ele quem estava se preparando para bater.

Tentei convencê-lo a esperar; a pensar durante a noite e nos dar a chance de sermos razoáveis pelo menos uma vez na vida.

Eu não queria fazer aquilo.

Depois de tanto tempo eu ainda não tinha me acostumado com a parte em que arruinávamos a vida de outras pessoas pelo "bem maior". Mas parecia que não tínhamos escolha; nem Dean sequer parecia querer outra.

Deixei-o ir para o quarto depois de prometer que não faria nenhuma besteira até que tivéssemos um plano bem pensado.

Ainda que no fundo eu soubesse que já havia um... Absurdo, idiota e ingênuo - Simplesmente dizer a verdade. Toda a verdade de uma só vez e deixá-la decidir. Ele ia me socar se eu dissesse isso em voz alta - Estava muito mais descontrolado agora.

Mas eu queria correr esse risco.

Revirei na cama sem parar a noite toda pensando em como fomos nos meter numa guerra como essa outra vez; olhei para aquela foto umas 30 vezes antes de desistir e guardá-la nas coisas de Dean novamente.

Então, sem conseguir dormir nem por um instante eu decidi não esperar amanhecer.

Por volta das 5 da manhã eu fui até o quarto dele para dizer que não íamos ser os vilões da história; não dessa vez; não com aquela garota.

Aproximei-me devagar e bati na porta de leve.

"Dean? Está acordado?".

Encostei a orelha na porta de madeira e esperei que ele respondesse - Silêncio total.

"Temos que conversar, cara. Está aí?" - Silêncio de novo.

Abri a porta devagar sem saber se ele ainda estava dormindo ou se trocando.

Cama feita. Tudo no lugar. Menos meu irmão.

No mesmo instante fui até a cozinha procurá-lo onde ele normalmente estaria com sua garrafa de whisky - Mas não havia sinal dele por lá também.

Quase que sem perceber eu fui entrando em todos os banheiros, salas e quarto de tiros já que ele estava passando bastante tempo lá ultimamente.

Sem grunhidos ou estrondos.

Comecei a ficar nervoso com o pensamento de que eu sabia exatamente onde ele poderia estar a essa hora. Corri e subi as escadas para a superfície, berrando o nome dele umas 10 vezes até abrir o portão.

Um vendaval frio estava praticamente arrancando as árvores do bosque pela base - Uma tempestade estava vindo.

Olhei em volta tentando me manter firme no chão até  perceber que o Impala não estava mais lá fora.

A Menina Dos WinchesterOnde histórias criam vida. Descubra agora