Caloura

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Um pesadelo.

Um pesadelo de salto alto e batom vermelho.

Era isso que eu via quando me olhava cheia de desconfiança no espelho de canto do meu suposto quarto; uma pessoa desesperada. Mesmo assim ousei me virar e perguntar para Sam com a maior cara de desânimo enquanto mexia no meu cabelo todo ondulado pelo babyliss - "E aí, como é que eu estou?" - Disse apontando para minha roupa incrivelmente curta, como que torcendo para que ele me aconselhasse a vestir outra coisa.

Mas, ao invés disso, ele só ergueu uma sobrancelha e suspirou pela décima vez desde que tinha entrado lá para assistir eu me arrumar; apoiou o queixo no encosto de costas da cadeira feito uma criança e murmurou - "Como se quisesse matar alguém hoje a noite".

Sorri. Tecnicamente eu só ia tentar conseguir informações, mas até que aquilo não era totalmente mentira. Virei para o espelho de novo.

"Tem certeza de que isso é uma boa ideia?" - Ele mudou o rumo da conversa de repente, me encarando pelo meu reflexo - "Porque eu estou sentindo que agora não tenho que me preocupar só com o monstro que fez aquilo no banheiro da universidade, mas também com os moleques veteranos que vão te cercar".

"Tomara. Estou louca para que alguém me provoque o bastante e assim eu possa distribuir uns socos em paz" - Brinquei... Pelo menos em parte. Mas Sam não achou graça; desviou o olhar e encarou os próprios dedos, desconfortável com a situação que eu já entendia bem qual era.

Voltei-me para ele de novo e decretei - "Você sabe que não pode ir comigo".

"Eu sei".

"Você é o professor de história, seria estranho se fosse para uma calourada".

"Eu sei".

"Deixa comigo, Sam. Está tudo sob controle" - Garanti, abrindo as mãos e sorrindo, satisfeita por estar entrando em campo sozinha pela primeira vez desde que tínhamos nos reunido outra vez.

"Controle? Você tem noção de como essa palavra soa ridícula quando você a diz vestida assim? Está na cara que você vai causar confusão hoje, Ninn".

Pensei "espero que sim", mas fiquei de boca fechada. Em vez disso fui até ele e me agachei na sua frente como se estivesse falando com uma criança - "Caramba, vai dar tudo certo, relaxa... Ou só vou para ouvir... Ver... E depois voltar para casa e te contar o que eu ouvi e vi".

"Também não vai beber nada que te oferecerem" - Ele completou.

"Sim, senhor".

"E se acontecer alguma coisa vai me ligar imediatamente".

"Com certeza"

"E se algum imbecil passar mão em você..."

"Eu quebro a mão dele" - Completei, crente que estava abafando; mas na mesma hora ele me lançou um olhar de reprovação, fazendo-me reformular a frase - "Quer dizer... Eu... Chamo o guarda do campus?".

"Não, você me chama" - Disse o Dean, aparecendo na porta de repente, todo arrumado - "E eu quebro a mão dele".

Bufei, me colocando de pé na mesma hora - "Aonde você pensa que vai vestido assim?".

Ele cruzou os braços - "Tirou as palavras da minha boca. Você vai trocar de roupa e eu vou te esperar no carro. Saímos em cinco minutos, pode ser?".

"Não, não pode ser, sua praga" - Fiz uma careta de irritação - "Você não vai para lá e eu não vou trocar de roupa coisa nenhuma".

"Sim, eu vou, e você vai tirar esse vestido vermelho agora".

A Menina Dos WinchesterOnde histórias criam vida. Descubra agora