Encontro

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A biblioteca municipal de Belvedere era exatamente o que eu achava que seria - Um lugar sombrio, duvidoso, vazio... E com uma sessão de ocultismo grande e complexa demais para ser considerada normal. Não que eu não fosse grata por esse detalhe - Na verdade estava era feliz por conseguir ter acesso àquela quantidade de informações na minha longa tarde de pesquisa.

Depois da visão daquele homem na briga da festa, se é que ele realmente era um homem, e depois de definitivamente notar que o comportamento de alguns universitários não era natural, decidi começar a estudar; coletar informações e agir do jeitinho que Sam me mandava fazer toda a vez. Normalmente eu não dava ouvidos, mas... Tinha que admitir... Não fazia a mínima ideia do que estava acontecendo; minha clarividência não funcionava em Belvedere; e agora eu com certeza, por causa de tudo o que tinha visto e experimentado, estava assustada com a situação. Então ler algumas dezenas de livros sobre a cidade não fariam mal.

Cheguei na biblioteca de manhã. E naquele momento já deviam ser umas cinco da tarde.... Passei horas e mais horas lendo um monte de bobagem sobre folclore... E algumas verdades aqui e ali que não chegavam a ser relevantes para o caso.

Meu "professor de história" costumava ser muito melhor naquela típica parte da investigação... Mas ele tinha uma reunião de professores onde tentaria conversar com o sumido reitor da universidade e conseguir algo útil. Logo, no final, tudo o que eu ia conseguir de ajuda seria uma carona para casa. Do Dean. Que é claro... Já estava atrasado.

Para não ficar me mordendo de impaciência decidi fazer um intervalo curto e depois continuar estudando enquanto ele não chegava. Assim, fui dar uma volta na biblioteca para conhecer outras sessões. Pelo tamanho do salão um tour completo levaria outra tarde inteira, então fiquei bastante ocupada e distraída durante a espera. Fui em todas os espaços de leitura e em todos os de informática; passeei por entre as estantes mais novas às mais antigas, das mais altas às reservadas para crianças, até voltar a sessão de ocultismo para continuar e ver se achava mais alguma coisa.

Dessa vez quis ir até o final dela e vasculhar mais a fundo o que eles tinham, já que tempo não me faltava - Era a sessão mais afastada de todas; ficava literalmente nos fundos do prédio onde nenhuma alma circulava há metros de distância. Ia meio que descendo e se inclinando, como se eu realmente estivesse chegando no fim de um túnel. Não só porque era mais escuro que o resto do salão, mas também porque era bem mais silencioso; tudo o que eu ouvia era a minha respiração e meus passos abafados pelo carpete velho.

Caminhei por este longo percurso, até chegar nas últimas estantes, recostadas sobre as paredes dos limites do salão - Era a leitura pesada; o que ia além das curiosidades sobre o obscuro; era ali que ficava a parte séria, estranha e assustadora, do tipo que sequer devia existir em bibliotecas, antes só em edições de colecionadores ou museus. Até mesmo eu, que vivia cercada daquela porcaria todo santo dia, me senti desconfortável. Mesmo assim insisti e entrei na parte mais escondida do lugar para folhear aqueles livros; deixei meu telefone no volume máximo para não perder a ligação de Dean e esqueci que o mundo existia enquanto me debruçava sobre os materiais mais horripilantes que eu já tinha visto, quase tanto quanto na própria biblioteca do bunker.

Fiquei tão concentrada que por alguns minutos realmente esqueci que eu já devia estar em casa e que por isso estava disposta a arrumar briga com aquele demônio sem palavra; esqueci até mesmo de onde estava ou do quanto estava cansada... Entrei num estado de devaneio tão profundo que realmente não me dei conta de quando, de repente, alguém se aproximou por detrás de mim, pôs a mão no meu ombro, e sussurrou perto da minha orelha:

A Menina Dos WinchesterOnde histórias criam vida. Descubra agora